O filme conta com sustos e surpresas que não decepcionaram o mais exigente fã do gênero

Texto: Eduardo Torelli

Foto: Divulgação

Foi um acontecimento: lançado em 2013, Invocação do Mal rapidamente provou ser muito mais do que seu insosso título nacional sugeria – um filminho de terror produzido a toque de caixa e destinado ao consumo rápido na Netflix ou nos canais por assinatura. Inspirado na prestigiada escola das grandes produções do gênero (particularmente nos clássicos O Exorcista, Poltergeist – O Fenômeno e Os Inocentes), a obra do diretor James Wan realmente provocava calafrios na espinha com seus climas de suspense bem construídos, situações inesperadas e atmosfera lúgubre e horripilante.

Contabilizada a vitoriosa bilheteria do filme em todo o mundo, ficou claro que Invocação do Mal ganharia uma sequência – até porque sua trama se baseava vagamente em situações reais vivenciadas por uma dupla famosa de “caça-fantasmas” dos anos 1970, o casal Ed e Lorraine Warren (nas telas, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga). Os Warren ficaram célebres investigando casos paranormais que fizeram muito “barulho” na mídia em seu tempo, e é até estranho que tenha demorado tanto para que o cinema os descobrisse como potenciais protagonistas de uma série do gênero.

NOVOS SUSTOS

Não faltava, portanto, material de pesquisa que desse sustentação a um segundo longa-metragem sobre os personagens (além de manifestações espirituais e possessões demoníacas, o casal investigou até um suposto lobisomem!). O diretor Wan, em colaboração com Carey Hayes, Chad Hayes e David Leslie Johnson, se encarregou de escreveu a continuação, desta vez, tomando por base um dos mais escabrosos casos na carreira dos Warren, ocorrido na Grã-Bretanha e que ficou conhecido como “o Poltergeist de Enfield”.

Temos que tirar o chapéu para os realizadores, que não só conseguiram manter o mesmo padrão de qualidade do longa original em Invocação do Mal 2 como foram muito bem-sucedidos na missão de pregar novos sustos na plateia (sinal de que a equipe se empenhou criativamente no projeto, quando seria muito mais fácil apenas produzir uma “cópia” do filme original). Portanto, se você não assistiu a essa obra-prima do horror no cinema, não deixe de fazê-lo em casa, já que a produção estreia em Blu-ray e em DVD em outubro, pelo selo Warner. O Blu-ray chega com extras que incluem cenas deletadas e as apresentações especiais O Poltergeist de Enfield – Vivendo o Terror e Criando Invocação do Mal 2.

FREIRA DEMONÍACA

No início do filme, vemos o casal Warren tentando elucidar o mistério de uma propriedade supostamente assombrada em Amityville. Ali, durante uma sessão espírita, ambos se deparam pela primeira vez com uma presença fantasmagórica e ameaçadora, que tem o aspecto de uma freira. Lorraine também passa a ter visões terríveis, as quais podem prenunciar o futuro, que voltarão à tona com força total um ano mais tarde, quando os Warren já estiverem trabalhando no caso de Enfield, em Londres.

Dessa vez, as vítimas são os membros da família Hodgson, perseguida por uma força demoníaca que parece se concentrar, principalmente, na menina Janet (acometida por crises de sonambulismo e por sonhos que a põem em contato com um espírito que reclama a posse daquela casa). Em princípio, os Warren atribuem tais ataques psíquicos a um fantasma – Bill Wilkins, antigo morador da propriedade –, mas logo percebem se tratar de um caso bem mais complicado que uma mera “casa assombrada”: Janet dá indícios de estar possuída por um demônio, o que acaba atraindo a Igreja Católica para a investigação. Os Warren ainda descobrirão que existe um elo apavorante entre este caso e o de Amityville (o que coloca suas vidas em sério risco).

Invocação do Mal 2 estreou na programação do Festival de Filmes de Los Angeles em junho deste ano, antes de iniciar uma trajetória de sucesso nos cinemas. A crítica também aprovou o filme, o que ajudou a criar um cenário favorável para a realização de um eventual terceiro capítulo da série. Wan não descarta essa possibilidade, mas sinaliza que, daqui para frente, talvez se dedique mais à produção, delegando a direção propriamente dita a outros cineastas que admira.