CALIBRAGEM É COISA SÉRIA!

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Quando um sistema de home theater é montado, devemos prestar atenção a um detalhe que costuma ser negligenciado pelos instaladores: a calibragem

Por Fernando Ramos

Amigos meus têm me procurado para uma discussão pertinente sobre os sons graves do home theater. Como obter melhores resultados? É realmente necessária a existência de um subwoofer no sistema? E como saberei o melhor local para posicioná-lo?

Para responder a estas questões, precisamos ir mais a fundo no tema e entender como funciona o gerenciamento dos graves nos sistemas de home theater, assim como sua real relação com os subwoofers.

Em equipamentos modernos, chamamos de “gerenciamento de graves” um grupo de circuitos que funciona como um “filtro” dos sinais de áudio. Este separa as frequências baixas das médias e altas, identificando e separando os canais (de forma a tornar o sistema coeso), tornando difícil identificar onde está posicionado o sub na sala e evitando a sobrecarga de frequências em falantes que não são produzidos para receber baixas frequências.

Explicando melhor: quando um sistema de home theater é montado, devemos prestar atenção a um detalhe que, em alguns casos, é negligenciado pelos instaladores: a calibragem. Neste processo, preparamos o receiver ou processador para trabalhar junto com o sistema de caixas, obtendo os melhores resultados.

Quando entramos no menu de regulagem do receiver para calibrar o sistema, o detalhe mais importante é partir do princípio de que os equipamentos devem funcionar exatamente como o projetista pensou. E, para que isso ocorra, o primeiro passo é identificar os tipos de caixas acústicas utilizadas.

No caso das caixas pequenas, especifica-se o equipamento para Small – neste caso, os circuitos do processador cortam as frequências baixas das caixas e, imediatamente, supõe-se que um subwoofer será instalado na sala. No caso das caixas grandes, do tipo torre, deve-se optar por Large; desse modo, o processador “entende” que os filtros para baixas frequências devem ser desativados e, dependendo da qualidade das caixas, é possível não utilizar o sub. Parece simples. Mas muita gente se confunde na hora de projetar – e, no ato da calibragem, os instaladores acabam permitindo que ocorra um “vazamento” das frequências médias e altas e que o sistema funcione de forma irregular, tornando identificável o posicionamento do sub no ambiente.

A grande questão que nos resta discutir diz respeito ao posicionamento do sub na sala. É preciso saber, então, que, cientificamente falando, as baixas frequências se propagam em todas as direções do ambiente. E não havendo vazamentos das freqüências médias e altas, o ouvinte não terá como saber de onde vêm os sons graves, independentemente de onde estiver posicionado o sub.

Concluo que, partindo deste princípio, existam, em uma sala, locais onde definitivamente não devemos colocar os subwoofers. Por exemplo: nos cantos. Estes favorecem altos índices de ressonância, impossibilitando o bom controle dos graves.

Outros péssimos locais para posiciona-los são: dentro de um móvel (erro muito comum; em filmes com cenas de ação mirabolantes, causa vibrações nos demais equipamentos, como o DVD player; e em alguns casos, é impossível acabar de assistir ao filme!); e na parede traseira da sala (devido à menor incidência de baixas frequências em canais traseiros, posicionar o sub neste local pode deixar o áudio pouco natural).

Já que as ações principais de áudio partem das caixas frontais, o ideal é que o sub esteja sempre posicionado junto a elas. Boa diversão!