inteligência ambiental

Prepare-se para uma realidade na qual os espaços físicos irão interagir com as pessoas

Por: José Assunção Rodrigues Junior

Com as transformações que a tecnologia começa a promover em nosso cotidiano, surge uma nova disciplina, que estuda como os ambientes físicos irão interagir com as pessoas: a inteligência ambiental (Aml). O termo surgiu em 1988, pela Philips, para investigar os diferentes cenários de transformação que a tecnologia irá promover nos ambientes, com a evolução dos dispositivos eletrônicos interagindo de forma discreta e responsiva com os usuários em diversos ambientes: residências, locais de trabalho, hospitais, escolas, veículos etc.

A inteligência ambiental é um novo mundo, no qual os ambientes físicos interagem de forma discreta com as pessoas. Esses locais devem estar cientes das necessidades das pessoas, personalizando necessidades e prevendo comportamentos. As pesquisas mais recentes sobre o assunto visam incluir mais inteligência nos ambientes de AmI, permitindo um melhor suporte aos seres humanos e acesso ao conhecimento essencial para tomar as melhores decisões ao interagir com esses lugares. 

Essa abordagem envolve todo o ambiente, incluindo cada objeto físico individual, e o associa à interação humana. Espera-se que a opção de interação estendida e mais intuitiva resulte em maior eficiência, maior criatividade e maior bem-estar para as pessoas.

TECNOLOGIA “INVISÍVEL”

A inteligência ambiental também está relacionada com o termo “ambiente inteligente” (smart environment), que, segundo Mark Weiser, cientista-chefe da Xerox (que cunhou o termo em 1988), é “um mundo físico rica e invisivelmente entrelaçado com sensores, atuadores, displays e elementos computacionais incorporados aos objetos do dia-a-dia e conectado por meio de uma rede contínua”.

O objetivo principal das pesquisas dos ambientes inteligentes é desenvolver a interação do homem com uma tecnologia invisível, ou seja: integrar os dispositivos e sistemas com as ações e comportamentos naturais das pessoas. Não “invisível” como se não pudesse ver, e sim, de uma forma que as pessoas nem percebam que estão dando comandos a um dispositivo eletrônico, mas como se estivessem conversando com alguém. Além disso, a tecnologia será composta por sistemas inteligentes que estarão conectados ou procurando conexão o tempo todo, o que a tornará onipresente.

O primeiro passo para conseguir chegar a essa interação mais fácil ou invisível é a utilização de interfaces naturais, a forma mais primitiva que temos de interagir com algum ser humano, que é a utilização da voz, gestos, presença no ambiente ou até mesmo a movimentação dos olhos, em substituição aos teclados, mouses e outros comandos. O segundo passo seria a geração de uma “tecnologia sensível ao contexto”, a qual permita que os dispositivos possam capturar o contexto automaticamente. O “contexto”, nesse caso, é a presença de uma pessoa no ambiente ou qualquer tipo de movimento corporal, movimentação dos braços, dedos, cabeça, olhos e até movimentos faciais.

Futuramente, os sistemas serão compostos por dispositivos pequenos, baratos e com tecnologia de comunicação com ou sem fios, interligados a centrais de maiores dimensões e grande capacidade de processamento, local ou remoto. Por exemplo, uma casa controlada por inteligência ambiental será capaz de reconhecer um morador e adaptar o ambiente às suas necessidades, tais como: temperatura, luminosidade, entretenimento, monitorar a saúde e avisar, por voz, sobre um compromisso agendado algumas horas antes do evento, automaticamente, com ou sem o comando humano.

MUDANÇAS À VISTA

Um dos principais desafios das pesquisas sobre os ambientes inteligentes é desenvolver novas interfaces baseadas na percepção e nas necessidades dos usuários e em como estes poderão ser habilitados para “programar” seus ambientes inteligentes pessoais, combinando serviços que são fornecidos por dispositivos ao seu redor. 

Essas novas disciplinas devem mudar a forma como pensamos, planejamos e construímos os ambientes para as mais diversas atividades, necessitando de conhecimentos antes nem imaginados, exigindo um esforço multidisciplinar para atingir os melhores resultados e oferecer as facilidades esperadas. Tais pesquisas foram iniciadas no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Desde então, a tecnologia avançou muito e a expectativa passou a ser a de que este cenário se tornasse real até 2020. Vamos aguardar!