Antes da viabilização de uma obra, é imperativo ter à mão um bom projeto; e isto também vale para a automação residencial
Texto: George Wootton
Foto: Divulgação
Ainda são poucos os arquitetos, engenheiros e proprietários que dão valor a um estudo prévio da implementação da automação no projeto de uma residência.
Algumas disciplinas, como elétrica e hidráulica, recebem todo o cuidado e são documentadas e detalhadas, buscando a aprovação dos órgãos competentes. Isto permite que os responsáveis pela construção as entreguem de forma muito próxima do que foi projetado. Além disso, contam com profissionais na obra que têm o conhecimento e a experiência para fazer pequenas correções, adaptações e modificações.
Contudo, em geral, a automação não é considerada uma disciplina, mas um fornecimento opcional. Muitas vezes, ela é discutida e definida apenas na fase de acabamento e conforme a verba final disponível.
DESVANTAGENS
Este comportamento traz uma série de desvantagens ao proprietário. A principal delas, provavelmente, surgirá alguns meses após a obra ser concluída. Por não se ter planejado a automação, esta entra onde for possível, não onde seria benéfica. No começo o proprietário está feliz, pois tem o primeiro contato com uma série de novidades, como: comandar cenários e programar ações de automação como o desligamento dos circuitos de luz externos na hora de dormir. Mas, com o passar do tempo, começa a entender um pouco melhor o conceito de automação e passa a ter ideias para novos usos, só então descobrindo que, sem “aquele” almejado planejamento inicial, tais modificações e expansões serão muito trabalhosas. Resultado: um sentimento de frustração!
A melhor forma de se maximizar os benefícios de um sistema de automação residencial seria considerar a automação como uma das ferramentas disponíveis na concepção da obra, do mesmo jeito que, atualmente, consideramos o aquecimento solar de água e os pisos permeáveis à chuva. Se o arquiteto ou engenheiro já tiver este entendimento da automação, poderá incluir seus benefícios de forma transparente.
AINDA HÁ TEMPO!
Porém, se este momento não foi possível (ou necessário) e a residência já está com sua concepção pronta, ainda há tempo para se fazer um estudo e planejamento da automação. Isto se dá por meio de profissionais disponíveis no mercado, tanto na forma de projetistas quanto de integradores. Os primeiros fazem o estudo e a documentação de implementação, mas não se envolvem com a compra dos materiais, instalação ou posta em marcha. Já os integradores podem fazer o papel dos projetistas e, também, cuidar do fornecimento até a colocação em funcionamento e treinamento dos moradores.
Um fator importante nesta fase de estudo é a entrevista que o projetista deve fazer com quem está concebendo a obra e com as pessoas que irão utilizá-la. É por meio desta entrevista que o projetista terá ideia de como o imóvel será usado, dos perfis dos usuários, dos benefícios desejados e da verba destinada a esta disciplina. Como a automação ainda é uma disciplina nova, o projetista deve, também, “vender” os seus benefícios e apresentar possibilidades, que podem ser desconhecidas para os usuários.
Baseando-se na entrevista, o projetista prepara o estudo e planejamento. Cada projetista pode ter sua forma de trabalho e suas preferências técnicas, mas o que será entregue ao cliente deve ser, minimamente, um conjunto de documentos que incluam: uma descrição funcional do sistema, um estudo das modificações ao projeto elétrico, as interferências nas obras civis, um desenho esquemático do sistema, uma planta de localização de equipamentos, uma lista de materiais sugeridos e preços de referência. Se o cliente solicitou uma implementação por fases, de forma a distribuir os gastos ao longo de um determinado período, o projetista deve, ainda, apresentar o escopo de cada fase e um cronograma.