É indiscutível a necessidade de adequarmos nossas estratégias para as ferramentas sociais.

Junto com a IA, surge uma enorme responsabilidade na criação dos conteúdos consumidos pelas pessoas

Por Eduardo Rezende Fotos Divulgação

Não é de hoje que palavras como “algoritmo”, “big data” e “echo-chamber” tornaram-se pautas importantes no mercado de comunicação e tecnologia. De acordo com uma pesquisa da Comscore, somos o país que mais consome redes sociais na América Latina, com o equivalente a 131,5 milhões de pessoas. Ou seja, é indiscutível a necessidade de adequarmos nossas estratégias para as ferramentas sociais.

Ao passo que se torna uma necessidade, também gera uma preocupação, já que uma pesquisa realizada pelo departamento de Psicologia da Unifesp com adolescentes de 13 a 17 anos revelou que 68% desses adolescentes sofrem de dependência moderada dessas comunidades sociais. Dito isto, e no papel de head de uma agência de comunicação e IA, vejo uma enorme responsabilidade na criação dos conteúdos que esse público consome, e o quanto podemos estar tornando essa geração doente.

PADRÕES DE COMPORTAMENTO

A IA caminha para um cenário onde ela não só entenderá os padrões de comportamento como os algoritmos, como irá prever os comportamentos e desejos, ofertando ainda mais o que já é consumido. Hoje, com os algoritmos, já vivemos em um estado de echo chamber (câmara de eco), isso é, habitamos uma bolha em que só lemos e ouvimos aquilo de que gostamos e com o que concordamos.

Somos influenciados à tomada de decisão, opiniões políticas, compras, moda e muitos outros fatores de nossas vidas. Agora, imagine quando as IAs conseguirem prever aquilo que você vai ter aderência! Como você terá o mínimo de senso crítico, se as únicas informações que chegam são as que a IA entrega?

Para falar a verdade, é inevitável barrarmos essa evolução. Existem formas de moderar esses padrões. Para isso, é importante que as pessoas se eduquem para saber até onde absorver, e nós, responsáveis pela produção desse material, tenhamos consciência do nosso papel na criação e entrega.

Embora tenha exposto esse ponto de vista, profissionalmente falando, esses algoritmos e inteligências artificiais trazem uma grande facilidade e agilidade dentro dos trabalhos desenvolvidos. A economia de tempo é o maior de todos os benefícios. Além do que, quem trabalha no mundo do marketing e da publicidade conseguirá fazer campanhas mais assertivas, sejam elas de conversão ou de branding. Ou seja, é preciso equilíbrio.

PONTO DE ATENÇÃO

Acredito que o principal ponto de atenção deve ser nosso, profissionais da área, aqueles que criam e trabalham desenvolvendo as IAs. É nosso papel respeitar os limites e a privacidade dos usuários da Internet e, também, protegê-los dos perigos que existem.

Por fim, minha dica é: não se informe por redes sociais. Elas são seu tempo de lazer. Se informe por outros meios, mesmo que digitais, e verifique sempre as fontes das informações que chegam até você. Outra dica bem pessoal para os pais e mães, principalmente de crianças mais novas: evitem lhes dar telas. Existem vários estudos indicando o quão prejudicial é a tela em si. Tentem estimulá-las com coisas do mundo real e ensinar a moderação com o mundo virtual.

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