O “quarto de serviço” não perdeu sua importância em tempos atuais.

Muito comum em imóveis das décadas passadas, o bom e velho “quarto de serviço” segue cumprindo uma função importante

Fotos Alexandre Dizaro, Juliana Deeke e Rafael Renzo

Presente na maioria dos imóveis construídos em décadas passadas, o “quarto de serviço” não perdeu sua importância em tempos atuais. Antigamente, esse espaço “coringa” da casa era utilizado para receber funcionários que pernoitavam nas residências onde trabalhavam. Hoje, porém, os especialistas encontram novas e interessantes funções para o cômodo. O arquiteto Raphael Wittmann, da RAWI Arquitetura, é um dos especialistas que têm ressignificado este ambiente com sucesso.

LAYOUTS FLEXÍVEIS

Com o passar dos anos, os antigos quartos de serviço deixaram de ser um elemento obrigatório nas plantas residenciais. À medida que as necessidades dos moradores evoluíram e os estilos de vida se transformaram, esses ambientes, comumente encontrados em imóveis construídos no Brasil desde a década de 1930, passaram a ser repensados nos projetos de reforma.

O pequeno cômodo, tradicionalmente localizado junto à cozinha ou lavanderia, hoje ganha novos encargos, se adaptando ao ritmo contemporâneo das moradias e contribuindo para layouts mais flexíveis, refletindo um novo comportamento de nossa sociedade. Com uma configuração bastante modesta – na maioria das vezes, até desrespeitosas com quem que ali repousava –, sua extinção na arquitetura de interiores tanto é percebida nas reformas das casas e apartamentos datados desse extenso período, como nas plantas atuais.

“Frequentemente pequenos e sem ventilação, essa dependência surgiu em um contexto em que o trabalho doméstico era intensivo e com poucas preocupações com o bem-estar de quem o realizava”, pontua o arquiteto. Com o tempo, alterações sociais e leis trabalhistas trouxeram novas exigências e, gradualmente, essa configuração foi sendo substituída por soluções mais adequadas às demandas do momento.

Wittmann tem explorado maneiras criativas de transformar a dependência em ambientes úteis e modernos. “Entre tantas possibilidades, incorporar essa área ajuda a resolver questões da vida atual como um escritório ou o sonho de um closet”, diz o especialista.

RECONFIGURAÇÃO

A reconfiguração do quarto de serviço oferece uma oportunidade valiosa para agregar outras finalidades às moradas. Em reformas, a área pode ser convertida em novos ambientes ou, por meio de sua eliminação, repensar a planta baixa contribui para o conforto e a fluidez quando a ideia é otimizar e ampliar cômodos como cozinha, lavanderia ou banheiros.

O profissional e sua equipe já converteram esses quartos em closets, alongaram banheiros para incluir banheiras de hidromassagem e até executaram novos dormitórios estrategicamente posicionados. “O primeiro ponto que observamos é se esse cômodo em questão dispõe de alguma interligação com a área íntima ou social para então abrirmos uma porta”, explica.

Entre os projetos que realizou, o profissional reformou um apartamento antigo, de 70m², que ganhou uma suíte e um home office por meio da eliminação do quarto de serviço. “Essa reconfiguração valorizou o imóvel tanto nas aplicabilidades, quanto em valor venal”, revela. O projeto ilustra como esses espaços podem ser reaproveitados de forma inteligente, adequando-se ao estilo de vida atual e maximizando o potencial do imóvel.

DIFERENTES CASOS

Em tempos recentes, o destino do antigo quarto de serviço passou a variar conforme o perfil dos moradores e suas particularidades. Em alguns casos, ele é mantido para incumbências práticas, como despensa, depósito ou extensão da lavanderia. Em outros, é completamente reimaginado. “Vale ressaltar que qualquer intervenção valoriza o imóvel sem nenhum desperdício de área útil”, declara Wittman. Ele acrescenta que não há uma solução única para decidir entre manter ou eliminar o quarto de serviço. “Tudo caminha de acordo com os desejos dos nossos clientes e o potencial dessa área”, analisa.

Há situações em que a necessidade de um espaço exclusivo para funcionários domésticos ainda é relevante. Para esses casos, o arquiteto sugere possibilidades que zelem pela privacidade e a comodidade de todos os habitantes da casa. “Atualmente, a prática é acomodar esses profissionais em quartos adequados, com ventilação e luz natural, ou em áreas próximas ao bebê, idoso ou quem precisa de uma atenção dedicada, de acordo com as atribuições do ofício”, conclui Wittman.