Em sintonia com a crescente demanda por smartphones, a indústria do vidro aposta cada vez mais em inovações
Por Leonardo Zanovello
Um país que tem mais smartphones do que habitantes. Esse é o Brasil atual. De acordo com um levantamento anual da FGV, são 242 milhões de celulares em território nacional. Para se ter uma comparação, temos 214 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE. A mesma pesquisa mostra que, se ainda incluirmos notebooks e tablets, o número salta para 352 milhões de dispositivos.
Paralelamente ao número de aparelhos, há a crescente demanda de uma sociedade 5.0 que aposta cada vez mais em plataformas e recursos online. Um bom exemplo são os serviços por assinatura, como Netflix e Spotify. Um levantamento da Juniper Research, consultoria, indica que esse segmento deve saltar de US$ 64 bilhões em 2020 para US$ 263, em 2025.
NA PALMA DAS MÃOS
Tais informações só reforçam o quanto o cotidiano das pessoas está na palma das mãos, por meio de diversos dispositivos eletrônicos. É por isso que a indústria do vidro, em nível mundial, tem sofrido grandes transformações e apostado cada vez mais em inovações. Tanto no Brasil quanto no mundo, essa é uma indústria em ascensão e, consequentemente, as áreas de pesquisa e desenvolvimento do segmento seguem essa tendência. É complexo citar números generalistas, visto que o mercado de vidros se divide em várias categorias e especificações de acordo com as aplicações, sejam para eletrônicos, automóveis, construção, embalagens etc.
Quando fazemos o recorte para o mundo dos celulares e computadores, não podemos deixar de falar das telas touchscreens. Os modelos que conhecemos hoje (celulares, laptops, smartwatches, máquinas de cartão de crédito, etc) são basicamente um sanduíche com diversas camadas em que, vidros especiais como o Corning Gorilla Glass, compõe a última camada como material principal de proteção para as camadas subsequentes (LCD, camada de eletrodos, sensores, etc).
Além de proteger contra avarias físicas em geral, pode ajudar com características antirreflexo, melhorar os efeitos do brilho da luz solar e até possibilitar o desenvolvimento de produtos dobráveis. Sendo assim, o vidro se torna parte vital para que as grandes marcas inovem nos lançamentos ano a ano.
VIDROS MALEÁVEIS
Um dos grandes desafios do setor é que atualmente este é um mercado totalmente dependente do continente asiático em todas as etapas do processo produtivo, não somente do vidro em si, mas também dos produtos eletrônicos em geral. Além disso, alguns tipos de vidros possuem na composição, insumos concorridos como o elemento lítio, o que encarece o processo.
Quando falamos sobre quais são as principais inovações atuais, ganham destaque os vidros maleáveis para telefones dobráveis, tratamentos que aumentam a resistência contra arranhões e avarias no geral, e novas receitas de composição e tecnologias de têmpera química. Aqui vale um disclaimer: não podemos esquecer que nem mesmo o diamante é inquebrável, portanto, estamos falando aqui de um processo de melhoria contínua que torna o vidro cada vez mais resistente dentro do uso que é feito no dia a dia.
Por fim, se ousarmos fazer um exercício de futurologia, acredito que as grandes apostas da indústria de vidros especiais serão as novas tecnologias que continuam inspirando e ajudando as grandes marcas de dispositivos eletrônicos a trazerem inovações e melhorias nos produtos. Além disso, esse mercado será capaz de disponibilizar e aplicar estas soluções em outros segmentos como arquitetura, design de interiores, automotivo, medicina, entre outros.
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