PMPO OU WRMS: EM QUE ACREDITAR?

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Nem todas as pessoas sabem a diferença entre WRMS e PMPO, e podem acabar sendo enganadas por informações distorcidas na hora da compra. Entenda o que difere uma da outra

Fernando Ramos

Sei que este assunto pode parecer “batido”, mas, por incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda há muitos consumidores de áudio que não sabem diferenciar as medidas de potência em Watts RMS (WRMS) e Watts PMPO. É um caso muito sério e acredito que as autoridades brasileiras já deveriam ter tomado partido nesta questão.

Ocorre que Watts PMPO, na realidade, não existe. A sigla PMPO significa “peak music power output” (em Português: “potência de saída de pico musical”).

Não, eu não estou maluco! Como assim, “não existe”? Acabo de voltar de um grande magazine, onde encontrei um micro system com 2000W PMPO a R$ 200,00. Pois é: pura enganação. Acontece que, mundialmente falando, existem várias formas de se medir potências. E todas elas seguem algum padrão ou norma, que varia de acordo com cada país. Exemplos: RMS, FTC, DIN e IHF.

Note que PMPO não joga neste time! Isto porque, simplesmente, a medida PMPO não possui um critério a ser seguido, isto é: nenhum órgão ou entidade séria pode dizer como se faz para chegar a estas medidas e, literalmente, atestá-la cientificamente. Os próprios fabricantes divergem sobre isto, tanto é que alguns dizem que sua potência PMPO é igual a 2x a RMS e outros rebatem, afirmando que é 5x, 15x etc.

A diferença, em alguns casos, é tão ridícula que chega a ser absurda. Imagine que, com 1500W, somos capazes de sonorizar algumas das mais badaladas casas noturnas. Qualquer pessoa, se parar para pensar no ato da compra, perceberá que esta potência é praticamente impossível de ser alcançada por um micro system!

A sigla RMS significa “root mean square” (em Português, “real valor quadrático”). É a tensão de pico ou máxima de um sinal elétrico dividida pela raiz quadrada de 2. Agora, sim! Pois é: basicamente, a RMS é reconhecida mundialmente por várias entidades e órgãos regulamentadores como a potência real dos equipamentos. Levando isto em conta, é a única medida de potência que devemos considerar ao comprar um equipamento de áudio.

Já que a legislação brasileira não regulamenta a questão, alguns renomados fabricantes usam o Watts PMPO para promover seus produtos, contando com o fato de que os consumidores farão, de cara, a correlação: quanto mais Watts, melhor.

Não caia nessa! Faça suas pesquisas antes de tomar uma decisão – afinal, no Brasil, o papel ainda aceita quase tudo, o que permite que os menos informados sejam enganados.

Creio que as grandes fabricantes de equipamentos de áudio e detentoras dos direitos de marcas que valem milhões não devem se “queimar” passando este tipo de informação, mesmo que produzam equipamentos com baixa potência. Afinal, apenas 1 WRMS em uma câmara anecoica (salas blindadas cujas paredes, teto e chão são cobertos por material absorvente, que elimina as reflexões das ondas mecânicas) já nos proporciona um volume alto. Porém, isto é assunto para as próximas edições. Abrasom!