Como dar continuidade a reforma da casa

Período atual favorece a criatividade e permite organizar com calma a elaboração dos projetos de reformas

Muitas reformas tiveram que ser interrompidas ou proteladas desde o início da quarentena, atendendo à necessidade de isolamento social. No entanto, especialistas do setor de arquitetura afirmam que há maneiras de dar continuidade a esses projetos, mesmo sem as obras acontecerem de fato. O momento atual, por exemplo, pode ser uma ótima oportunidade para organizar com calma todos os aspectos do projeto, o que tornará sua viabilização mais fácil quando as rotinas normais forem restabelecidas.

Paula Passos (sócia de Danielle Marangoni no escritório Dantas & Passos Arquitetura), Patricia Penna (à frente do escritório Patricia Penna Arquitetura) e Mariana Rodrigues (da Arbore Design Interiores) ensinam o caminho das pedras para quem almeja dar continuidade aos trabalhos de arquitetura de interiores nesse período.

Reuniões virtuais promovem o contato entre cliente e profissional

Reuniões virtuais

O primeiro aspecto favorável a essa decisão é que a maioria dos arquitetos está trabalhando em casa durante a quarentena. Assim, é possível fazer reuniões virtuais de briefing ou apresentações de projeto. “O distanciamento físico não impede o acontecimento das reuniões”, diz a arquiteta Patricia Penna. “E o momento é bastante propício para a criação, pois com a impossibilidade de circulação nas ruas e com os trabalhos das obras momentaneamente parados, a oportunidade de desenvolver ideias está muito maior”.

A Arbore Design Interiores tem oferecido a seus clientes serviços de consultoria online com duração de 15 a 20 minutos, dependendo da área executada. O processo é muito simples e oferece bons resultados. “Com o projeto pronto, enviamos um book operacional para o cliente com todos os itens pesquisados e links selecionados em lojas online”, explica Mariana Rodrigues. “O cliente escolhe, clica e compra. Tudo é feito pelo notebook e aplicativos de celular, com o WhatsApp, que facilita a orientação do cliente e, pela câmera, nos permite até acompanhar a medição do espaço”.

Novos ou usados?

Demandam mais atenção os casos de apartamentos que acabam de ser entregues pelas construtoras, cujas infraestruturas são bem básicas. Por demandarem mais atenção e investimento, eles requerem um planejamento mais criterioso. “Inicialmente, todo o planejamento que podemos traçar nesse período está em organizar a realização de tudo que for obra civil, alvenaria, elétrica, hidráulica, ar-condicionado e acabamentos”, afirmam as profissionais da Dantas & Passos Arquitetura. “A parte de móveis podemos deixar para uma segunda fase ou, caso haja orçamento para investir e deixar guardado, muitas lojas e fornecedores tem oferecido preços mais acessíveis e negociações durante esse período”.

No que tange o investimento em imóveis, vale lembrar que as circunstâncias atuais tornaram possível encontrar opções mais em conta do que há poucos meses. Na dúvida sobre apostar em propriedades novas ou usadas, considere que imóveis antigos, em geral, apresentam a planta baixa com ambientes mais amplos, bem como pés-direitos mais altos e vãos de janelas e portas maiores. Mas provavelmente será preciso arcar com uma reforma em seus sistemas de elétrica e hidráulica. “Sem mencionar trocas de revestimentos, instalações hidrossanitárias e aquelas intervenções que já são esperadas no processo”, pontua a arquiteta Patricia Penna.

Já os imóveis novos costumam estar mais preparados para as demandas atuais de elétricas e hidráulicas. Os revestimentos originais podem ser aproveitados no projeto de arquitetura de interiores, bem como as instalações de bacias sanitárias e cubas. “Ao passo que apartamentos novos costumam apresentar um valor mais alto do preço por metro quadrado para a compra, o fato de ser uma obra mais recente pode se traduzir em um volume menor de reformas”, ponderam Danielle e Paula Passos.

Ambientes repaginados

A quarentena também pode ser a época ideal para repensar os ambientes e, mais tarde, reformá-los. A primeira dica da designer de interiores Mariana Rodrigues é trocar os móveis, objetos e adornos de lugar antes de sair comprando novos itens. “Experimente começar pelas almofadas, tapetes e objetos”, ensina a especialista. “Faz uma diferença enorme, acredite! Depois, movimente os móveis de lugar e use-os com outras funções, como um banquinho que pode servir de mesinha de apoio para revistas num cantinho de leitura”.

Além disso, dá para promover grandes mudanças nos ambientes sem gastar uma fortuna. O mercado oferece uma ampla variedade de papeis de parede que podem ser instalados facilmente, sem fazer sujeira ou exigir que os moradores estejam fora do imóvel. Já a iluminação central pode ser trocada por peças com maior apelo. “Investir em iluminação de apoio com peças como abajures, luminárias de parede ou piso é sempre uma ótima solução”, diz Patricia Penna. “Tudo isso propicia a criação de cenas diferentes dentro do mesmo ambiente”. 

É hora de gastar?

As compras durante a quarentena podem ser muito vantajosas, já que os fornecedores têm oferecido bons descontos. Mesmo assim, o orçamento deve ser administrado com responsabilidade.  “Em tempos econômicos mais difíceis, extrapolar pode resultar em faltas que dificilmente serão cobertas lá na frente”, avaliam as sócias do escritório Dantas & Passos Arquitetura. É preciso, assim, organizar o orçamento do projeto para não correr o risco de comprar com “descontos” e, mais tarde, perceber que houve um descontrole no fluxo financeiro. 

Entre outros tantos pontos que permitem verificar de longe, a marcenaria demanda uma atenção diferenciada, já que conferir as medidas, in loco, faz a diferença. Para garantir o preço mais acessível, a arquiteta Patricia Penna recomenda uma estratégia. “Procure fechar os preços por alto, pagando apenas uma entrada. Assim, quando for possível conferir tudo corretamente, os valores podem ser ajustados, mas em uma margem pequena”, diz a especialista.

Já para os que estão em busca de revestimentos, as arquitetas alertam que a procura online pode não ser muito indicada, pois as telas de computador ou celular não retratam de forma fidedigna o tom e a textura dos materiais. “O ideal é que a escolha seja feita depois que os materiais forem previamente vistos e tocados pessoalmente, alerta Patricia Penna. “Tenho acompanhado o trabalho de fornecedores que estão disponibilizando o envio de amostras dos materiais para análise. Sem dúvida, essa é uma solução bastante viável”.

E, é claro: conte sempre com a consultoria de profissionais, o que também é uma forma de não desperdiçar dinheiro. Lembre-se: sem a experiência de quem sabe otimizar os processos, a compra mais “barata” pode resultar em algo que não se encaixa no espaço.