Isabella Nalon explica sobre tomadas e interruptores

Segundo a arquiteta Isabella Nalon, tomadas e interruptores merecem mais atenção na hora de planejar ou reformar uma residência

Fotos Shutterstock.com (por Billion Photos) e Julia Herman

Embora sejam essenciais em uma casa ou apartamento, tomadas e interruptores frequentemente são negligenciados pela maioria das pessoas. Eles só mostram sua relevância em nosso dia-dia quando param de funcionar, ou quando nos damos conta de que não há onde conectar aquele novo eletrodoméstico que acabamos de adquirir. Por conta disso, devemos dar mais atenção a esses artigos, inclusive na hora de planejar uma propriedade ou ambiente.

As tomadas costumam fazer parte do projeto de elétrica, enquanto os interruptores integram o projeto de iluminação. “Mas, quando há tomadas comandadas, como aquelas onde conectamos um abajur, por exemplo, precisamos envolver elétrica e iluminação, já que o acionamento acontece por meio de um interruptor”, explica a arquiteta Isabella Nalon, do escritório que leva seu nome. “O cruzamento de informações entre os dois projetos é essencial, haja vista um complementa o outro”.

Checagem

No que se refere ao posicionamento de tomadas e interruptores em uma residência, muito pouca gente sabe o que é certo ou errado. Segundo a arquiteta Isabella, a localização começa a ser pensada após os projetos de layout e de marcenaria dos ambientes, pois são influenciados pela disposição do mobiliário e dos elementos que condicionam a colocação dos pontos. No caso da reforma de um imóvel antigo – no qual provavelmente as tomadas e interruptores existentes não atenderão às necessidades atuais –, Isabella indica o levantamento dos pontos para avaliar quantos precisarão ser adicionados, deslocados ou modificados.

É importante fazer essa checagem com muito cuidado, para evitar problemas que poderão surgir quando o projeto for concluído. Um erro muito comum, segundo Isabella, é concentrar várias luminárias em um mesmo interruptor, assim como instalar caixas de tomadas na alvenaria sem a verificação do prumo ou considerar o exato posicionamento dos eletrodomésticos. A arquiteta salienta que isso acaba prejudicando as próprias rotinas da casa. Nosso trabalho é evitar que, depois de tudo pronto, o morador precise usar extensões ou os famosos adaptadores para receber o plug, ou mesmo acoplar mais de uma conexão no mesmo ponto”, diz Isabella.

Localização

Na hora de definir a localização das tomadas (assim como seus usos), deve-se prever a presença de tomadas de 110V ou 220V. No caso de chuveiros, 220V é a voltagem padrão. Mas é imprescindível verificar a tensão do local, que pode variar de acordo com cada cidade ou região. Um aspecto positivo da maioria dos carregadores de smartphones ou notebooks da atualidade é que eles permitem a utilização das duas voltagens.

De forma geral, os interruptores são posicionados a 1,20m do piso e nas entradas dos ambientes (ainda que, em situações específicas, esta altura possa variar). Após definir a posição e executar a infraestrutura elétrica para passagem da fiação, a arquiteta parte em busca do acabamento para os interruptores e tomadas, que devem seguir uma mesma identidade. “Em uma cozinha preta, o projeto obriga a instalar elementos da mesma cor”, acrescenta Isabella. “Já em projetos com predominância de tons claros, o branco se revela a escolha mais pertinente”.

A arquiteta revela que costuma conversar com os proprietários antes de fazer suas sugestões, um cuidado que diminui a possibilidade de erro. “No caso de uma sala de TV com um grande volume de equipamentos para o home theater, preciso incluir a observância tanto na capacidade do quadro de distribuição de elétrica, como na quantidade de tomadas”, prossegue a especialista. Já na sala de estar, três ou quatro tomadas costumam ser suficientes. “Não podemos nos esquecer de deixar algum ponto perto de um sofá ou poltronas, pois, hoje em dia, isso é essencial para carregar celulares ou usar o notebook”, acrescenta Isabella. O dormitório segue uma contagem semelhante, mas o acerto pode ser garantido ao contabilizar as tomadas para o smartphone, computador, luminária e TV.

O planejamento é mais abrangente nas cozinhas, pela grande quantidade de eletrodomésticos que há nesses cômodos – cooktop, forno, micro-ondas, coifa, geladeira, cafeteira e batedeira, que são utilizados em diferentes momentos e com tomadas instaladas em uma altura média. “Como parâmetro, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) orienta no mínimo uma tomada a cada 3,5m de parede”, revela a profissional. Já nos banheiros, além do chuveiro elétrico, deve haver ao menos um ponto para a utilização do barbeador ou do secador de cabelos.

As famigeradas “tomadas de três pinos”!

A chegada das tomadas de três pinos ao mercado brasileiro deixou os consumidores ainda mais confusos. O modelo causa controvérsias até hoje, já que exige adaptações para receber os equipamentos antigos existentes em casa. Ao reformar ou construir um imóvel novo, todas as obras precisam seguir o padrão desenvolvido pela ABNT. E segundo as diretrizes, o terceiro pino passou a ser o diferencial, pois a ele ficou estipulada a função de fio terra, evitando fuga de corrente ou, em caso de acidentes, minorando os problemas resultantes do choque. “Caso o equipamento possua um padrão diferente, a tomada deve ser adaptada ou fazer uso de adaptadores seguros e certificados, contendo o mesmo número de pinos”, adverte Isabella.

Para tanto, a peça para ajuste também deve compreender o recuo interno existente dentro da tomada. E ainda há a questão dos encaixes de 10 ou 20 amperes, que se diferem pela espessura dos pinos. Eletrodomésticos como a fritadeira Airfyer, assim como outros equipamentos de alta resistência, apresentam pinos mais grossos e demandam tomadas de 20 amperes. “É indispensável estimar com antecedência, pois é terminantemente proibido o uso de adaptadores. Caso a tomada não comporte o novo equipamento, ela deve ser modificada”, conclui a arquiteta.