Importantes projetos desenvolvidos no Brasil pelas universidades e o setor privado têm contribuído para colocar o País na vanguarda do setor
A automação veicular é um conceito que avança em todo o mundo, inclusive no Brasil. Globalmente, este nicho já movimenta aproximadamente R$ 270 bilhões por ano. E o Brasil participa dessa evolução, por meio de projeto muito relevantes que surgem da parceria entre universidades federais e a iniciativa privada.
Nesse processo, as universidades contribuem com seus laboratórios e expertise, enquanto as empresas financiam os sensores 3D LiDAR e todos os hardwares requeridos pela tecnologia.
Os “olhos” da automação
O LiDAR (Light Detection and Ranging) é um sensor 3D de luz pulsada que, além de aferir distâncias, também consegue medir volumes com precisão e rapidez, por meio de seu laser. Presente em celulares, scanners 3D, tablets, drones e até mesmo em carros, o sensor pulsa e capta uma média de 300 mil a 1 milhão de pontos por segundo. O feixe de luz laser rebate na superfície à sua frente e o LiDAR cria um mapa digital tridimensional do ambiente ou objeto escaneado.
Fundador da TrackFY (empresa especializada em soluções de mapeamento digital para os segmentos médico, de construção, engenharia reversa e indústria automotiva), Guilherme Stella afirma que, sem as tecnologias de mapeamento digital, não é possível ter carros autônomos. Stella afirma que os sensores e scanners tridimensionais são os “olhos” da automação, aferindo o volume espacial do ambiente e mapeando, em tempo real, o entorno dos veículos.
Stella também destaca que os estudos feitos nos laboratórios de nossas universidades prometem ampliar a ainda mais a adoção da indústria brasileira pela tecnologia de automação. “O que vimos nos últimos três anos, no Brasil, foi uma explosão de projetos conectados a essa realidade de automação veicular, automação industrial e de smart cities em vários âmbitos”, observa.
“Back-end” brasileiro
Em 2021, a FUCAMP, Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP – Universidade de Campinas, começou a desenvolver um robô autônomo a partir de sensores LiDARS. A tradição e relação da FUCAMP com projetos de automação é grande. Já em 2011 os Pesquisadores do Laboratório de Mobilidade Autônoma (LMA) da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp criaram o VILMA (Veículo Inteligente do Laboratório de Mobilidade Autônoma).
Já em 2022, a UNIFEI, Universidade Federal de Itajubá, em parceria com o setor privado, passou a desenvolver um projeto relacionado a automação industrial que também usa os sensores 3D LiDAR. Na opinião de Stella, o aporte financeiro do setor privado é fundamental para que os projetos sigam caminhando, assim como a aposta de várias empresas nesse sentido.
Ainda de acordo com a visão do fundador da TrackFY, tais projetos comprovam que o Brasil está na vanguarda do uso da tecnologia aplicada ao mapeamento digital. “Em breve, podemos ter uma indústria automotiva com a própria tecnologia de automação e uma indústria fabril com uma tecnologia própria de smart cities”, acredita Stella. “Ainda com hardwares importados, mas com o ‘back-end’ totalmente brasileiro.”