Dispositivos domésticos inteligentes: modernidade e bem-estar!

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Dispositivos domésticos inteligentes
Dispositivos domésticos inteligentes

Dispositivos domésticos inteligentes podem tornar os ambientes de uma casa mais “gratificantes”

Por: José Assunção Rodrigues Junior

Há vários anos trabalhando e pesquisando no mercado de tecnologias aplicadas à construção, vi e ouvi muitos discursos sobre automação residencial: que economiza energia, aumenta o conforto, oferece facilidades… Tudo isto compõe o quadro da automação residencial no mercado. Com formação e a experiência na área de arquitetura, pensando e desenvolvendo espaços nos quais o ambiente e a tecnologia estejam presentes para apoiar as necessidades das pessoas (o foco principal do trabalho), pesquiso os reais efeitos que esta nova forma de habitar causa nas pessoas. 

No início dos anos 2000, mesmo antes de estar em evidência, a psicologia ambiental (disciplina que, hoje, se tornou ferramenta essencial para entender e desenvolver projetos cada vez mais precisos no que tange o bem estar das pessoas que utilizam o espaço) começou a analisar os efeitos no comportamento dos usuários quanto ao resultado dos projetos arquitetônicos pensados para oferecer conforto e bem estar a ambientes corporativos, assim como o consequente aumento da produtividade. Os efeitos são claros e podem ser mensurados, atingindo e superando metas, criando, assim, um círculo virtuoso nas empresas.

Mais recentemente, já com a utilização mais presente da tecnologia nos ambientes corporativos, as mudanças estão se tornando rápidas e constantes, exigindo um acompanhamento por parte dos administradores e soluções mais criativas quanto à adequação dos espaços às necessidades dos novos usuários, com mais recursos tecnológicos atendendo aos hábitos e diversidade de generos. É necessário oferecer mais do que apenas um ambiente bonito e organizado.

NECESSIDADE DE CONTROLE

Mas essas mudanças no comportamento das pessoas quanto aos melhores resultados nos índices de conforto e bem-estar também estão ligadas diretamente à possibilidade de controlar individualmente o ambiente em que se encontram. Este controle ambiental é intrínseco aos seres humanos. Pesquisadores da Universidade de Columbia sugerem que tal controle “é uma necessidade biológica para a sobrevivência”, pois permite que humanos e animais busquem ativamente comportamentos que sejam essenciais para alcançar um resultado desejado (enquanto, simultaneamente, evitam comportamentos que podem levar a resultados indesejáveis). 

De acordo com pesquisadores da Rutgers University, em artigo publicado em 2010 pelo Instituto Nacional de Saúde, o controle, seja real ou percebido, é essencialmente adaptável em grande parte, pois reduz o estresse e maximiza a eficiência com a qual as necessidades são satisfeitas. Evidências desta pesquisa em neurociência sugerem que as casas inteligentes podem fornecer um portal por meio do qual os seres humanos consigam facilmente satisfazer o desejo primitivo de controle ambiental.

Extrapolando essas pesquisas para a experiência de viver em uma casa inteligente, pode-se supor que os proprietários sentem um maior senso de autonomia sobre seus “habitats naturais” (isto é, suas casas). Como resultado, os proprietários de casas inteligentes, em comparação com proprietários de casas não inteligentes, provavelmente experimentam níveis mais baixos de estresse dentro e fora de casa.

O melhor cenário para explicar como as casas inteligentes podem reduzir o estresse é a capacidade que as tecnologias dão aos proprietários de residências para acessar remotamente seus sistemas de controle e segurança ambientais. Em vez de se preocupar com a casa quando estiver no trabalho, ou mesmo em férias, por exemplo, o proprietário pode simplesmente acessar remotamente o controle da casa e verificar seu status. 

No lado da segurança, um exemplo semelhante seria a capacidade de um usuário acessar a câmera da porta da frente de uma casa (ou outras câmeras de segurança), ativar o sistema de intrusão ou acender as luzes de um smartphone. Em todos os casos, o proprietário evita a angústia de se preocupar se a casa foi invadida, o que traz muita paz de espírito. 

O tremendo poder das casas inteligentes pode ser percebido pela compreensão de que o cérebro de um humano é projetado para motivar e recompensar uma pessoa por satisfazer seus desejos o mais rápido possível. Dispositivos domésticos inteligentes ativados por voz, como o Amazon Echo e o Google Home, atendem ao cérebro primitivo do proprietário, criando um ambiente no qual o desejo inerente de gratificação instantânea é continuamente satisfeito. 

Obter respostas rápidas e precisas a qualquer pergunta ou ouvir sua música favorita momentos depois de solicitá-la ativa o centro de prazer do cérebro e dá origem a sensações relacionadas à recompensa. Em termos simples: os dispositivos domésticos inteligentes que atendem ao “seu desejo é meu comando” tornam nossas vidas mais fáceis e prazerosas.

Esses ambientes “amigáveis ​​ao cérebro” podem ser especialmente importantes para populações que tendem a experimentar níveis mais baixos de autonomia, ou seja, idosos e deficientes. Assim, ao pensar em investir ou não em tecnologia para uma casa inteligente, lembre-se de que há um benefício de saúde mental, em decorrência de um controle mais fácil e conveniente da casa.

*Esta e outras matérias você encontra na edição 169 da revista Áudio & Vídeo

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