CONFIE EM SUA AUDIÇÃO!

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As compras podem e devem ser analisadas de forma técnica. Entretanto, aquilo que agrada os ouvidos do comprar é o que realmente interessa

Por: Fabio Tucc

Os chamados “testes cegos” de áudio são feitos em ouvintes que desconhecem as marcas dos equipamentos que estão avaliando. O objetivo é detectar as características e a qualidade sonora desses produtos, sem que haja qualquer influência ditada pela reputação de determinada marca. A intenção é mostrar o quanto algumas variáveis de marketing afetam na decisão de compra de certas marcas.

Esses testes também são feitos para detectar a qualidade de uma faixa gravada ou de um instrumento musical, por exemplo. Ou ainda, para testar a percepção da qualidade de um cabo de conexão. Nos testes cegos de áudio segundo o blog Coding Horror, ao disponibilizar para visitantes arquivos MP3 gravados em diferentes taxas de bit rate, acreditava-se que, quanto maior a qualidade do áudio, melhor seria a percepção do consumidor em relação à qualidade sonora. Porém, o resultado final do experimento é que a grande maioria dos ouvintes teve a percepção de que as faixas gravadas em 160 kbps soaram melhores do que as gravadas em 320 kbps. Concluiu-se que, a partir de 160 kbps, para a maioria dos ouvidos “comuns”, já é possível obter uma qualidade aceitável de música compactada.

Clássico melhor que atual?

Em um teste de instrumentos musicais da Universidade de Paris (onde músicos vendados se propuseram a reconhecer as nuances de seis violinos, dentre estes, dois raríssimos Stradivarius, um Guarnieri do século XVIII e outros três recém-construídos com o mesmo padrão de qualidade de materiais utilizados nos equivalentes raros), o escolhido foi um instrumento recente. E para complicar a situação, um dos valiosos Stradivarius ficou em último, levando à conclusão de que são mais importantes como peças antigas do que musicalmente falando.

Outro teste cego interessante foi realizado com receivers de 30 anos atrás versus receivers recentes, o que me lembra o tema anterior relatado nesta coluna (a qualidade dos equipamentos vintage). Na disputa, os seguintes desafiantes: dois receivers estéreo, um Pioneer de 1980, com 270W, e um Sony de 1978, com 120W por canal. Ambos, pesos-pesados e de construção sólida, pertencentes à era dos “sem recursos, apenas com ótimo som’’. E finalmente, o adversário: um receiver hi-tech Yamaha AV de 130W por canal, de 2009.

A avaliação, levada a cabo por um colaborador e pelo editor de uma revista especializada, deu a vitória ao Pioneer, com seus graves encorpados e sensação de “peso” no som. Uma usina de força sonora, para bem rotulá-lo. Em segundo lugar, empatados, ficaram o Sony e o Yamaha.

Concluímos que muitos aparelhos antigos ofereciam maior valor agregado aos clientes (em muitos casos, potência), ao passo que, hoje, oferece-se um “pacote’’ de múltiplos recursos, como multi-room, conectividade, decoders surround e entradas diversas. E a qualidade sonora vem neste “mix”… O que conta, mesmo, são os seus ouvidos (e não a pressão exercida por “esta” ou “aquela” tendência). Teste sua subjetividade. Confie em sua audição!