casa do futuro
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Em um futuro próximo, residências e moradores serão “parceiros” conectados pela tecnologia

Muita gente se pergunta: “como viveremos no futuro”? Ironicamente, a melhor resposta para essa questão pode estar em uma viagem ao passado. Há quase 90 anos – mais precisamente, em 1929 –, durante um congresso de arquitetura realizado em Frankfurt, na Alemanha, houve um encontro de visionários. Entre eles estavam o arquiteto suíço Le Corbusier e o fundador da Bauhaus, Walter Gropius, dois dos arquitetos mais influentes do século XX. O saldo deste encontro já deixava claro que os humanos precisavam de espaço, ar, luz e calor. Ao invés de estruturas rígidas, as casas deveriam ser flexíveis e se adaptar às necessidades das pessoas. Uma abordagem que continuará a moldar o futuro de nossas residências. 

A criação de espaços extravagantes na busca pela casa do futuro não condiz com a realidade: quando pensamos em um ambiente aconchegante, a maioria das pessoas imagina outra coisa. Uma residência aconchegante é aquela onde encontramos conforto, proteção e segurança – uma casa convencional. 

ADAPTAÇÃO

Não queremos renunciar ao aconchego, mas a casa do futuro precisa se adaptar aos novos tempos e às mudanças que estes nos trazem. Projetemo-nos, assim, para o ano 2030, quando a tecnologia será muito mais integrada em todos os nossos espaços de convivência. 

Hoje, as soluções residenciais inteligentes são constituídas por componentes individuais: controlamos o aquecimento, a iluminação ou as persianas e cortinas (um elemento de cada vez). No futuro, tudo estará interligado: a residência será mais parecida com um organismo vivo e nos oferecerá suporte, além de nos ajudar a conciliar lazer, família, saúde e trabalho.

Apartamentos e casas não serão apenas “construções”, mas sim, nossos “parceiros”: a propriedade conhece muito bem nossas necessidades e hábitos; ajusta-se às nossas demandas, aprende com o nosso comportamento e se torna proativa. O ar, a temperatura e a iluminação, por exemplo, são preparados para tornar os ambientes propícios a tomar uma xícara de café após o trabalho ou relaxar tomando um drink e ouvindo música.

A casa se adaptará técnica e estruturalmente aos nossos hábitos. Isto será especialmente importante em termos de qualidade de vida. Com o aumento da expectativa de vida, mais pessoas precisarão de ajuda, seja nos cuidados residenciais ou no atendimento de saúde em suas próprias casas. A tecnologia desempenhará um papel crucial nessas áreas, começando pelo controle das condições ambientais internas e o monitoramento de emergência em situações críticas.

POR UMA VIDA MENOS COMPLICADA

É compreensível que o desenvolvimento de novas tecnologias, hoje, seja recebido com ceticismo, já que o mundo está se tornando cada vez mais complicado. Mas a tecnologia nos ajuda a encontrar novas soluções para antigos problemas, proporcionando-nos maior conforto e segurança e facilitando a comunicação e a participação em um mundo globalizado. Nossas casas tornarão a vida menos complicada. 

No entanto, a necessidade de controle deverá ser preservada. Teremos que ser capazes de determinar nossas próprias condições de vida. Isto começa com a decisão de “quando” entrar em contato com alguém (ou “quando” preferimos ficar sozinhos); ou, então, desativar todos os sistemas quando necessário, em busca de uma rotina mais natural. 

É por isso que casas 100% controladas automaticamente não serão uma maioria: desse modo, perderíamos o controle e ficaríamos à mercê da tecnologia. Um sentimento de perda de controle que pode ser bastante assustador. Do ponto de vista psicológico, a casa do futuro promoverá o nosso bem-estar físico, mental e emocional, assim como a coexistência entre as pessoas. Ao prevenir conflitos, ela permitirá que as pessoas se desenvolvam livremente em todos os níveis.