O áudio vem ganhando uma relevância inegável e bastante curiosa.

Em um mundo no qual somos diariamente bombardeados por informações visuais, o áudio conquista cada vez mais adeptos

Considerando que, hoje, vivemos em um mundo obcecado por audiovisual, não é de estranhar que, vez ou outra, nos sintamos enfastiados com o contínuo bombardeamento de imagens a que somos submetidos, seja por meio da TV, do cinema ou das plataformas de conteúdos. Nessa realidade, o áudio vem ganhando uma relevância inegável e bastante curiosa, conquistando cada vez mais adeptos.

Um dos reflexos desse fenômeno foi o lançamento da rede social AirChat, que nos apresentou uma questão pertinente: estamos vivendo a era dos áudios? Autodenominada um “walkie talkie social”, a plataforma permite que os usuários se comuniquem principalmente por meio de mensagens de áudio. Diferente do Clubhouse, que alcançou popularidade durante a pandemia, o AirChat conta com um feed de publicações e perfis para acompanhar, além de utilizar IA para transcrever os áudios gravados. 

INTERAÇÃO

De fato, os brasileiros já vivem em uma era do áudio há tempos. Para Leopoldo Jereissati, publicitário e sócio fundador da All Set, a comunicação por áudio é a forma mais natural de interação humana, um comportamento que aprendemos desde a infância.

O publicitário ressalta que, no Brasil, a alfabetização ainda é um desafio. “Há 9,6 milhões de pessoas, com 15 anos ou mais, analfabetas no país”, informa Jereissati. “O áudio pode ser uma forma mais acessível de comunicação. O crescimento do uso de mensagens de voz no WhatsApp exemplifica essa tendência”.

Uma pesquisa publicada pela Kantar IBOPE Media revelou que o rádio, no país, é consumido por oito em dez brasileiros. Jereissati explica que o poder do áudio está em capturar a atenção das pessoas, especialmente em um mundo onde somos constantemente bombardeados por informações visuais. “O rádio, por exemplo, ainda possui uma capacidade única de prender a atenção do ouvinte, mesmo em meio a tantas distrações visuais”, observa. 

Lembrando que, segundo o estudo da Kantar, os formatos mais lembrados de rádio são comerciais entre os programas e as músicas (50%), ações publicitárias feitas por locutores (25%) e promoções na programação (25%). O espaço faz parte da estratégia de comunicação das grandes marcas: 99 dos 100 maiores anunciantes do país em 2022 utilizaram o meio em suas campanhas no primeiro semestre de 2023. 

TENDÊNCIA FUTURA

Jereissati acredita que a tendência futura é a multiplataforma, com a integração de diferentes mídias. “Recentemente tivemos a evolução do rádio para os videocasts, inclusive em aplicativos como o Spotify, que também começou a incorporar vídeos para aumentar a atenção do público”, ressalta.

A ascensão do áudio nas redes sociais reflete uma combinação de acessibilidade, capacidade de capturar atenção e conexão emocional. O futuro, no entanto, parece apontar para uma integração mais ampla de diferentes formatos, sugerindo que o áudio poderá ser apenas uma parte de um ecossistema de comunicação mais diversificado e multimídia.

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