Produto de uma pesquisa criteriosa, passeio virtual pelo Palácio das Mangabeiras resgatou as estruturas originais da edificação
Por meio de uma parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e a empresa Novus 3D, com patrocínio da Codemge, a CasaCor Minas inovou ao proporcionar ao público uma oportunidade de fazer um passeio virtual pelo Palácio das Mangabeiras, resgatando as estruturas originais da edificação, à época da construção, em 1955.
Para que isso fosse possível, foi realizado um criterioso levantamento histórico. Também foram recuperados dados e imagens do projeto original. Placas espalhadas pelos jardins com um QR Code permitiram aos visitantes realizarem uma viagem ao passado, fazendo uma retrospectiva do que seria o Palácio Original (uma ideia que foi de encontro ao tema da mostra este ano, “A Casa Original”).
Reconstruindo o passado
Nesta edição, a proposta dos realizadores foi incentivar a reflexão sobre o morar contemporâneo. O grande destaque foi o paisagismo, já que a maioria dos ambientes se concentrou nas áreas abertas do Palácio das Mangabeiras, em área que equivale a 12 mil metros quadrados. Como de hábito, o evento também se preocupou em contribuir para a preservação da memória e da cultura, resgatando aspectos históricos da edificação.
Na viabilização do passeio virtual, os especialistas da Novus 3D fizeram um cuidadoso levantamento da topografia do terreno e de seu entorno. Foram dois meses de pesquisa, buscando entender os materiais, os detalhes, o que realmente existiu ali e o que não foi concretizado à época. Uma das dificuldades foi o próprio acesso às informações, vindas de várias fontes (entre instituições e acervos particulares). “Foi um verdadeiro trabalho de formiguinha juntar todas as informações e chegar à reconstituição histórica do Palácio”, afirma Rute Zocrattro, arquiteta, gerente de projetos e comunicação da Novus 3D.
Patrimônio mineiro
Drones foram empregados para que se pudesse mensurar a volumetria da Serra do Curral, uma vez que essa área foi, no passado, um local isolado, sem as muitas árvores ali encontradas atualmente. Outro desafio da equipe foi construir a vegetação em 3D. Como Burle Marx, autor do projeto paisagístico, utilizava somente plantas brasileiras, muitas tiveram que ser construídas do zero, demandando tempo para que esses modelos fossem apresentados com qualidade.
Das 31 espécies presentes na vegetação dos jardins originais do paisagista, 80% dos modelos foram alterados ou criados originalmente. O trabalho envolveu algumas curiosidades. As fotos mais utilizadas pela equipe da Novus 3D eram da época do então governador Israel Pinheiro. Vinte e duas fotografias, além de uma reportagem antiga que mostrava o então governador Magalhães Pinto na área externa do palácio, permitiram aos técnicos identificar detalhes de época. Segundo essa reportagem, a construção era secreta e, por muitos anos, foi utilizada para ser um local privado ao público.
Também se descobriu que as construções da área da sauna e do heliponto eram posteriores. Segundo a pesquisa, surgiram possivelmente na década de 80. Além disso, a área do Palácio era aproximadamente 30% menor do que a atual. Muitos detalhes da parte interna da construção não puderam ser apurados, em vista da escassez de informações sobre o mobiliário de época. Mesmo assim, o tour 3D é uma conquista a ser comemorada, fornecendo ao público dados valiosos sobre um dos mais importantes patrimônios dos mineiros.