Saiba quais são as técnicas usadas por arquitetos para projetar residências confortáveis em terrenos estreitos
Fotos Freepik e Adriano Escanhuela
Com a efervescência do mercado imobiliário em grandes centros, cresce a oferta de terrenos com áreas modestas para a construção de imóveis. Isto vem criando uma série de desafios para os arquitetos, que precisam usar a imaginação e o bom senso para fazer o melhor aproveitamento possível das áreas disponíveis, entregando residências que sejam funcionais e confortáveis.
Paulo Tripoloni, arquiteto à frente do atelier que leva seu nome, está acostumado a enfrentar esta situação. “Nosso trabalho implica em driblar as limitações físicas e aproveitar na área disponível uma planta baixa de acordo com as expectativas do cliente e baseado em critérios fundamentais que são os de entregar uma morada acolhedora, arejada e bem iluminada”, afirma o especialista.
LUZ NATURAL E INTEGRAÇÃO DE AMBIENTES
Paulo destaca que, ao se deparar com residências em terrenos estreitos, os profissionais da área precisam recorrer à sensibilidade e à perspicácia para entregarem o melhor resultado possível aos clientes. Também é necessária muita técnica para maximizar o potencial do espaço sem comprometer aspectos como praticidade e conforto.
A entrada de luz natural, uma das principais preocupações em terrenos com essas características, é uma questão central trazida pelo profissional. Segundo Paulo, itens arquitetônicos como claraboias e rasgos de ventilação são essenciais para garantir a luminosidade.
“Setorizar os ambientes de maior permanência para a frente e os fundos, onde há possibilidade de mais aberturas, é uma maneira eficaz de permitir a entrada dessa claridade que é tão essencial“, revela o especialista, que também reforça a importância das aberturas zenitais para iluminar ambientes centrais.
Na busca pelo uso mais racional das possibilidades oferecidas pelo espaço, também é necessário levar em conta aspectos como circulação interna e integração dos ambientes. Em plantas compactas, a fluidez é primordial para evitar a sensação de confinamento e, para tanto, a conexão entre os cômodos precisa ser muito bem elaborada.
“A escada, que muitas vezes é vista como um elemento segregador, deve ser cuidadosamente planejada”, diz o arquiteto. “Idealmente, ela deve se tornar uma verdadeira ligação, aproveitando o pé-direito duplo e a entrada de luz natural”. Entre as tipologias, Paulo revela que o formato em “L” costuma comprometer a circulação, caso não seja bem-posicionada.
ESPAÇOS EXTERNOS
Outro desafio com o qual lidam os profissionais da área quando trabalham com terrenos estreitos é a maximização do aproveitamento de espaços externos, como jardins e pátios. Segundo o especialista, o paisagismo é a chave para resolver esse problema. Por meio da vegetação, é possível assegurar a intimidade dos moradores sem sacrificar o contato com o exterior.
Já no tocante à adequação do projeto com o código de obras e edificações, a execução de recuos laterais também é importante para a circulação e para assegurar a vida particular e a integridade das edificações (Paulo informa que essa medida varia de acordo com o zoneamento de cada cidade). Ainda, a ventilação cruzada é mais um tópico categórico para a qualidade do ar e o conforto térmico em terrenos estreitos. “Analisar os ventos predominantes e instalar aberturas controláveis nos níveis inferiores e superiores resultam em um verdadeiro efeito ‘chaminé’ que favorece o fluxo de ar”, ensina o arquiteto.
No caso da garagem, uma execução subterrânea pode ser adotada. Nesse sentido, o especialista acredita que o mais importante é avaliar o tipo de veículo que ocupará a garagem e as necessidades específicas dos proprietários do imóvel. O toque final na criação de um lar agradável e aconchegante construído em terrenos estreitos é escolher bem os materiais e elementos de decoração, apostando em artifícios que ampliem a percepção de espaço (por exemplo, pisos contínuos e cores uniformes).
