Arquiteta Karina Korn leva a segurança em conta ao idealizar seus projetos

Em casas onde existem crianças, nenhuma medida de proteção deve ser ignorada!

Fotos Eduardo Pozella e Nicola Labate

Segurança é um tópico prioritário quando há crianças em uma casa, e nenhum esforço deve deixar de ser feito para garantir o bem-estar dos pequenos. Qualquer descuido bobo pode levar a um acidente, motivo pelo qual nunca devemos deixar eletrodomésticos ao alcance deles, assim como facas, tesouras e outros utensílios cortantes. Até nesse sentido, a arquitetura pode ser uma mão-na-roda, já que um projeto bem pensado neutraliza muitas dessas ameaças.

A arquiteta Karina Korn, do escritório Karina Korn Arquitetura, leva esse aspecto em conta ao idealizar seus projetos. Por exemplo, ela costuma especificar dobradiças de qualidade, garantindo que as portas fechem mais devagar e reduzindo o risco das crianças se machucarem. Inclusive, a arquiteta acredita que, antes de iniciar o projeto, é importante conversar com os clientes e entender suas necessidades em relação aos pequenos, para que não seja colocada em prática alguma mudança extrema.

Cozinha: perigo constante!

A cozinha é um local cheio de potenciais ameaças para as crianças – é lá que ficam facas, fogões e fornos, que são indispensáveis para a casa, mas também podem causar muitos acidentes. Karina recomenda redobrar a cautela com objetos cortantes e deixá-los guardados em uma altura que os pequenos não alcancem. “Também aconselho que os móveis tenham quinas mais arredondadas e que armários e gavetas tenham a abertura dificultada”, acrescenta a especialista.

Ainda no que se refere à cozinha, é prudente dar preferência à cocção nas bocas detrás do fogão ou cooktops e virar os cabos da panela para o centro. Dada a proximidade da cozinha com a área de serviço, produtos de limpeza e sacos plásticos, comumente guardados em armários, precisam estar fora do acesso dos pequenos. “Armários aéreos ou prateleiras são grandes artifícios, que também otimizam o layout do ambiente”, observa Karina. “Nesses casos, ainda sugiro ter uma escadinha de três degraus devidamente camuflada e fora da visão dos filhos”.

Passando à sala de estar, vale destacar que este é um espaço muito frequentado pelas crianças, que ali assistem TV. Se os moradores quiserem ter uma mesa de centro no local, Karina recomenda a adoção de modelos com quinas mais arredondas e que a decoração não seja composta por objetos que se quebrem com facilidade.

“Apesar de todos os cuidados que devemos tomar, acredito que ensinar as crianças é primordial”, opina a especialista. “Devemos, sim, pensar em minimizar os riscos, mas com paciência, vamos ensinando os limites a elas. O meio termo é o melhor caminho”.

Grades de proteção

Em imóveis com dois andares, o acesso à escada que leva à área íntima se torna mais seguro com a instalação de grades de proteção, que dificultam a passagem dos pequenos. Elas podem ser compradas em shopping centers e são ideais para casas onde há crianças com aproximadamente três anos de idade.

Já os fios elétricos, que às vezes ficam expostos, demandam atenção dos pais, assim como as tomadas. Para equacionar o capítulo fiação dos equipamentos eletrônicos, a marcenaria planejada ajuda na tarefa de esconder. Já para as tomadas, o mercado dispõe de protetores de silicone que dificultam o contato com os dedinhos.

Nos dormitórios, a arquiteta recomenda que os brinquedos fiquem ao alcance das crianças e que o layout deixe as camas e móveis longe de janelas e cortinas, uma medida que ela considera “mandatória”. E em quarto compartilhados nos quais existam beliches, o ideal é que crianças com menos de seis anos de idade durmam na cama inferior. “A instalação de grades é essencial”, enfatiza Karina.

Grade de proteção instalada nas duas camas desse quarto infantil, projetado para dois irmãos

Praticidade

Em projetos elaborados para residências onde há crianças, Karina Korn costuma usar algumas soluções práticas – por exemplo, usar menos pintura e investir em revestimentos laminados melamínico de baixa ou alta pressão. Já no que se refere aos pisos, ela recomenda os de porcelanato e vinílico, por serem mais fáceis de limpar em comparação à madeira.  

“Entretanto, sou apaixonada pelo piso de madeira, que, além de belíssimo, traz o conforto para os pezinhos descalços mesmo nessa época de frio”, prossegue a arquiteta. “Quando meus clientes optam comigo por essa opção, apenas precisam atentar-se aos cuidados na rotina diária”. Além da manutenção, deve-se considerar os aspectos de saúde: os adeptos do carpete, por exemplo, convivem com a dificuldade da limpeza e o acúmulo de poeira, que pode desencadear processos alérgicos e respiratórios.

Janelas e sacadas

E, é claro: onde há crianças, precisa haver uma boa proteção em janelas e varandas. Nas janelas mais tradicionais, as redes podem ser instaladas de forma que acompanhe o desenho. Já em vãos com venezianas, é possível incluí-la do lado de fora do imóvel, entre a estrutura e o vidro. “A forma correta da instalação de redes de proteção varia de acordo com o formato da janela, por isso sempre indico que o serviço seja feito por uma empresa especializada”, revela a arquiteta.

A especialista conclui enfatizando que esse tipo de proteção também é necessário na sacada, mesmo em residências nas quais o ambiente foi envidraçado. Os vidros são bem-vindos, mas a rede de proteção desempenhará um importante fundamental para a segurança das crianças.

Na sala de TV, mais espaço de circulação para a interação das crianças da família