Em sua primeira participação na CASACOR São Paulo, o arquiteto Rodra assina um dos espaços mais sensíveis e autorais.

Fotos: MCA Estúdio

Inspirado por suas raízes no Rio Grande do Norte, arquiteto transforma ambiente em home office poético com atmosfera de galeria

Em sua primeira participação na CASACOR São Paulo, o arquiteto Rodra assina um dos espaços mais sensíveis e autorais da mostra: o Estúdio Potiguar. Instalado em um dos casarões históricos do Parque da Água Branca, novo endereço da mostra em 2025, o ambiente de 31m² é um convite à contemplação, à memória e à brasilidade. Tendo como mote o tema “Semear Sonhos”, Rodra traduz suas origens no Rio Grande do Norte em um home office com alma de galeria de arte, onde cada detalhe pulsa identidade, afeto e poesia.

Com forte influência das raízes nordestinas, o ambiente reúne bordados artesanais, conchas do litoral potiguar, texturas naturais e obras de arte. Logo na entrada, o visitante se depara com um mobiliário curado com esmero: o destaque vai para o sofá adornado com bordados manuais feitos por artesãs de Timbaúba dos Batistas, decorado com elementos do mar, como ostras e caranguejos — uma ode à memória e à ancestralidade.

DESIGN, MEMÓRIA E POESIA VISUAL

O projeto ganha corpo ao unir elementos sofisticados e sensoriais. A mesa e cadeira em preto e branco trazem um contraste elegante ao centro do ambiente, cercadas por estantes repletas de obras literárias e peças raras. No chão, o tapete by Kamy Verde mescla tonalidades terrosas e desenhos orgânicos, costurando todas as referências em um equilíbrio visual marcante.

As paredes são um espetáculo à parte: nelas, obras de Tarsila do Amaral, Vasarely e Ubi Bava dialogam com a tapeçaria “Portinari – Bumba Meu Boi”, compondo uma galeria viva, repleta de camadas emocionais. A curadoria assinada por Dagmar Saboya confere unidade ao conjunto e transforma o espaço em um verdadeiro manifesto visual.

O mármore também assume protagonismo em detalhes como o rodapé escultural da MultiFormas, a lareira e a mesa central em vidro com pés em mármore. As cortinas, com tramas que remetem a redes de pesca, suavizam a entrada da luz natural e reforçam a sensação de um refúgio à beira-mar.

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS E CONEXÃO COM A NATUREZA

Complementando a atmosfera do Estúdio Potiguar, o arquiteto incorpora obras contemporâneas, como a intervenção “ATO Biblioteca-Floresta”, de Saulo Szabó, composta por trouxas de argila suspensas, lençóis e parafusos folheados a ouro. No teto, a instalação da Tensoflex com vegetação pendente traz o verde para dentro, ampliando a narrativa afetiva e ecológica do espaço.

Mais do que um home office, o ambiente de Rodra é um espaço de permanência e reflexão, que une design, arte, memória e pertencimento. Um tributo às origens, às mãos que criam e às histórias que se perpetuam através dos detalhes.