Equilibrando-se entre o drama e a comédia, Orange is the New Black se tornou um programa para vários públicos

Texto: Eduardo Torelli

Foto: Divulgação

Piper Chapman (Taylor Schilling) levava uma boa vida… Até que deu um passo errado: ao se envolver com a sedutora traficante Vause (Laura Prepon), a garota bem-nascida e superprotegida pelos pais caiu nas malhas da Justiça norte-americana e foi mandada para a prisão. Assim começa Orange is the New Black, série de TV criada por Jenji Kohan que rapidamente se tornou uma febre entre jovens do mundo todo. Razões para o sucesso não faltam: o elenco é ótimo e reúne talentos de várias idades. O tom é leve, sem deixar de ser dramático. E a premissa é realmente original, visto que incontáveis séries e filmes já exploraram o mesmo tema e, ainda assim, a sensação é a de que estamos assistindo a algo novo.

Quem costuma acessar os conteúdos do Netflix já teve a oportunidade de conferir as hilárias aventuras de Piper, mas, para espectadores que preferem curtir suas séries com os atrativos das mídias físicas (inclusive, extras com informações adicionais sobre os programas), esta é a hora de “mergulhar” no universo habitado por Piper e Cia.

DRAMA OU COMÉDIA?

De cara, um atributo indiscutível da série é sua indefinição proposital entre “drama” e “comédia”. A situação de Piper, claro, é trágica – e todas as situações indesejáveis a que uma pessoa forçada a passar uma temporada na prisão estão lá (inclusive o assédio das demais presas, que se encontram privadas da companhia de homens). Mas os roteiros não enfatizam essas questões, usando-as mais como artifícios dramáticos. A dinâmica entre a heroína e suas companheiras de cela é light e divertida, o que torna prazerosa a experiência de acompanhar os capítulos da série.

O humor brota, principalmente, do “choque” entre a visão “classe média alta” de Piper e a realidade barra-pesada da cadeia. Junto com a personagem, os espectadores vão descobrindo os mecanismos que regem esse mundo paralelo: as trocas de favores, as alianças “políticas” que precisam ser feitas com presidiárias mais poderosas para se conseguir um condicionador de cabelos (ou algum medicamento não disponível na farmácia do presídio) e o que deve ou não ser dito em um ambiente onde as emoções e ressentimentos estão sempre à flor da pele.

Também há a dualidade de sentimentos da personagem principal, que deixou um noivo à sua espera no “mundo exterior”, mas acaba reencontrando um “amor bandido” (a traficante Alex) na prisão onde cumpre pena. Todas essas questões, “cozinhadas” em tramas criativas, bem-humoradas e cheias de arcos narrativos, dão um sabor especial a Orange is the New Black. Vale dizer que, embora seja uma série que visa primeiro o público feminino, os homens também acabarão se interessando, já que alguns problemas enfrentados por Piper são “universais” (inclusive sua conturbada relação com a família, um atrativo a mais dos episódios).

HISTÓRIA REAL

Se, apesar de todo o drama e humor envolvidos, o universo apresentado pela série nos parece sólido e real, isto se deve ao fato de o programa ter se inspirado no livro “Orange Is the New Black: My Year in a Women’s Prison”, de Piper Kerman, que conta a experiência real da autora em um presídio feminino. Produzida pela Tilted Productions e pela Lionsgate Television, a atração estreou na Netflix em julho de 2013. Confirmado o sucesso do programa, vieram a segunda e a terceira temporadas, que consolidaram de vez o êxito de Orange is the New Black em todo o mundo.

A série é um dos maiores fenômenos da Netflix, ocupando um honroso terceiro lugar no pódio (ao seu lado estão Breaking Bad e House of Cards). E a popularidade do programa está muito longe de se esgotar.