INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: O FUTURO DAS PROFISSÕES

Que profissões poderão desaparecer com o avanço da IA? E que outras novas poderão surgir?

No artigo anterior, foram abordados os efeitos do avanço da inteligência artificial (IA) nas carreiras e profissões no tempo ocioso (“desocupação”) que pode surgir em função do uso intensivo dessa tecnologia e a criação de um programa de renda mínima, que pode vir a ser necessário. Neste artigo, daremos “nomes aos bois”. Que carreiras nascerão? E quais poderão ser extintas?

A INEVITABILIDADE DO PROGRESSO

Com o surgimento da primeira revolução industrial, no século XVIII, tarefas que antes dependiam de especialistas passaram a ser realizadas por máquinas. Assim, por exemplo, tecelões e artesãos, especialistas relativamente caros, foram substituídos por teares a vapor. Além da perda de emprego, houve redução no salário dos trabalhadores, dado que, agora, as máquinas conseguiam fazer boa parte de seu trabalho. Para garantir o sustento, trabalhadores foram forçados a se submeter a um ritmo intenso de trabalho, condições insalubres, além de encarar redução de salário, já que “dividiam” suas tarefas com as máquinas.

No começo do século XIX, insatisfeitos com a quebra da colheita e a falta de comida – além de com as condições já citadas –, muitos trabalhadores começaram a quebrar os teares para que, quem sabe, se voltasse à produção mais artesanal, gerando mais empregos e melhores condições de trabalho. Surgiu, então, o ludismo, nome dado em referência ao fictício líder desse movimento, Ned Ludd, figura criada para proteger a identidade dos verdadeiros organizadores das manifestações. As depredações continuaram, houve repressão violenta por parte do governo britânico e, a partir daí, surgiram os movimentos sindicais, que existem até hoje.

PROFISSÕES QUE DESAPARECEM

Quem pode responder sobre isso é o próprio chat GPT-4: deverão desaparecer assistentes virtuais – que passam a ser efetivamente virtuais –, operadores de telemarketing, agentes de viagem, suporte técnico não especializado, os caixas de diversos setores e atendimento ao cliente em primeiro nível (os mais especializados poderão permanecer, sabe-se lá até quando).

Na arte da escrita, até jornalistas (inclusive os investigativos), pesquisadores, redatores, produtores de conteúdo serão atingidos. Vendedores do tipo corretores, como de imóveis e seguros, também não deverão escapar. E nem a área de tecnologia sobrevive ao choque: especialistas em desenvolver arquiteturas de sistemas, os arquitetos de softwares, também poderão ser afetados, assim como os cientistas de dados que fazem análise e modelagem de dados, os testadores de software, que serão substituídos por softwares que testarão softwares. E até os desenvolvedores de software poderão ser “exterminados” pela inteligência que criaram. Engenheiros? Os que fazem projeto e desenvolvimento estarão entre os substituíveis – e isso em diversas especialidades da engenharia.

Na medicina e biomédicas, os médicos e técnicos de laboratório que fazem diagnósticos ou que leem e interpretam resultados de exames poderão ser substituídos por máquinas que farão isso mais rapidamente e com mais precisão. Incrivelmente, até profissões tão ligadas ao âmago do ser humano, como os psicólogos, poderão ser profundamente afetados. Ser atendido e analisado por uma máquina não seria muito estranho?

PROFISSÕES QUE NASCEM

Se há uma destruição de profissões, também surgirão outras, muitas delas, claro, relativas à programação e inteligência artificial. Assim, por exemplo, engenheiros que desenvolvem algoritmos e modelos (que, por sua vez, ensinam as máquinas a se programarem e melhorarem o desempenho) serão uma necessidade.

Especialistas em uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina poderão examinar os dados e ajudar na tomada de decisões sobre o rumo dos negócios. Obviamente, especialistas em robótica e automação serão muito requisitados na nova indústria, bem como especialistas em usabilidade, que verificam a facilidade de uso dos novos equipamentos e programas por parte dos usuários – são eles que se encarregaram de fazer um visual atraente e que encoraje o público a utilizar os tais equipamentos e programas.

Os especialistas em cibersegurança também serão muito necessários, assim como aqueles que tratem da proteção dos dados – e isto não só no sentido cibernético, como no sentido legal. O que, por sua vez, implicará na necessidade de especialistas em questões éticas, que irão tratar da proteção da privacidade e evitar o viés nas pesquisas.

PURA ESPECULAÇÃO?

Seria tudo isto pura especulação? Quem sabe a teoria do efeito borboleta se aplique a tudo o que foi descrito: uma pequena mudança em algum desenvolvimento de um pequeno sistema poderá provocar a necessidade de uma nova profissão ou extinção de alguma que se tinha por certo que sobreviveria por muito tempo. Só o tempo dirá!

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