Para usufruirmos do benefício auditivo dos formatos em alta resolução, a eletrônica a ser utilizada deve ser sofisticada

Por: João Yazbek

Os equipamentos têm que apresentar desempenho muito acima da média e os arquivos-fonte têm de ser gravados em um formato sem perdas e com alta taxa de amostragem e de bits. Precisamos, também, de uma gravação realizada com equipamentos de última geração, que sejam capazes de efetuá-la sem perda de detalhamento.

No mundo profissional, existem produtos como microfones, conversores A/D e D/A e amplificadores de alta resolução, que têm de ser utilizados na gravação para obtermos um resultado adequado. Logo, há restrições severas para se desfrutar dos benefícios do áudio em alta resolução tanto do lado do estúdio de gravação quanto do lado do equipamento de reprodução.

Detalhes técnicos
Vamos, a seguir, analisar alguns detalhes técnicos, iniciando pela parte digital e, posteriormente, explorando a parte analógica. Finalizaremos com a questão perceptual, ou seja: como o desempenho dessa tecnologia é percebido pelo usuário.

Um minuto de música em dois canais, gravada no formato CD 16/44.1, tem 1.411Kbits/seg. Um arquivo FLAC em 24/192kHz tem uma taxa de bits de 9.216Kbits antes de ser comprimido. Após a compressão do arquivo em FLAC, temos algo em torno de 5Mbits/seg de música. Isto impõe uma capacidade de armazenamento de quase 40Mbytes por minuto ou 2,6Gbytes para um disco de 70 minutos. Logo, para armazenarmos 100 discos, precisamos de 260Gbytes de armazenamento. A tecnologia digital fez com que o tamanho do arquivo não fosse o grande limitador do uso de arquivos em alta resolução, pois discos rígidos para PC com 2Terabytes ou mais são comuns, hoje em dia. Mas, para dispositivos portáteis, 64 ou 128Gigabytes ainda são bastante coisa. Ou seja: para um PC a capacidade de armazenamento não é problema. Mas, se você quiser colocar toda a sua biblioteca em alta resolução em um dispositivo portátil, acabará sem memória.

Mas isto não chega nem aos pés das limitações de performance da parte analógica do sistema. Os requisitos vistos na coluna anterior (140dB de relação sinal-ruído / banda dinâmica e 100KHz de resposta em frequência), aliados a uma potência de saída que permita efetivamente utilizarmos a banda dinâmica disponível, são praticamente inatingíveis para aparelhos portáteis e fones de ouvido de menor tamanho. Portanto, não espere que um produto portátil vá ser muito melhor que seu tocador de padrão de mercado, pois ele não será.

A grande questão
Lembro que, durante a gravação, a parte analógica também introduz limitações de performance significativas, com a possibilidade de perda de algo como 4bits de resolução em uma gravação em alta resolução, dependendo do equipamento. Para tentar ouvir o resultado de um arquivo bem gravado em sua ca­sa, você precisará de um media player ou PC de qualidade superior, de um conversor digital-analógi­co com capacidade para decodificar ao menos 24/192 e DSD, de um ­pré-amplificador de alto nível, de um am­plifica­dor e de caixas de som para alta definição. Para isso, estimo que o gasto poderá chegar ao menos aos US$ 10 mil.

Utilizando eletrônica Premium, a diferença será audível? Esta é a grande questão. E para respondê-la, fugiremos um pouco da discussão encontrada em revistas e sites da Internet e avaliaremos estudos da AES (Audio Engineering Society) norte-americana. São estudos menos viesados pelo marketing existente quando se fala em HRA. Mesmo tendo eletrônica de qualidade na reprodução, o usuário nos perguntará: de que adianta tudo isso se ouço, quando muito, até 20KHz?

Um artigo publicado em 2003 pela AES nos indica que tons acima de 20KHz reproduzidos sozinhos não são audíveis – mas que estes mesmos tons, quando apresentados superpostos a tons abaixo de 20KHz, se tornam audíveis.

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