Seja em pequenas ações, decisões que parecem insignificantes e grandes dilemas, a ética permeia nossa vida cotidiana
Por Jony Wolff Fotos Shutterstock.com
Ela não é apenas uma ideia complexa discutida em salas de aula universitárias ou em debates acadêmicos. A ética está profundamente enraizada em nossos dias, nas pequenas ações, nas decisões que parecem insignificantes e nos grandes dilemas. Está diretamente ligada às nossas ações diárias, à maneira como nos relacionamos com os outros e à maneira como optamos por conduzir nossas vidas.
Muitas vezes, nossas falhas éticas surgem sem que percebamos, obscurecidas pelas múltiplas influências de amigos, família e colegas. Em nosso mundo interconectado, somos continuamente bombardeados com informações, opiniões e perspectivas. Todos têm vozes, todos têm opiniões, e todos têm valores. E, às vezes, essas influências externas podem nos desviar, sutilmente ou não, de nosso próprio caminho moral.
Aristóteles, um dos pilares da filosofia ocidental, nos ensinou a buscar equilíbrio nas nossas ações. Ele advogava vigorosamente pela ideia do “meio termo”, evitando os extremos em nossas decisões, e destacando a importância de viver uma vida de moderação. Alain de Botton, um filósofo contemporâneo, amplia essa visão ao ilustrar quão desafiador pode ser tomar decisões éticas sozinhos, especialmente em uma era de sobrecarga de informação. Não estamos isolados. Estamos imersos em uma sociedade globalizada, que nos molda, influencia nossa visão de mundo e nosso discernimento sobre certo e errado.
PRESSÕES E EXPECTATIVAS
No ambiente empresarial, as coisas se complicam de maneira acentuada. As empresas, sejam elas pequenas startups ou gigantes corporativos, são caldeirões de pressões e expectativas. Há o desejo incessante e quase palpável de sucesso, a necessidade imperativa de competir, a busca constante e incansável por inovação. E, nesse mundo acelerado, somos bombardeados por uma miríade de vozes e opiniões. Vozes de superiores exigindo resultados, colegas buscando colaboração, subordinados buscando orientação. E frequentemente, essas vozes entram em conflito direto, ou mesmo sutil, com nossa bússola moral interna. E assim, nos encontramos em encruzilhadas éticas, confrontados com dilemas que testam nossa integridade e resiliência.
O que fazer quando essas pressões externas colidem com nossos valores pessoais? Ceder, às vezes, pode parecer a opção mais fácil ou prática. No entanto, ao escolher esse caminho, corremos riscos. Ignorar nossa ética pessoal, mesmo que temporariamente, pode levar a “feridas abertas”. Feridas que, com o tempo, podem se agravar, tornando-se ressentimentos profundos, arrependimentos duradouros. E esses sentimentos podem nos impactar de maneiras inesperadas, tanto emocionalmente quanto profissionalmente.
No meio desse turbilhão, a sabedoria de Aristóteles e Botton oferece um farol. Eles nos incentivam a buscar equilíbrio, a ponderar e refletir. A buscar o “meio termo”. Mesmo diante das pressões avassaladoras, temos a responsabilidade intrínseca de fazer o que é correto. De manter nossa integridade.
FORÇA DISRUPTIVA
Agora, acrescente a tecnologia ao cenário. Especificamente, a Inteligência Artificial (IA). Uma força disruptiva com potencial imenso, a IA traz consigo uma série de desafios éticos. Sistemas de IA, com sua capacidade de aprender e adaptar, podem inadvertidamente aprender e amplificar os preconceitos da sociedade. E muitas vezes, operam de maneira tão complexa que torna difícil discernir como nossos dados são utilizados. Esse panorama torna a ética mais crucial do que nunca. Precisamos assegurar que essas tecnologias sejam transparentes, justas e não prejudiquem inadvertidamente aqueles a quem servem.
Concluindo: em nossa travessia ética, somos constantemente testados e desafiados. A ética é uma jornada contínua, repleta de aprendizado. Ela nos guia, desafia e molda. Em nosso mundo atual, com suas complexidades e avanços tecnológicos, aderir firmemente aos nossos princípios éticos é mais vital do que nunca. E, ao fazê-lo, não só nos fortalecemos como profissionais, mas também crescemos e evoluímos como seres humanos íntegros.
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