Especialistas do escritório Oliva Arquitetura explicam que é possível modernizar o lar sem deixar de destacar as personalidades dos moradores
Fotos Daniel Lee e Júlia Ribeiro
Embora muitas pessoas gostem de se prender a um único estilo de decoração, combinar as características de mais de um padrão pode proporcionar resultados interessantes. É o caso, por exemplo, o rústico e o industrial – escolhas que, a princípio, podem parecer incompatíveis, mas que podem ser mescladas com sucesso desde que isso seja feito com critério e bom gosto.
Muito requisitados pelos clientes nos últimos anos, o rústico e o industrial costumam aliar beleza, funcionalidade e versatilidade, além de um toque de modernidade. O industrial destaca o charme urbano, mas sem abdicar do estilo, e se distingue pelo uso de estruturas aparentes e texturas como o couro, metais e concreto. Já o rústico é marcado por elementos naturais, com a prevalência de móveis em madeira de demolição ou acabamentos mais simples e campesinos.
Pesquisa prévia
“Basicamente, um décor moderno é caracterizado pela presença de itens que estejam em alta em determinada época”, diz Fernanda Mendonça, sócia do escritório Oliva Arquitetura ao lado da também arquiteta Bianca Atalla. Segundo a especialista, diferentemente do contemporâneo, eles podem variar com o passar dos anos, de acordo com a mudança das tendências, e agregam referências que podem se encaixar em qualquer variação. Com muito know-how na criação de ambientes modernos, as arquitetas têm boas dicas para quem busca um décor com essas características.
Bianca afirma que o primeiro passo para modernizar a residência sem deixar de destacar as personalidades dos moradores é observar com atenção o que mais agrada e faz sentido para os proprietários. “Não adianta investir em peças que estão na moda se elas não combinam com o gosto pessoal de quem conviverá com elas todo santo dia”, ressalta a arquiteta. “A casa deve ser um retrato fiel daquilo de quem a habita.”
Ideias e referências para o projeto podem ser encontradas em fontes tão diversas como revistas, sites especializados e até redes sociais. A vantagem de realizar essa pesquisa prévia é que isso diminui as chances de uma determinada tendência não corresponder às expectativas e gostos do cliente após ter sido implementada.
“Em muitas ocasiões, os clientes chegam inspirados pelos insights que encontraram em nosso perfil do Instagram e de outras pesquisas realizadas”, revela Fernanda Mendonça. “E isso é muito legal para construirmos o nosso trabalho.”
Cores
No que se refere às opções de cores, as duas especialistas informam que os tons escurecidos (como o cinza, preto, azul marinho e tons metálicos) combinam com projetos industriais. Isso ocorre em razão dessas tonalidades se harmonizarem muito bem com a serralheria, um elemento comum nesse estilo. E se a intenção for apostar em cores que remetam ao rústico, a dica das especialistas é: quanto mais próximo do natural, melhor!
Cores claras, como o bege, off white e diversos tons amadeirados e terrosos, são bem-vindos. Nos projetos com essa essência, a dupla do Oliva Arquitetura compartilha seu amor por usar e abusar de texturas e tecidos como o algodão cru, crochê e outras peças feitas em patchwork. “Além disso, o xadrez ou floral são superinteressantes, pois enriquecem a decoração com mais cores e vivacidade”, acrescenta Fernanda.
Por fim, Fernanda e Bianca lembram que a diferença entre uma “casa” e um “lar” reside nos detalhes. Os objetos decorativos são os principais responsáveis por contar a história das pessoas que vivem ali. “Um livro, um vinil ou uma peça de memória afetiva podem mudar completamente todo o projeto”, explica Bianca. “Essa seleção denota as preferências, a vivência do morador, e cria um valor sentimental que acompanha por muitos anos.”
A arquiteta conclui ressaltando que, em uma decoração mais neutra, é possível ousar sem medo nos objetos e agradar àqueles com mais de um estilo preferido. “Além da personalidade, eles costumam ser bem democráticos e nos permitem navegar por outras inspirações. Sempre gostamos de pontuar que um não exclui o outro. Ao contrário, se complementam e formam sinergias únicas e elegantes.”