Do planejamento à execução, saiba o que uma sala de TV precisa ter para garantir boas horas de entretenimento
Fotos Maura Mello, Luis Gomes, Eduardo Pozella
Quem não sonha ter em casa uma sala de TV que ofereça toda a tecnologia e conforto necessários para curtir horas de diversão memoráveis na companhia da família e dos amigos? Para realizar esse sonho, é necessário tomar algumas precauções desde o planejamento do espaço, como nos ensinam as arquitetas Danielle Dantas e Paula Passos, à frente do escritório Dantas & Passos Arquitetura.
A dupla de especialistas ressalta que a tão almejada sala de TV deve proporcionar uma experiência completa, que alie ergonomia, tecnologia e, acima de tudo, bem-estar. “Mais do que um ambiente de entretenimento, geralmente ela é, também, o ponto de encontro da família, principalmente à noite”, destacam Danielle e Paula. “Por isso, a iluminação deve ser suave, os móveis precisam conversar com a rotina e tudo deve estar ao alcance, com fluidez e praticidade”.
MEDIDAS
Uma sala de TV bem planejada nasce com um estudo criterioso da área em que será implementada. Para determinar as premissas do projeto, o primeiro passo, segundo as profissionais, é estabelecer o espaço disponível e entender como os moradores pretendem usufruir da sala. “Observamos o número de pessoas, a frequência e o tipo de conteúdo que será consumido. A partir disso, conseguimos pensar em soluções que se adaptem ao estilo de vida de cada família”, explica Paula Passos.
Assim como um sofá é escolhido conforme o tamanho da sala, a mesma coerência se aplica na definição do tamanho da TV. “Muita gente sonha com uma tela gigante, mas será que a sala é compatível para receber?”, indaga Danielle. De acordo com ela, o exagero em comprar equipamentos desproporcionais com o ambiente pode levar ao desconforto visual.
A regra, assim, é multiplicar o tamanho da tela (em polegadas) por um fator entre 1,5 e 2,5 para obter a distância ideal em metros. Nessa matemática, para uma TV de 50”, por exemplo, a distância recomendada entre o equipamento e o sofá varia entre 1,9 e 3,8m. E mais: com o advento da tecnologia, a resolução da TV também é relevante. Modelos 4K ou 8K permitem uma visualização mais próxima e sem perda de qualidade, o que amplia as possibilidades de layout, enquanto as versões Full HD demandam maiores distâncias.
Ainda, é preciso garantir que o centro da tela esteja à altura dos olhos quando estiverem sentados. “Um erro comum é instalar a televisão muito acima, provocando dores no pescoço”, exemplifica Danielle. “A altura ideal depende do sofá ou das poltronas, por isso, tudo deve ser pensado em conjunto”.
SUA MAJESTADE, O SOFÁ!
Na sala de TV, o bom e velho sofá ganha protagonismo junto com o televisor em que suas séries e filmes prediletos serão assistidos. Na hora de investir em um modelo, lembre-se de priorizar não apenas a estética do móvel, mas, também, sua ergonomia alinhada com a área livre. Sofás macios, com encostos altos e profundos, são os mais recomendados para relaxar, assistir a filmes ou tirar uma soneca no meio da tarde.
“Gosto de levar nossos clientes para testar o sofá na loja, pois o conceito de comodidade varia de pessoa para pessoa”, revela Paula. A profissional recomenda um modelo com 70 a 100cm de profundidade do assento para o melhor descanso das pernas. No que tange a altura, modelos muito baixos dificultam a movimentação de idosos ou pessoas com mobilidade reduzida.
Já em salas menores, uma solução bem-vinda é o sofá retrátil (diferentemente de salas mais amplas, nas quais sofás nas configurações ilha, modular ou com chaise permitem as composições mais versáteis). Além da tela, é preciso considerar as proporções dos móveis e o espaço de circulação. A dupla de arquitetas destaca que 60cm se constitui no vão mínimo entre o sofá e a mesa de centro ou rack.
BOA CIRCULAÇÃO
Lembre-se, ainda, de posicionar o mobiliário no ambiente de forma que favoreçam a boa circulação. Já as mesas de centro são peças estratégicas, mas não devem estar tão próximas a ponto de atrapalharem o ir e vir dos moradores, nem tão distantes a ponto de perder a eficiência.
A iluminação deve ser suave e indireta, evitando a criação de reflexos indesejáveis que prejudiquem a visualização dos conteúdos na tela da TV. A arquiteta Paula gosta de trabalhar com arandelas, sancas com fitas de LED embutidas ou luminárias com dimmer, que permitem controlar a intensidade conforme o momento. Cortinas, incluindo a versão blackout, e persianas também são bem-vindas para controlar a entrada de luz natural e reforçar o clima de cinema.
No que diz respeito à acústica do espaço, são bem-vindos no décor elementos como tapetes, cortinas e estofados, por sua capacidade de absorver o som e reduzir a possibilidade de distorções. Em casos específicos, Paula explica que é possível buscar produtos que auxiliam na eliminação dos ruídos externos, em geral, pela localização do imóvel. Em um projeto assinado pela dupla de especialistas, foram utilizados painéis de madeira na parede para absorver parte do som e, ao mesmo tempo, ajudar na reverberação.
SOUNDBARS
Também segundo as profissionais, embora as configurações de áudio tradicionais para home theater se mantenham nos projetos atuais, hoje há uma presença cada vez maior de equipamentos como a soundbar e as caixas Bluetooth nas salas de TV. “O importante é que o projeto de marcenaria preveja locais adequados para acomodar os aparelhos, com ventilação suficiente para evitar superaquecimento e espaços para esconder os fios, deixando tudo mais organizado e esteticamente limpo”, lembram Danielle e Paula.
A automação é a proverbial “cereja do bolo” no projeto da “sala de TV perfeita”, pela forma como integra os sistemas de som, equipamentos de iluminação e aparelhos de ar-condicionado. Mesmo em versões simples, esses recursos fazem a diferença na rotina e na forma como o ambiente é utilizado.
Esta matéria está na edição 231 da Áudio & Vídeo – Design e Tecnologia. Acesse gratuitamente e descubra como transformar sua sala de TV em um espaço ainda mais confortável, funcional e cheio de estilo!
