Decoração pode contribuir para o bem-estar e a saúde mental das pessoas

Certas cores e elementos do décor tornam mais confortáveis e relaxantes os ambientes de uma casa ou escritório

Uma vida saudável requer mais do que exercícios físicos e boa alimentação. Muitos são os fatores que podem afetar o nosso bem-estar – e muitas vezes, nós não os notamos, embora eles afetem a nosso moral e nos desequilibrem emocionalmente. Um desses fatores pode ser a decoração da casa, que também exerce uma influência sobre o emocional dos moradores.

Para alguns especialistas, os ambientes têm um impacto direto em questões emocionais e na forma como lidamos com elas. Embora a relação entre saúde mental e ambiente seja mais óbvia quando se fala de temas como claustrofobia, outros transtornos e síndromes também sofrem essa influência.

Iluminação

Marilice Casagrande Lass Botelho, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo (UP), acredita que os aspectos mais prejudiciais à saúde mental de quem utiliza determinados espaços estão relacionadas a questões de proporção (problemas ergonômicos), incidência inadequada de iluminação natural, presença de ruído e uso inadequado de cores e textura.

Marilice explica que, quando se fala em ambientes mal planejados, há muitos campos de estudo envolvidos a considerar, incluindo a ergonomia, que estuda a relação das pessoas com os ambientes, a engenharia humana, que sintetiza e integra a psicologia, a antropologia, fisiologia e medicina, e a antropometria, que é o estudo das medidas do corpo humano.

A iluminação natural desempenha um papel muito importante na obtenção de uma atmosfera agradável para os espaços de uma residência ou escritório. E, segundo a especialista, esse não é um fator meramente emocional, mas também, biológico. Algumas pesquisas demonstram que a luminosidade no ambiente interfere diretamente no metabolismo das pessoas. Ter pouco contato com a luz natural muda a produção de certos hormônios, o que é determinante para alterações de humor e padrões de sono, além do desenvolvimento de sintomas de depressão.

Mobiliário descontraído

Segundo Marilice, projetos bem planejados (com proporções espaciais e iluminação corretamente aplicadas, ventilação apropriada, baixo índice de ruído e paleta de acabamentos compatível com as funções ali desenvolvidas) geram espaços confortáveis e harmônicos.

Nos espaços de trabalho da atualidade, novas propostas têm sido consideradas – por exemplo, eles podem contar com os chamados espaços de descompressão. Empregado desde a década de 1990, esse recurso tem impacto positivo comprovado. “Para compor o ambiente, adotam-se usos e decoração diferenciada”, prossegue a especialista. “Mobiliário descontraído, como pufes e sofás, mesas de jogos coletivos, televisão, instrumentos musicais, vídeos-game e redes de descanso.”

Conexão com a natureza

Outra tendência contemporânea da decoração – a presença de elementos da natureza no décor – é uma estratégia que proporciona uma salutar conexão entre os espaços construídos e o mundo natural. Elementos como água, vegetação, luz natural, madeira e pedra são boas opções para transmitir sensações de bem-estar e conforto emocional. Tudo isso vai ao encontro dos preceitos da biofilia.

“Com base nos estudos desenvolvidos pelo biólogo Edward O. Wilson, em 1984, ao se aproximarem da natureza e de outros seres vivos, os seres humanos desenvolvem sensação de bem-estar relacionada à paz e à tranquilidade”, explica Marilice. “Comprovadamente, os benefícios são inúmeros e incluem a diminuição da frequência cardíaca e da pressão arterial”.

A reconexão com a natureza pode estar até no formato dos móveis e dos ambientes. A especialista afirma que o uso de formas e silhuetas que mimetizem estratégias encontradas no mundo natural, com formatos mais sinuosos e orgânicos, em vez das linhas retas e formas geométricas, é outro fator que pode contribuir para a saúde mental das pessoas.

Sem esquecer, é claro, o poder das cores. Como destaca a especialista, a psicologia das cores nos leva a entender que os tons não são um fenômeno físico, mas um comprimento de onda que pode ser percebido de forma distinta por diferentes pessoas. Estudos demonstram que diferentes emoções estão relacionadas a diferentes cores. O vermelho, por exemplo, estimula o corpo humano, aumentando a pressão sanguínea e o número de batimentos cardíacos, além de nos transmitir uma sensação de confiança e intensidade.