Segundo as especialistas do escritório Oliva Arquitetura, a boa utilização das paredes e até a valorização da luz natural evitam aquela impressão de “imóvel pequeno”
Fotos Julia Ribeiro e Daniel Lee
A tendência, agora, são apartamentos pequenos, com metragens entre 40 e 60m². Isto pode ser ótimo do ponto de vista da organização e da funcionalidade, mas complicado na hora de decorar. Isto porque, sem alguns cuidados básicos, o décor pode fazer o imóvel parecer ainda menor do que é. Além de desfavorecer o apartamento esteticamente, decisões equivocadas podem até comprometer a circulação de pessoas dentro da propriedade.
“Sem o suporte de profissionais especializados, as escolhas dos moradores podem interferir na harmonia da decoração e não oferecer o conforto esperado”, diz Fernanda Mendonça, do escritório Oliva Arquitetura. Em conjunto com as sócias Bianca Atalla e Elisa Ju, a profissional destaca seis erros comuns que fazem os espaços pequenos parecerem ainda mais reduzidos, assim como as soluções para não errar na hora de definir a decoração do imóvel.
Tamanho dos móveis
Segundo as especialistas, um equívoco frequente é comprar móveis baseando-se apenas em critérios estéticas e de conforto. Na verdade, antes de adquirir um sofá, rack, poltrona e outros artigos do gênero, é fundamental tirar as medidas que colaboram para duas importantes decisões: a escolha do modelo e a definição do local a ser instalado. “Antes de ir às compras, medidas anotadas garantem o encaixe perfeito”, lembra Bianca Atalla. Nesta sala, o trio não queria perder nenhum centímetro do ambiente. Com tudo escolhido de acordo com o projeto, o resultado foi uma circulação agradável entre o sofá e o rack. Lindo demais, não?
Marcenaria sob medida mal dimensionada
A marcenaria é um dos pontos altos do projeto. Afinal, ela tem uma grande influência na definição do layout, principalmente em um apartamento pequeno. O trio revela que, depois de realizar o projeto, contam com a parceria de um marceneiro experiente e especializado em seu ofício. “Se, durante a execução da marcenaria, o profissional começar a fazer mudanças sem avaliar o impacto, o resultado será uma marcenaria mal dimensionada e fora do conceito definido, resultando em um ambiente menor do que realmente é”, alerta Elisa Ju.
Uma estratégia adotada pelas sócias do Oliva, em se tratando de apartamentos pequenos, é sempre bater um papo com os clientes, para entender suas rotinas e propor soluções condizentes com a realidade. Por exemplo: o proprietário vive sozinho ou em companhia da família no apartamento?
Neste projeto, com apenas 35m², o trio produziu um espaço multiuso: a bancada da cozinha serve de apoio para o preparo das refeições, pode ser usada como balcão e ainda faz as vezes de móvel para a TV.
Pouca luz natural
Luz é vida, ainda que este quesito seja negligenciado em muitas residências modernas. Infelizmente, a ausência de luz natural se torna cada vez mais comum nos novos empreendimentos, também em razão das janelas menores instaladas pelas construtoras. Segundo Fernanda, o procedimento adotado, nesses casos, é consultar as normas do condomínio e checar se é possível substituir o modelo por outro maior. “Quando isso é permitido, o investimento contribui para a sensação de amplitude e bem-estar dos habitantes”, diz a especialista.
Na planta original, a varanda apresentava pequenas janelas que não permitiam abundância de luz natural. Após o sinal verde da administração, o cômodo ganhou vida nova com o fechamento de vidro que assegurou privacidade e a proteção contra o sol forte e a chuva. “Poderíamos aplicar uma película opaca, mas preferimos aproveitar a iluminação em sua plenitude”, acrescenta Bianca.
Às vezes, menos é mais!
Ainda segundo as profissionais do Oliva Arquitetura, às vezes, no que se refere à decoração, a máxima “menos é mais” pode ser muito adequada. As pessoas costumam acreditar que deixar espaços com aspecto de “vazio” é errado, quando o oposto pode ser pior: pesar na decoração, além de deixar o ambiente carregado, transmite aquela impressão de ambiente pequeno. Elas recomendam trabalhar o equilíbrio na escolha de quadros e objetos decorativos, assim como a instalação de prateleiras, entre outros macetes. Cantos vazios – que, até então, seriam desprezados –, podem ser a solução. Isto se aplica à parede do projeto deste dormitório, que ganhou uma sapateira e uma gallery wall com fotos tiradas no casamento e na lua-de-mel dos moradores.
Má utilização das paredes
Paredes vazias pedem parcimônia para definir sua estética com a personalidade dos moradores. Nichos e prateleiras trazem praticidade para o dia-a-dia. A arquiteta Bianca Atalla conta que, nesse projeto, o escritório reservou uma parte da parede para explorar o décor. “Fizemos uma composição de caixotes de feira usados como nichos e prateleiras que receberam itens especiais do casal, mesclando o rústico e o clássico”, informa a especialista.
Integração de ambientes
Por fim, as arquitetas lembram que a integração dos ambientes é uma estratégia que contribui para atenuar a impressão de lugar pequeno. Porém, eliminar uma parede e conectar dois cômodos depende do espaço disponível. Divisórias vazadas são alguns dos recursos empregados em projeto. A marcenaria entra em ação quando a união também pede momentos de privacidade. Com portas retráteis, a sala de TV, conectada ao jantar, passa a ser um lugar reservado com o fechamento das folhas.