Projeto em que a cliente optou por viver a terceira idade de forma mais prática e tranquila.

Levando em conta as necessidades da cliente, arquiteta Mari Milani idealizou um décor irresistível para um imóvel de 53m²

Por Redação Fotos Rafael Gap

Adepta da ideia de que ambientes transformadores vão além da simples construção de paredes e distribuição de cômodos, a arquiteta Mari Milani costuma prestigiar as grandes feiras e mostras do setor em busca de novas tendências que incrementem seus projetos. Ao longo da carreira, a especialista já assinou mais de 200 trabalhos para espaços residenciais e corporativos.

Este projeto, concebido para um imóvel de apenas 53m², foi idealizado para atender às demandas de uma moradora que decidiu trocar uma residência maior por outra de dimensões mais enxutas. Um imóvel é um reflexo das tantas fases de nossas vidas. Desde o início da jornada de fase adulta, desenvolvemos um estilo próprio, gerenciamos as primeiras escolhas e as mudanças a partir das necessidades do dia a dia. Na terceira idade, o modus operandi não poderia ser diferente: a morada precisa contemplar o bem-estar e a segurança adaptados às novas demandas que o ciclo requer.

CIRCULAÇÃO

A partir dessa diretriz, a arquiteta concebeu o charmoso e prático layout dos espaços da nova propriedade. “É bastante comum que pessoas nessa faixa etária, depois de viverem por muito tempo em grandes residências, queiram habitar imóveis compactos depois que os filhos se casam”, observa a especialista.

Em busca da facilidade e um volume menor de tarefas para a manutenção do novo lar, sua cliente pediu um layout otimizado, aconchegante e com um quartinho para a sua neta. Com uma planta enxuta, o primeiro passo foi melhorar a circulação entre a sala e a cozinha por meio da integração dos ambientes. “Para isso, realizamos a demolição de apenas uma parede, que nos entregou essa fluidez”, prossegue a autora do projeto.

A profissional também enfatiza que um atributo sempre levado em conta em seus trabalhos para clientes idosos é a largura das portas e passagens. Mari conta que esse requisito é fundamental para assegurar a mobilidade e a locomoção de pessoas que pertencem a essa faixa etária. Porém, ela revela que tais adaptações não descaracterizam o estilo escolhido para o design de interiores.

Também reforça a importância de conhecer as preferências dos moradores para prestigiar suas atividades preferidas. “Pode ser desde o prazer de assistir TV, o hábito da leitura, costura, artes manuais ou a culinária”, exemplifica Mari. Ainda segundo a profissional, uma iluminação bem distribuída é crucial para a comodidade de todos, principalmente no caso de clientes com mais de 60 anos de idade.

DETALHES

Outro cuidado tomado pela arquiteta foi promover uma distribuição coesa do mobiliário, com o objetivo de ampliar as potencialidades do apartamento e não se tornar um impedimento na vida cotidiana da moradora. Além de avaliar a distribuição do layout em função da área enxuta, a ausência de uma varanda reforçou a exigência por um excelente aproveitamento da área do imóvel.

Na hora de escolher os móveis para a sala de estar, Mari privilegiou a inclusão de formatos apropriados para a fisiologia dos idosos: na mesa de centro, o formato redondo elimina o risco de machucados nas pernas. Já no que diz respeito ao sofá, além de uma densidade mais firme do assento, é importante que o morador possa apoiar os pés no chão e não corra o risco de tropeçar no tapete. “Por isso, sempre prolongo uma parte para ser encaixada embaixo da peça, para não haver quedas em função das pontas que podem se enrolar nos pés”, ensina a arquiteta.

Ainda, nessa sala aconchegante é possível notar as presenças de um espelho postado na parte superior da parede que acompanha o sofá e a persiana que coopera para o controle da incidência solar no ambiente. Na sala de jantar, a realização do banco alemão foi uma estratégia inserida para ampliar o número de assentos em ocasiões especiais realizadas pela moradora.

Como um contraponto para minimizar a percepção de espaços pequenos, o projeto de interiores incorporou uma paleta neutra composta por tons de cinza, amadeirado e toques de rosa em pontos específicos. Outro destaque do projeto foi o efeito ripado, que marcou presença tanto no painel da TV, que se une à cozinha, como no móvel do banheiro.

DORMITÓRIO

Para o dormitório, a arquiteta definiu a verticalidade como o sistema que permitiu, por meio da marcenaria inteligente, dispor armários que ocuparam as paredes até o teto. Seguindo a cabeceira estofada, o ‘L’ incluído abriu espaços adicionais para acomodar itens menos acessados pela moradora. O projeto luminotécnico desse espaço também foi personalizado: na altura da cabeceira, Mari incluiu uma extensa fita de LED embutida que, além da ambiência reservada, contribui para a comodidade da moradora nos momentos que precisa levantar durante à noite.

Um segundo dormitório foi planejado para uma visita frequente: a netinha da moradora. Assim, o décor compreende sofá-cama, armários e ares delicados para que sua hóspede preferida possa ser sempre bem recebida. Assim como no quarto principal, a estrutura vertical da marcenaria entregou a expectativa desejada: um incrível aproveitamento para a oferta de espaços.

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