Segundo a arquiteta Isabella Nalon, peças antigas se destacam pela qualidade e a riqueza de seu design
Fotos Julia Herman
Eles não apenas nos encantam com sua elegância e apelo tradicional, como, muitas vezes, também despertam lembranças preciosas, que devem ser valorizadas. Estamos falando dos móveis antigos, presentes em muitas residências e que, quando incorporados de maneira eficiente à decoração, agregam charme e sofisticação aos ambientes.
“Eu adoro mesclar peças novas com antigas, e o segredo está no equilíbrio”, afirma a arquiteta Isabella Nalon, à frente do escritório que leva o seu nome. “Escolha um elemento de destaque – uma poltrona, um carrinho de chá ou uma mesa de centro. Às vezes, é necessário reformá-los, trocando o tecido ou lustrando a madeira, mas sempre vale a pena”.
Ecletismo e charme
Em seus projetos, a especialista gosta de incorporar mobiliários de época para compor a arquitetura de interiores das residências. Ela acredita que o apelo dessas peças reside em fatores como a riqueza dos detalhes do design, que lhes confere muita personalidade. De fato, os móveis antigos agregam com muita classe o estilo vintage na decoração dos lares. E são bem-vindos nos mais diversos estilos, uma vez que criam um interessante contraste com o contemporâneo.
Outra vantagem dos móveis vintage é seu ecletismo – eles ficam bem tanto em ambientes interiores como exteriores. Como exemplo, Isabella cita a varanda de um apartamento que idealizou: com a proposta de inserir uma atmosfera rústica, o mobiliário de época, combinado com o frigobar retrô, trouxe uma ambiência gostosa em plena capital paulista. “Nesse projeto, inserimos de maneira pontual vários móveis antigos por todo apartamento, mas a varanda seguiu mais por essa proposta com a cristaleira que recebe copos e taças e o aparador”, conta a especialista.
Ela ainda se recorda de um projeto no qual foi em busca de peças que, ao serem vistas, conectassem o cliente com os bons momentos de sua vida. “No apartamento desse morador, foi uma delícia inserir um telefone antigo de parede, bicicleta, máquina de escrever, lustres e uma poltrona de leitura da década de 1960”, recorda a arquiteta.
Embora seja fã de móveis vintage, porém, Isabella lembra que é preciso tomar cuidado para não “errar na dose”. O excesso de antiguidade pode provocar uma sensação de anacronismo. Sua recomendação é apostar em peças pontuais, que serão os destaques do ambiente. E a mescla entre móveis antigos e outros com design atual costuma ser a receita para aqueles que têm apreço por um lar com memórias e com a sensibilidade de quem sabe valorizar o belo, e não datado.
Sem exageros
A especialista acrescenta que, para pessoas que querem decorar sem exagerar nos gastos, o mobiliário antigo é uma boa alternativa – afinal, podem ser adquiridos por preços consideravelmente menores que os de peças novas. A busca pelas peças pode ser empreendida em lojas e brechós especializados, e muitos deles já fazem o restauro das peças. “Quem se dedica a comercializar produtos antigos costuma fazer uma peneira muito bacana, contribuindo para o desejo de quem é colecionador ou está em busca de um item que toque o coração”, diz a arquiteta.
A restauração é uma solução interessante, já que há sempre alguém dispondo de um móvel antigo que não pretende mais empregar em sua casa. E diferentemente do que muitos imaginam, a recuperação das peças nem sempre é um trabalho muito complicado. Às vezes, uma simples demão de tinta ou verniz bem aplicada é suficiente para dar uma repaginada no móvel.
Antes da aplicação de qualquer produto, porém, a peça deve ser lixada, pois o material antigo dificulta a aderência do polímero da tinta ou do verniz. Caso sejam encontradas imperfeições, a solução é aplicar massa para acabamentos de madeira.
Preserve suas peças vintage
É claro que, após dedicar toda essa atenção aos seus móveis vintage, é necessário cuidar de sua preservação. Lembre-se de que eles exigem o mesmo cuidado de um mobiliário novo – e como tal, requerem uma limpeza criteriosa, feita com com produtos específicos para a madeira, os estofados, o couro ou o metal.
Se o móvel não oferecer as condições básicas para ser restaurado, será preciso descarta-lo. Nesse caso, a arquiteta lembra que é importante procurar por pontos de coleta de itens velhos ou de reciclagem comandados pelas prefeituras de cada município. Outra possibilidade é acionar organizações não governamentais ligadas à causa do meio ambiente.
“Muitas delas cobram apenas um valor simbólico para buscar o móvel no endereço indicado”, conclui Isabella. “Como profissional e cidadã, me entristece constatar que muitos munícipes ainda jogam o que não querem mais nas calçadas ou em terrenos. Esse é um crime para com o meio ambiente e não podemos, jamais, incorrer nesse erro”.
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