Com o aprimoramento da coleta de informações, cidades se tornarão cada vez mais seguras, econômicas e sustentáveis
*Por Roberto Blatt
É tendência atual (principalmente em grandes cidades) ter câmeras espalhadas para cuidar do monitoramento do tráfego. Nas cidades inteligentes, esses equipamentos não são apenas “olhos”, mas parte do “cérebro” do município: a ideia por trás desses sistemas é que seus dados sejam processados e combinados aos de sensores presentes em postes, faixas de rolamento, pontos de pedágio e, também, aos que virão incorporados aos veículos, dando origem a uma série de informações que vão além das que se obtêm pela observação direta das imagens.
Como resultado dessa combinação, é possível detectar mais rapidamente acidentes ou pontos e horários críticos de congestionamento, o que permite aprimorar aplicativos de trânsito como Waze ou Google Maps, indicar aos motoristas os melhores caminhos a seguir e otimizar a alocação do transporte público e as áreas de estacionamento, reduzindo-se gargalos no trânsito.
MUITO A DESCOBRIR
E há muito mais benefícios que podem ser conseguidos. Agregando-se sensores diversos, aprimora-se a coleta de informações e os resultados positivos do processamento de dados podem ir além da questão do tráfego:
· Alertas mais efetivos e antecipados contra a possibilidade de inundações.
· Aumento de segurança: melhoria no mapeamento de pontos mais perigosos, acrescentando-se à coleta de imagens a detecção de ruídos de distúrbios, arrombamentos ou tiros.
· Coleta de lixo mais eficiente: monitoramento do nível de carga das lixeiras e coletores, alerta de lixo incendiado ou revirado, de vazamento em recipientes; as empresas de coleta de lixo podem pular pontos onde os coletores ainda estejam longe de atingir sua ocupação plena.
· Melhoria da iluminação pública: com o aumento da iluminação em pontos onde esta é mais crítica e com redução em pontos onde não há fluxo de pessoas e veículos.
· Monitoração de ruído pode indicar o nível de poluição sonora pontual, frequente ou permanente, apontando necessidade de intervenções.
DAS CIDADES AOS EDIFÍCIOS INTELIGENTES
Edifícios contribuem com 40% do consumo global de energia, a iluminação consome, em média, 20%, e o sistema de climatização, 40% dos custos de energia de um prédio comercial. Assim, o monitoramento adequado de suas instalações, com consequentes medidas de adaptação, tem grande impacto em termos de economia e sustentabilidade. Além disso, há diversos aspectos que podem ser rastreados, de modo a aumentar a economia, o conforto dos usuários e a segurança das instalações:
· Estresse da edificação: sensores de vibração e deformação monitoram o estado geral da construção e acusam alterações indesejáveis.
· Sensores de inundação e vazamentos anunciam imediatamente os pontos que requerem intervenção contra os riscos provocados por água e outros líquidos.
· Detectores de agentes atmosféricos diversos (como CO2), de umidade, temperatura, ventilação e ruído acusam riscos para a segurança física ou conforto dos usuários do local.
· Sensores de luz solar permitem a coleta de dados, que, tratados, podem determinar o melhor uso da iluminação interna, persianas e cortinas e equipamentos de climatização.
· Iluminação e aquecimento de salas de reunião podem ser previamente programados em função da agenda de reservas do local, para que, quando for iniciado o uso do ambiente, este se ache adequadamente climatizado e iluminado (tudo programado de maneira remota).
Em suma, o conjunto de dados captados e processados pode prover um panorama sobre o estado de saúde do edifício e do uso das instalações, permitindo um melhor controle dos riscos e um retorno positivo em termos de produtividade.