A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

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Depois da popularização do download de música a pirataria tomou conta desse segmento. Canais de Stream e de download legalizados é a melhor opção

Não é exagero afirmar que, no Brasil, quando nasce um menino, seu primeiro presente é uma bola de futebol. Já na Inglaterra, o primeiro presente é um instrumento musical (de preferência, uma guitarra). O gosto precoce por música – seja compondo, produzindo ou apenas ouvindo – não impede a atual geração de adolescentes e adultos de consumir arquivos em MP3 através de downloads ilegais da Internet, hábito já enraizado no hiperconectado mundo atual.

Com as devidas diferenças culturais levadas em conta, foi lá mesmo, na Inglaterra – berço de bandas de rock seminais – que, por meio de uma pesquisa realizada em 2008 pela BPI (British Recorded Music Industry), constatou-se que 56% da população não investiu nada em música naquele período. Apenas baixou e ouviu gratuitamente suas canções preferidas.

Ainda de acordo com as estatísticas, 52% dos compradores de música tinham entre 30 e 39 anos e apenas 34% estavam entre os 12 e 19 anos de idade. O que indica que a geração “digital” não está preocupada em fazer aquisições legais, partindo mesmo para os downloads “piratas”. Estes dados foram contabilizados há nove anos. Imaginem a situação atual…

A BPI, na Inglaterra, e a RIAA (Recording Industry Association of America), nos EUA, defendem os interesses tanto de gravadoras independentes quanto das majors do segmento (Sony Music, Universal Music, Warner Music etc.). Empenham-se em apoiar iniciativas que informem e eduquem os consumidores sobre a importância do trabalho dos artistas, desde a concepção de um disco até sua produção e distribuição legal, enfatizando os serviços legais de download e mostrando o prejuízo causado pela pirataria.

A organização Music Matters, que atua em países como EUA, Inglaterra, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia, representa uma comunidade de artistas, selos, revendedores e produtores musicais que se uniram para mostrar aos fãs que música deve ser adquirida de forma legal.

Com uma campanha na mídia composta por uma série de curtas-metragens animados, a Music Matters mostra que os artistas se valem dos direitos autorais dos sites de downloads de músicas legais (assim como da venda de mídias físicas) para darem continuidade ao seu trabalho e poderem viver apenas da própria arte.

Grande parte dos jovens acha que não deveria pagar por suas músicas preferidas, dando pouca importância aos artistas. A maioria destes consumidores nasceu na era dos downloads e, com a falta de tempo livre (e o elevado custo de vida atual), seus pais deixaram de garimpar mídias físicas em lojas. Isto explica porque o hábito de colecionar não foi transmitido a esta nova geração.

Não há como negar que a facilidade de baixar apenas os hits preferidos e montar set lists personalizadas para gadgets portáteis é muito divertido. Mas todo este processo pode (e deve) ser feito de forma legal, respeitando-se e valorizando-se o trabalho de todos.

Um trabalho educativo, como a ação realizada pela Music Matters, é essencial. Afinal: o mundo ficou mais “rápido” e “conectado”. Mas nem por isso precisa deixar de ser “ético”. Mais informações no link: http://www.whymusicmatters.org.