Especializada no mercado gamer, Marina Correia, gerente de monitores da Samsung, também acredita que é essencial entender o que o consumidor quer e precisa
Atualmente ocupando o cargo de gerente de produto de monitores da Samsung Brasil (área em que atuou logo quando ingressou na empresa, após ser selecionada pelo programa de trainees, em 2014), Marina Correia é especializada no mercado gamer e tem a convicção de que, com o tempo, esses equipamentos deixarão de se focar em categorias específicas, passando a atender a variados tipos de usos.
Na entrevista a seguir, Marina relembra as transformações tecnológicas que testemunhou nos últimos anos e faz ponderações interessantes sobre o futuro do setor.
Mesmo com a evolução das telas, os monitores não saíram das casas das pessoas e de dentro das empresas. Como você enxerga a atuação da Samsung nesse mercado?
A inovação é um pilar da Samsung e, no dia a dia, preservamos esse valor mantendo a abertura para o diálogo e para todo tipo de trocas, dentro e fora da equipe. Na área de monitores, sempre que encontramos coisas interessantes ou pensamos em algum insight, procuramos dividir e complementar a ideia uns dos outros. Não é algo exatamente formal, mas considero um dos pontos que mais nos ajuda a nos manter instigados e atentos ao nosso mercado e atuação. Especificamente sobre monitores, considero que a maior questão é entender o mercado a fundo para oferecer o que há de melhor. Levando em conta o público gamer, por exemplo, sabemos que ele não é uniforme e imutável. Há pessoas que jogam casualmente, mas contam com um setup robusto, ou seja, são capazes e têm vontade de investir nos melhores produtos, enquanto há entusiastas e aficionados que, mesmo buscando produtos de alta qualidade e performance, buscam opções mais em conta. Nem todo gamer hardcore compra o produto mais caro, e vice-versa. A Samsung adota a estratégia de oferecer produtos que se encaixam no perfil de todos os consumidores.
Uma visão simplista pode considerar o monitor um produto obsoleto em meio às ofertas de televisores, smartphones e notebooks. Quais seriam, então, os diferenciais dos monitores para os usuários no dia a dia?
Monitores são itens essenciais para alguns perfis de usuários, como gamers e profissionais que trabalham com vídeos e imagens, por exemplo. As pessoas querem produzir com o máximo de aproveitamento em frente às telas. Os notebooks, que são equipamentos importantes e fundamentais, estão cada vez mais compactos, e, por isso, muitas pessoas sentem a necessidade de uma segunda tela. Então os monitores se encaixam perfeitamente nesse contexto, como os modelos ultra-wide e super ultra-wide. No Brasil, hoje a Samsung conta com o monitor Odyssey G5, de 34”, e o Odyssey G9, de 49”, que são referência em espaço de tela. Esses modelos, inclusive, são muito vendidos para o público não gamer, seja para quem precisa conferir informações em tempo real, ou quem trabalha com edição, por exemplo.
O conceito de produtos híbridos parece ser uma tendência cada vez mais relevante, e entre as tecnologias para exibição não é diferente. O que podemos esperar de novidades tecnológicas inovadoras em monitores para os próximos anos?
Eu enxergo uma tendência crescente de diminuição das divisões e classificações destes equipamentos. Acredito que, com o tempo, não teremos produtos focados apenas em cada categoria específica, como gamers ou de uso convencional. A ideia para o futuro – cada vez mais próximo e presente – é oferecer monitores cada vez mais completos, com funções que atendam as demandas dos consumidores, para variados tipos de usos. Em breve, cada vez mais os produtos de entradas contarão com recursos Premium, como resolução 4K, por exemplo. Há quatro anos isso não estava no horizonte, mas o nosso trabalho e a evolução do mercado no Brasil nos dão essa perspectiva.
Monitores de alta performance são consideradas ferramentas essenciais para gamers que buscam o máximo das telas, sejam amadores ou profissionais. O quanto esse mercado representa para a Samsung ao idealizar e desenvolver produtos?
O lineup global de monitores é criado na Coreia, mas o Brasil escolhe quais modelos virão para o país. Nós baseamos a nossa estratégia a partir de dados de mercado para entender se e onde os produtos se encaixariam. Às vezes são feitas apostas ousadas, mas sempre com base em informações assertivas e no conhecimento cada vez mais aprofundado do mercado. O Brasil tem a liberdade de criar, por exemplo, uma campanha de marketing e comunicação totalmente nova e sob medida para o público daqui, por exemplo. Também é importante estarmos sempre atualizados com o que o mercado quer e precisa, seja frequentando eventos do meio para ficarmos por dentro do cenário gamer. Hoje, com um portfólio mais robusto e em crescimento, somos capazes de encomendar pesquisas especificas para ter insights a partir da visão do consumidor, para entender o que ele quer e precisa. Mais de 60% do nosso lineup é focado neste público, mas é sempre bom lembrar: ninguém é gamer 100% do tempo, e o usuário pode se beneficiar de recursos voltados a outros tipos de uso e perfil.
O mundo da tecnologia e, especificamente, dos jogos, é marcado por uma forte presença masculina, em que as mulheres, no geral, precisam conquistar e manter seus espaços em meio a preconceitos e dificuldades que os homens não enfrentam. Como você descreve a trajetória – pessoal e profissional – que te levou a ocupar uma posição de gerente neste cenário?
Quando comecei a trabalhar na Samsung, meu planejamento de carreira sempre foi focado no objetivo de me tornar uma executiva. Na área de tecnologia, a presença masculina é realmente muito forte, mas, por isso mesmo, acredito que eu tenha me esforçado ainda mais para mostrar a minha expertise. Sempre me interessei em aprender a fundo a parte técnica do meu dia a dia à frente do produto, frequentando treinamentos e conversando com outros profissionais para entender cada vez mais sobre este universo. Saber sobre o produto monitor me deu toda a propriedade para me tornar relevante dentro dos objetivos da organização e, claro, alcançando meus objetivos pessoais.
Quais foram os momentos mais marcantes em sua atuação na Samsung, considerando todos os desafios enfrentados em atuar com as rápidas mudanças no mercado de tecnologia?
Foram vários, mas o primeiro foi logo quando comecei na área de monitores. Tivemos uma negociação importante com o time da Coreia para mostrar que o mercado gamer no Brasil tinha um potencial enorme. Graças a esse esforço, conseguimos trazer um produto com as especificações necessárias para atender ao público e repaginá-lo do ponto de vista de marketing e comunicação, resultando em um dos produtos mais vendidos dentro da categoria até então. Além disso, em outro momento aproveitamos o insight de um executivo de fora do Brasil para apostarmos em um produto de 49 polegadas no nosso mercado, algo que não tínhamos testado, e deu muito certo: vendemos um volume muito acima do esperado, considerando o segmento gamer, e o Brasil entrou definitivamente no mapa em posição de destaque na categoria. Um terceiro momento que me marcou na Samsung foi o lançamento da família de monitores Odyssey no Brasil, com os modelos Odyssey G7 e Odyssey G9, ambos premiados na CES. Os resultados de venda foram muito significativos, viramos um case na América Latina por conseguirmos vender produtos de alta performance ao nosso público. De forma geral, acredito que o jeito de enxergar o mercado gamer é meu principal legado na companhia. Hoje a área de monitores da Samsung conta com grandes ativações e recall de marca dentro do segmento gamer.
Lazer, estudo e trabalho costumam cobrir quase tudo o que uma pessoa faz em frente a uma tela nos dias de hoje. Existe um monitor Samsung para cada tipo de uso?
A evolução das telas é inevitável, mas, como ressaltei antes, a produtividade está ligada à quantidade de conteúdos exibidos de uma vez. Quanto menos “scroll”, melhor. O monitor é essencial para tornar a informação mais acessível na tela, e, por isso, é sinônimo de produtividade no dia a dia. Hoje temos os produtos para gamers como a linha Odyssey, monitores focados nos profissionais que trabalham com imagem, com resolução 4K e altíssima fidelidade de cor, e monitores curvos, muito ligados à design e maior conforto visual. Além disso, colocamos no mercado uma nova categoria criada pela Samsung, o Smart Monitor, que é perfeito para a rotina híbrida em casa, de trabalho, lazer e estudo. Este monitor é smart, principalmente, por conta da conectividade com outros aparelhos (dentro do ecossistema SmartThings), se encaixando no esquema de casa conectada. O Smart Monitor também é capaz de acessar a Internet e aplicativos, para um uso facilitado mesmo sem um computador.