Sucesso dos projetos de arquitetura e decoração também passa por um bom projeto 3D
Fotos Manuel Sá
A exemplo de todas as áreas, os segmentos de arquitetura e decoração também foram favorecidos pelo avanço da tecnologia. No passado, os profissionais desses setores encontravam certa dificuldade para comunicar aos clientes o resultado final de um projeto, já que não era possível pré-visualizar com precisão como ficaria o ambiente após uma reforma ou repaginação estética. Mas tudo mudou com o advento da tecnologia 3D, que aprimorou o entendimento entre ambas as partes.
Com imagens realistas e detalhadas, agora é possível antever o que, antes, só existia na planta e na cabeça de quem está à frente da execução. Porém, mesmo com toda essa inovação, projetar continua a ser um processo desafiador. “Hoje, trabalhamos com muito mais minúcias, e em geral, o cliente se envolve em todos os detalhes do processo”, diz a arquiteta Elisa Maretti, à frente do escritório que leva seu nome. Segundo a profissional, após a entrega do projeto tridimensional, variações pontuais podem surgir durante a execução. “Questões técnicas, limitações no orçamento, disponibilidade de materiais ou até novas demandas dos clientes são fatores comuns”, acrescenta a especialista. “O 3D é uma representação idealizada, mas a obra é um caminho dinâmico que exige adaptação”.
ESTÉTICA E FUNCIONALIDADE
O objetivo, segundo Elisa, é sempre manter fidelidade frente à proposta original, mesmo quando ajustes são inevitáveis. Daí a importância de se preservar a essência do trabalho, sempre equilibrando funcionalidade, estética e viabilidade em cada decisão. Em um apartamento de 92m², a arquiteta sugeriu um jardim vertical para destacar uma parede atrás do sofá. A proposta, porém, deu lugar a uma descoberta inesperada: o casal de proprietários se encantou pelo charme rústico do concreto aparente, já presente na estrutura original, e decidiu preservá-lo como protagonista do ambiente.
O toque de cor veio de outra escolha – um tapete redondo e vibrante, que substituiu a peça inicial. “A mudança conferiu um ar mais leve e descontraído ao ambiente, ideal para receber visitas e para o dia a dia dos moradores”, prossegue a especialista. Ainda, duas modificações foram fundamentais neste apartamento: a substituição do piso por uma paginação com acabamento retificado e a realocação da pia para a ilha que marca a transição entre a cozinha e a sala. Elisa revela que a solução promoveu a integração entre os ambientes, evitando que quem estiver cozinhando fique isolado do convívio social.
No hall de entrada, o verde atuou como ponto focal, enquanto objetos decorativos passaram por uma curadoria diferente em relação ao projeto 3D original, resultando em uma composição mais afinada com o estilo dos moradores. O ambiente mais modificado foi o home office, originalmente planejado com um papel de parede em tom avermelhado. Segundo Elisa, os clientes optaram por adiar a aplicação, mas ainda têm a intenção de incluí-lo no futuro.
AJUSTES ESTRATÉGICOS
Em um refúgio acolhedor projetado para mãe e filha, o projeto 3D foi concretizado com plena fidelidade. Apesar de pequenas alterações na marcenaria e na paleta de cores dos dormitórios, a arquiteta destaca que a concepção original foi preservada do início ao fim. “O projeto materializado preservou a alma do que propusemos”, reflete a profissional. “As remodelações apenas aperfeiçoaram a funcionalidade, sem perder a conexão emocional que planejamos desde o início”. No dormitório da filha, os quadros da imagem 3D foram substituídos pelas prateleiras e a proteção lateral da cama saiu do verde para um tom amadeirado. O quarto principal manteve-se fiel ao 3D, mesmo com as adaptações que incorporaram o gosto pessoal da moradora.
Já na concepção elaborada para uma clínica pediátrica, Elisa realizou um ajuste estratégico no layout para acomodar uma mesinha infantil. “A médica solicitou que a posicionássemos próxima à área de café, o que nos demandou realocar o espelho para outra parede”, conta a arquiteta. “Ainda assim, conseguimos adaptar o ambiente sem comprometer a harmonia do projeto”.
Outra alteração relevante foi feita no balcão da recepção, inicialmente concebido pela arquiteta com um desenho orgânico e fluido. Entretanto, a versão final adotou linhas retas, resultando em um visual mais limpo e funcional. Na parede oposta, o projeto previa um painel com o logotipo da clínica em relevo, mas a escolha por uma placa simples reforçou a estética minimalista do ambiente.