Os brasileiros continuam consumindo serviços de streaming em suas horas de descanso.

Levantamento feito pela Sherlock Communications mostra que o streaming continua popular no Brasil

Apesar da crise econômica que assola o Brasil e da alta constante de preços nos supermercados, os brasileiros continuam consumindo serviços de streaming em suas horas de descanso. Na verdade, a adesão do público local à popular plataforma Netflix segue em franco crescimento, como apontou um levantamento recentemente realizado pela Sherlock Communications, agência de relações públicas e marketing digital com sede em São Paulo e que também está presente em Lima, Bogotá, Santiago, Cidade do México, Buenos Aires, San José, Cidade do Panamá, Cidade da Guatemala e Rio de Janeiro.

A pesquisa constatou que o streaming é uma fonte crucial de entretenimento em toda a América Latina. Mesmo com a elevação dos preços, 25% dos brasileiros não cancelaram nenhuma assinatura em 2024. A maioria das pessoas ouvidas (63%) acredita que as plataformas digitais de conteúdo oferecem uma boa relação custo-benefício.

STREAMING “PIRATA”

Com o aumento da demanda do streaming, os altos preços dos serviços seguem impactando os consumidores, de forma que as “TV box”, aparelhos que permitem acessar conteúdos de streaming sem assinaturas mensais, surgem como uma alternativa e têm se tornado populares na região.

No entanto, 70% dos brasileiros entrevistados indicaram que não utilizam esses dispositivos para acessar conteúdo de forma gratuita e apenas 23% estão optando por esse tipo de consumo. Isto preocupa a Agência Nacional de Comunicações (Anatel), que afirmou ter bloqueado 80% dos servidores piratas em 2023.

Outra alternativa para baixar os custos é o compartilhamento de senhas. Segundo o relatório, 44% dos entrevistados brasileiros compartilham suas assinaturas com amigos e familiares para manter os custos baixos. Diante desse cenário, surgiram repressões por parte das plataformas e cerca de 5% dos brasileiros relatam estar propensos a cancelar uma assinatura devido a essas restrições, enquanto outros 48% afirmam não compartilhar suas senhas com mais ninguém.

Dentre as principais motivações para o uso do streaming estão o entretenimento e a descontração, escolhidos por 75% dos entrevistados latino-americanos. No entanto, a qualidade do conteúdo ganha cada vez mais relevância, com 21% dos brasileiros criticando a repetitividade dos conteúdos nas plataformas e 39% afirmando que os reality shows criados como uma exploração de baixo valor de entretenimento.

A diversidade de conteúdo é uma questão crítica, com muitos entrevistados expressando a necessidade de uma representação mais ampla e diversificada nas plataformas. 42% dos brasileiros apontaram que seu país não era “representado de forma justa e precisa” e exigem uma melhor representação no conteúdo produzido localmente, com 66% acreditando que os filmes e TV apresentam a região com muita violência, drogas e estereótipos sexuais.

Além disso, os brasileiros querem ver as mulheres desempenhando papéis mais significativos do que meros interesses amorosos (72%) e pessoas de diversas etnias retratadas com mais nuances e respeito (73%), enquanto mais da metade (53%) acredita que as plataformas desempenham um papel crucial na representação de personagens e narrativas LGBTQIA+.

TIPOS DE CONSUMO

A pesquisa revela que exigir a atenção exclusiva do público latino-americano tem se tornado mais difícil nos últimos anos. Quase metade (46%) dos respondentes relataram dar atenção total ao streaming de conteúdo em 2021, número que caiu para 24% em 2024.

Três em cada quatro (75%) na América Latina dizem realizar multitarefas enquanto consomem conteúdo em plataformas de streaming. O uso de celular para enviar mensagens ganha destaque no Brasil, com 39% seguido de conversas com familiares e amigos (25%), prática de exercícios físicos (15%) e até mesmo a leitura, com 8%.

Uma tendência significativa identificada no relatório é o consumo diário de conteúdo via streaming, com quase a metade (49%) dos brasileiros consumindo entre duas e quatro horas de conteúdo todos os dias, enquanto 6% consomem por mais de seis horas. O que demonstra um envolvimento consistente com as plataformas. Séries e filmes são os mais assistidos (63%), seguidos por músicas (12%) e dois ou mais tipos de conteúdos ao mesmo tempo (9%).

Considerada por muitos como sinônimo de streaming, a Netflix relatou um aumento de crescimento de 12% nas assinaturas latino-americanas no final de 2023. No Brasil, as plataformas mais populares incluem a Netflix, liderando com 81%, seguida pela Amazon Prime com 52% e HBO Max com 35%. No segmento de música, o Spotify é o líder com 54%, seguido pelo YouTube com 31%.

“Nossas descobertas são uma leitura muito interessante para empresas que fornecem serviços de streaming para o público latino-americano”, acrescenta Patrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications. “As que prestam atenção aos desejos do público local e atendem aos seus gostos têm uma enorme vantagem”.

Essa e outras matérias interessantes estão na edição 217 da Áudio & Vídeo – Design e Tecnologia. Acesse gratuitamente e boa leitura!