Já em vigor no Brasil, iniciativa do Google busca combater o assédio e a violência de gênero
Para desestimular agressões verbais ao seu assistente de voz virtual, o Google adotou um novo posicionamento. Já implantada no Brasil, a iniciativa traz novas respostas, que são ativadas sempre que há um insulto ou uso de termos que remetam a assédio ou violência de gênero durante as interações com a personalidade do Assistente.
Em suas novas respostas, o Google Assistente tem abordagens diferentes, dependendo do nível de abuso cometido. Em caso de ofensa explícita – como uso de palavrões, ou expressões de conteúdo misógino, homofóbico, racista ou de sexo explícito –, a voz do Google poderá responder de forma instrutiva, usando frases como: “O respeito é fundamental em todas as relações, inclusive na nossa”; ou mesmo repelir esse tipo de comportamento, respondendo: “Não fale assim comigo”.
CONDUTAS INAPROPRIADAS
“Entendemos que o Google Assistente pode assumir um papel educativo e de responsabilidade social, mostrando às pessoas que condutas abusivas não podem ser toleradas em nenhum ambiente, incluindo o virtual”, afirma Maia Mau, Head de Marketing do Google Assistente para a América Latina. “Um exemplo são os pedidos para ‘mandar nudes’. Embora isso possa até ser visto por alguns como uma ‘brincadeira’, por se tratar de uma conversa com a voz do aplicativo, não podemos ignorar que essa abordagem também reforça a ideia de que algumas pessoas, especialmente as mulheres, podem ter a sua intimidade invadida.”
As mensagens que não são explicitamente ofensivas, mas que representam condutas que seriam consideradas inapropriadas no mundo real, também passam a ser respondidas de forma diferente. Um exemplo é quando alguém pergunta ao Assistente se quer “namorar” ou “casar” com ele. Neste caso, a voz do Google poderá dar um “fora” de um jeito bem-humorado, ou alertar sobre o incômodo trazido pelo comentário.
A construção do novo posicionamento do Google Assistente começou em 2019, inspirado pelo relatório I’d Blush if I Could, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O documento trouxe um alerta sobre como o uso de vozes femininas e o comportamento submisso dos assistentes virtuais ajudariam a perpetuar preconceitos de gênero.
A primeira fase do projeto começou a ser implantada no ano passado, nos EUA, e priorizou a criação de respostas para os abusos registrados com mais frequência – no caso, ofensas e uso de termos inapropriados direcionados às mulheres. Em seguida, foram lançadas também respostas para abusos de cunho racial e de homofobia.
PESQUISAS
“Conduzimos pesquisas, estudos de experiência de uso com diversos grupos de participantes, e consultas internas com os Campeões de Inclusão – funcionários do Google que pertencem a comunidades historicamente alvos desse tipo de abuso ou comportamento inapropriado. O retorno que tivemos com essas pesquisas foi inestimável, e nos ajudou a refinar a estratégia”, explica Arpita Kumar, estrategista de conteúdo do time de Personalidade do Google Assistente.
No Brasil, a atualização das respostas passou por um processo de revisão e adaptação liderado pelo time local de Personalidade do Assistente. O objetivo foi avaliar o sentido que determinadas palavras ou expressões podem transmitir – por exemplo, a frase ‘você é uma cachorra’, que muitas vezes é usada como ofensa no contexto brasileiro. O trabalho contou com a contribuição de grupos representativos formados por colaboradores do Google no Brasil, como o de Mulheres e o de Diversidade, que ajudaram a identificar termos que são considerados ofensivos dentro de diferentes comunidades.
Maia afirma que a nova atualização é mais um passo do Google Assistente para oferecer um serviço cada vez mais diverso e inclusivo para os brasileiros. As novas respostas estão disponíveis em todas as versões do Google Assistente no Brasil.
Confira esta e outras matérias interessantes na edição 194 da Áudio & Vídeo – Design e Tecnologia. Acesse gratuitamente e boa leitura!