Um sucesso no mundo todo, Netflix é um conceito vitorioso que não para de evoluir
Texto: Eduardo Torelli
Imagens: Divulgação
Para um aficionado por séries e filmes, é difícil imaginar “como” era o mundo antes da Netflix. Sim – outras plataformas e serviços antecederam esta febre, hoje, “alastrada” por mais de 190 países (incluindo o Brasil). Mas nunca foi tão fácil (ou tão “em conta”) ter acesso às produções mais badaladas da telinha e do telão, bastando, para isso, ter à mão um tablet, smartphone ou TV inteligente.
Mais de 81 milhões de assinantes se renderam às vantagens deste serviço de TV por Internet que permite, mesmo com um plano simples, ter acesso a um mix bem diversificado de atrações. E o que é ainda melhor: na falta de ideias ou indicações de amigos, a próprio Netflix se encarrega de sugerir ao espectador filmes e séries que ele não tenha visto, baseando-se em um astuto cruzamento de dados que revela, a partir de acessos anteriores, os tipos de produção que fazem a sua cabeça. É muita comodidade em uma plataforma só.
Modelo de sucesso
Hoje firmemente consolidada como um modelo de sucesso no âmbito da disponibilização de conteúdo digital, a Netflix (fundada por Reed Hastings e Marc Randolph), originalmente, operava em bases bem diferentes: a empresa funcionava como um site para a venda e locação de DVDs. Mas foi naquela fase embrionária que o serviço começou a apostar na personalização, oferecendo um sistema de recomendação de títulos baseado em classificações feitas pelos próprios usuários.
Em 2005, a Netflix já contava com 4,2 milhões de assinantes – e dois anos depois, deu o proverbial “pulo do gato”, inaugurando o seu inovador serviço de transmissão online, que permitia aos clientes assistirem a filmes e séries instantaneamente no computador. Começou, assim, a progressiva expansão internacional do serviço, que foi conquistando um público fiel em mercados como o Canadá, América Latina e Europa. A disseminação para o restante do globo foi concluída em 2016.
No Brasil, a febre rapidamente se alastrou entre os adolescentes – uma geração hiper-conectada e que mal reconhece o anacrônico conceito das mídias físicas. Seja em tablets, smartphones ou TVs, preparadas ou não (no último caso, sempre se pode lançar mão de um artifício como o Chromecast, aparelhinho que adapta a transmissão a um televisor sem conexão direta com a Internet), ficou fácil acompanhar as séries do momento com total comodidade e de maneira bem conveniente. Além de não precisar aturar comerciais durante as exibições, o assinante pausa, retrocede e assiste aos títulos na hora que quiser, algo útil para quem vive na “correria” e não dispõe de muito tempo para ficar na frente da TV (ou do tablet!).
Produções próprias: uma grande “sacada”!
Mas o mais curioso é que a empresa não se contentou em ser apenas uma “vitrine” para produções de terceiros. Em uma “sacada” muito original, também passou a produzir conteúdos, que já saem do “forno” com aceitação quase garantida. Isto não se deve apenas à qualidade dos produtos, claro: por contar com ferramentas que lhe permitem conhecer tão bem o gosto do “freguês”, a Netflix se dá ao luxo de realizar exatamente aquilo que o cliente quer ver.
Foi a partir dessa análise desses dados que a empresa concebeu o seu primeiro grande sucesso, a série House of Cards – um “arrasa-quarteirão” de público e de crítica produzido (e parcialmente dirigido) por David Fincher (de Seven – Os Sete Pecados Capitais e O Curioso Caso de Benjamin Button). O nome deste cineasta, assim como os de alguns integrantes do elenco, apelava aos usuários do serviço. Somado a uma produção de primeira e a uma narrativa cinematográfica, esse elemento foi decisivo para o êxito do projeto, que faturou prêmios importantes, como o Globo de Ouro.
Todas as temporadas de House of Cards estão disponíveis ao usuário do serviço no Brasil, assim como as de outras séries produzidas especialmente para a Netflix. Estas incluem a comédia Orange is the New Black (misto de drama e comédia que mostra as aventuras de uma “patricinha” em uma prisão só para mulheres), Better Call Saul (spin-of da famosa Braking Bad, mas centrada na carismática figura do advogado de defesa do protagonista da série original) e The Returned – este, com temática sobrenatural (pessoas que morreram há anos retornam misteriosamente à vida em uma cidadezinha pacata e cheia de mistérios).
São atrações que, por si, já valem o modesto investimento na assinatura do serviço. Mas é bom lembrar que as chamadas “séries originais Netflix” são apenas a ponta-de-lança do catálogo: embora a oferta de longas-metragens, em nosso país, seja bem inferior à disponibilizada aos usuários dos EUA, o acervo brasileiro conta com preciosidades que podem ser “garimpadas” pelos assinantes, como os excelentes documentários sobre música, ciência e sociedade.
Esportes e crise política
Para este mês, o serviço anuncia a primeira série de competição global em streaming – Ultimate Beastmaster, gravada em seis países e que reúne atletas de cada nação participante. A produção é de Sylvester Stallone (da série Rocky – Um Lutador) e de Dave Broome (Strong). Os dez episódios são estrelados por atletas que tentarão chegar ao fim de um circuito de obstáculos desafiador, conhecido como “A Besta” (no último episódio, os finalistas competem pelo título de Ultimate Beatmaster). Assim como ocorreu no passado, a plataforma inovadora da Netflix foi um atrativo extra para os produtores, tanto quanto o seu alcance mundial.
“Como uma rede global de TV por Internet, a Netflix tem uma posição única para criar um evento que reúne esportistas e comentaristas consagrados de seis países e, depois, lançar todos os dez episódios ao mesmo tempo, em vários idiomas, para o deleite de nossos assinantes no mundo todo”, diz Erik Barmack, vice-presidente de títulos originais Internacionais da Netflix. E isso não é tudo: após o sucesso de Narcos (outro “campeão de audiência” do serviço), o diretor José Padilha anunciou que produzirá uma série baseada no atual – e explosivo – momento político que o nosso país atravessa. Ainda sem título definido, a nova atração da Netflix será baseada nos desdobramentos da Operação Lava Jato, que escancarou a corrupção nos bastidores na política nacional. A série será escrita por Elena Soares (de Xingu, Filhos do Carnaval e Casa de Areia).
Sem esquecer de 3%, primeira série original brasileira da Netflix. A produção começou a ser gravada recentemente, em São Paulo (SP), e conta com os nomes de Zezé Motta, Bianca Comparato e Mel Fronckowiak no elenco. O roteiro é de Pedro Aguilera (de Copa de Elite) e a realização é da Boutique Filmes. Captada em Ultra HD 4K, a atração terá oito episódios em sua primeira temporada. “Apoiamos o talento brasileiro e continuamos a reconhecer o interesse que ele gera ao redor do mundo”, conclui Erik Barmack, vice-presidente de Originais Internacionais. “Nossos assinantes poderão desfrutar de uma história incrível, com personagens complexos e distintos, mas que encontraram, na Netflix, a sua casa.”
Todos com os smartphones e tablets à mão para conferir as novidades que vêm por aí?