Um clássico do cinema pipoca, Zumbilândia estreia no acervo da Netflix
Apesar da conhecida mania de Hollywood de insistir em certos temas, teimando em revisitá-los mesmo quando o público e a crítica parecem estar cansados deles, uma abordagem disruptiva e original tem o poder de tornar até a temática mais batida em algo interessante. Pois este é exatamente o caso da comédia de humor negro Zumbilândia – um clássico imorredouro que nunca deixa de conquistar novos fãs, e que, por isso mesmo, acaba de voltar ao acervo da Netflix.
Quem ainda não assistiu à essa sátira divertidíssima aos filmes de zumbis agora poderá ter esse privilégio, deliciando-se com as ótimas sacadas e reviravoltas do roteiro, o talento do diretor Ruben Fleischer e o carisma do elenco histriônico, capitaneado por Jesse Eisenberg e Woody Harrelson.
A dupla de atores interpreta os improváveis aventureiros Columbus (um estudante universitário que segue um bizarro conjunto de regras para sobreviver em um mundo pós-apocalíptico repleto de zumbis) e Tallahassee, um tipo com aparência e atitude de cowboy que dá carona a Columbus até a cidade de Ohio. A trama se passa dois meses após uma estranha variação da doença da vaca louca ter transformado quase toda a humanidade em mortos-vivos.
DESCONFIE DE ESTRANHOS!
Embora uma das regras para sobreviver nesse mundo pós-pandêmico seja desconfiar de estranhos em toda e qualquer ocasião, os mocinhos cometem o erro de dar carona a duas vigaristas: as irmãs Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin), que passam a perna em Tallahassee e Columbus e roubam suas armas e seu carro.
Eventualmente, os quatro acabam ficando amigos e as garotas contam a seus companheiros de aventuras que estão a caminho de um parque de diversões localizado em uma região de Los Angeles supostamente livre de zumbis. Antes de chegar ao destino, o grupo faz uma parada na casa do famoso astro de Hollywood Bill Murray, mas acaba por matá-lo acidentalmente quando o confunde com um dos mortos-vivos que vagam pelo bairro de Beverly Hills.
Com potencial de sobra para agradar a públicos de todas as idades, Zumbilândia surgiu das férteis mentes dos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick. A trama foi originalmente desenvolvida para um piloto de série de TV nunca realizada, ainda em 2005. O diretor Ruben Fleischer também deu pitacos na história quando o projeto se transformou em um filme de longa-metragem independente.
No mesmo clima inusitado do filme, os bastidores da produção tiveram momentos surreais, sendo um deles a contratação de Woody Harrelson, que se deu em circunstâncias para lá de exóticas. O ator só topou interpretar Tallahassee se os produtores e o diretor concordassem com uma série de condições bizarras. Uma delas era que o filme (apesar de ser uma comédia maluca) tivesse consciência ambiental. Outra exigia que o diretor não consumisse laticínios por uma semana, o que levou Fleischer a manter uma dieta vegetariana por 11 meses!
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Também houve muito debate antes que a participação de Bill Murray no longa fosse acertada. Embora os realizadores do filme já tivessem decidido de antemão que algum astro de Hollywood faria uma aparição especial na história, interpretando a si mesmo e morrendo de forma surpreendente, vários outros nomes foram considerados pela equipe de produção.
Inicialmente, pensou-se em Patrick Swayze, mas o ator enfrentava sérios problemas de saúde e não pode atender aos produtores. Versões posteriores do roteiro consideravam Sylvester Stallone, Joe Pesci, Mark Hamill, Dwayne Johnson, Kevin Bacon, Jean-Claude Van Damme ou Matthew McConaughey como astro especialmente convidado, mas Bill Murray acabou sendo o escolhido após ter sido indicado pelo próprio Woody Harrelson. O longa foi filmado em Hollywood, na Califórnia, e em Atlanta, no Sul dos EUA. No total, a produção consumiu 41 dias.
Apesar de ser uma paródia de séries e filmes famosos que exploraram o mesmo tema, como The Walking Dead e Madrugada dos Mortos, Zumbilândia tem ares de superprodução de terror. Para se ter uma ideia, houve cenas no longa envolvendo um elenco de mais de 150 zumbis, todos devidamente caracterizados e usando figurinos especiais. O designer de maquiagem Tony Gardner, que ajudou Rick Baker a criar o visual dos monstrengos do videoclipe Thriller, de Michael Jackson, foi o profissional incumbido de elaborar o visual dos mortos-vivos, que têm um aspecto horripilante.
APOCALIPSE ZUMBI
Entre outros méritos, o longa-metragem conseguiu restituir o interesse do público pelo tema do “apocalipse zumbi”, que, apesar de bombar na telinha e nos videogames, andava meio em baixa no cinema. A mescla de sustos, ação constante e humor desvairado e politicamente incorreto agradou em cheio às plateias, dando início a uma nova franquia midiática.
Embora tenha demorado alguns anos para chegar às telas, a continuação do filme – Zumbilândia: Atire Duas Vezes, de 2019 – se revelou outro sucesso. Não há dúvida que a sequência diverte e leva os personagens por caminhos que não haviam sido explorados antes, mas a verdade é que o longa-metragem original é imbatível. Quer tirar a prova dos nove? Então, não deixe de conferir este marco do cinema-pipoca no conforto de sua casa – agora, por meio da Netflix.
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