Meu Verde, Meu Sertão: Gleuse Ferreira leva a cultura e suas raízes sergipanas à CASACOR São Paulo 2025.

Fotos: MCA Estúdio

Arquiteta Gleuse Ferreira transforma a bilheteria da CASACOR São Paulo 2025 em uma homenagem sensível às raízes nordestinas e à força do verde no sertão

Em sua segunda participação na CASACOR São Paulo, a arquiteta sergipana Gleuse Ferreira assina a bilheteria da mostra com o ambiente Meu Verde, Meu Sertão. Localizado no Parque da Água Branca, o espaço de 89m² propõe uma experiência que une funcionalidade, afeto e ancestralidade — com uma leitura poética da cultura nordestina e da sustentabilidade.

“Quis traduzir o tema com autenticidade”, diz Gleuse, referindo-se ao mote da mostra em 2025: “Semear Sonhos”. O ponto de partida? O verde. Para o sertanejo, ele simboliza a esperança após a chuva. Para a arquiteta, é a lembrança de um sertão vivo, cheio de cor e movimento.

SERTÃO COMO POESIA VISUAL

A estrutura preservada do antigo celeiro, onde está instalada a bilheteria, foi mantida com intervenções mínimas. A atmosfera rústica foi realçada com revestimento cimentício delicado e peças com formas orgânicas, como o sofá curvo Fami e a mesa da designer Roberta Banqueri.

O ambiente, que funciona como ponto de encontro dos visitantes, traz também um tapete roxo da By Kamy, papel de parede com folhagens desbotadas, além de luminárias que remetem aos balões de São João, evocando o imaginário popular com sofisticação.

RAÍZES QUE SE TRANSFORMAM EM ARTE

O projeto é profundamente pessoal. Bisneta de Lampião e Maria Bonita, Gleuse homenageia seus bisavós com esculturas do artesão Beto Pezão, que se juntam às ilustrações do artista e poeta Arthur Grangeia nas páginas do livro Bonita Maria do Capitão, de Vera Ferreira, ambas de seu acervo pessoal, e na Coleção Cangaço, da Iludi Design, inspirado no icônico chapéu de Lampião.

Há também itens do seu acervo afetivo, como porcelanas pintadas pela avó, Expedita Ferreira Nunes, filha única do casal cangaceiro. O espaço ainda abriga obras de artistas sergipanos, como o vaso Mangueton, inspirado nos manguezais de Sergipe ebassinado pelo músico e artista visual Nino Karvan e fornecido pela Galeria Mario Britto.

DESIGN COM ALMA E PROPÓSITO

Na recepção, a bancada em quartzito Del Mare com veios esverdeados dialoga com o sertão vivo da infância da arquiteta. O contraste com o quartzito Michelangelo, em tom claro, reforça o equilíbrio entre força e delicadeza. Com formas suaves e uso consciente de materiais, o ambiente mostra como o design pode ser funcional e, ao mesmo tempo, carregado de emoção. “Esse elo entre tradição e inovação cria uma atmosfera onde a natureza e o design sustentável caminham juntos rumo ao progresso. É um convite à reflexão sobre a nossa capacidade de construir um futuro melhor”, finaliza Gleuse.