A boa série Castle Rock, as duas temporadas estão disponíveis para assinantes do canal Lionsgate +.

Baseada em personagens e situações dos romances de Stephen King, Castle Rock é uma série cativante

As obras do escritor Stephen King vêm monopolizando a literatura e o cinema de terror desde o fim dos anos 1980, quando os romances do ilustre autor norte-americano começaram a ser adaptados para o telão. E há boas razões para isso, já que King é um mestre em criar narrativas assustadoras que caem no gosto do grande público e geram receitas milionárias para os grandes estúdios e plataformas de conteúdo.

Embora King continue na ativa no ofício de escritor, seu nome, hoje, é sinônimo de “fenômeno pop”. Quem ainda tem dúvidas deve se lembrar do recente êxito de It – A Coisa, filme de terror baseado em um dos mais icônicos livros do autor, e que tornou mundialmente famoso o monstro Pennywise, uma criatura tenebrosa que se alimenta do medo das crianças e geralmente assume a forma de um palhaço.

Em vista de todo o frisson em torno de seus trabalhos, já era hora de surgir um bom programa de TV inspirado no mundo fantasmagórico de King, habitado por fantasmas, vampiros e outros seres fantásticos que desafiam a compreensão das pessoas. Coube à boa série Castle Rock, cujas duas temporadas estão disponíveis para assinantes do canal Lionsgate +, cumprir com méritos essa missão.

SAGA ÉPICA

Descrita pelo próprio canal como uma “narrativa íntima das obras mais amadas de King, tecendo uma saga épica de escuridão e luz”, a série conta com personagens, lugares e ideias apresentadas nas tramas mais populares do escritor, como as de A Hora do Vampiro, Cujo e Conta Comigo. A inserção desses elementos nos enredos é feita de maneira pontual, sem que se sacrifique o ineditismo dos dramas apresentados.

Castle Rock estreou em 25 de julho de 2018, no Hulu, tendo sido criado por Sam Shaw e Dustin Thomason. O elenco reúne nomes promissores e consagrados da dramaturgia norte-americana, incluindo André Holland, Bill Skarsgård, Jane Levy, Sissy Spacek e Tim Robbins. Em 14 de agosto de 2018, foi anunciado que a série tinha sido renovada para uma segunda temporada, que estreou em 23 de outubro de 2019. Infelizmente, após a pandemia, a atração não teve novas temporadas – mas o material produzido até aqui é suficiente para saciar o apetite dos aficionados por histórias de suspense, ficção científica e terror.

Antes de tudo, vale destacar que “Castle Rock” (o nome da cidade onde são ambientadas as tramas da série) é uma das muitas localidades fantasiosas que Stephen King criou em seus livros – quase todos eles tendo por cenário um estado do Maine que é em parte verdadeiro e em parte imaginário. Além de Castle Rock, são citados na série outros municípios fictícios das obras do autor, como Jerusalen’s Lot e Derry (respectivamente, os cenários dos livros A Hora do Vampiro e It – A Coisa).

Outro aspecto da série é que suas duas temporadas têm apenas uma conexão sutil entre si, já que cada uma conta uma história diferente. Assim, toda a ambientação, personagens e atores da atração são renovados ao término da primeira temporada, o que adiciona um toque de diversidade ao programa.

UNIVERSOS PARALELOS

Na temporada que abre a série, o público acompanha o drama do jovem advogado criminalista Henry Matthew Deaver (André Holland), especializado em casos que envolvem pena de morte e um aguerrido opositor do sistema carcerário norte-americano, que ele considera desumano. O personagem deixou Castle Rock depois que os habitantes da cidade suspeitaram de seu envolvimento na morte de seu pai adotivo, mas retorna ao lar quando fica sabendo que a prisão estadual de Shawshank abriga um prisioneiro muito peculiar, cuja simples existência parece ser a causa de grandes tragédias e desastres.

Determinado a defender o enigmático interno e empenhado em uma cruzada contra a polícia de Castle Rock, Deaver acaba esbarrando em uma mirabolante trama que envolve assassinatos do passado, revelações inesperadas e universos paralelos, o que põe em xeque o próprio tecido da existência. A trama original e que se limita a citar determinadas passagens e situações dos livros de Stephen King é mais uma trama de ficção científica do que uma história de terror, mas prende a atenção do espectador até o final, apesar de se tornar bastante complicada nos últimos episódios e exigir que se preste muita atenção nos mínimos detalhes do enredo, para compreender sua conclusão.

VAMPIROS À SOLTA

Já a segunda temporada atende melhor ao gosto dos fãs do horror, sendo inspirada no romance A Hora do Vampiro e narrando os passos de uma conspiração sobrenatural que substitui vários cidadãos da cidade de Jerusalen’s Lot por mortos-vivos sanguinários. Dessa vez, a protagonista é a enfermeira Annie Wilkes (Lizzy Caplan), com óbvios problemas mentais e que percorre o país acompanhada da filha adolescente, em uma perpétua fuga de seu próprio passado.

A exemplo das melhores tramas de King, as duas temporadas de Castle Rock não se resumem a sustos e monstros saindo de suas sepulturas decrépitas. O forte das histórias é a minuciosa construção psicológica e emocional dos personagens, com os quais o público se conecta de forma empática. Mesmo se você não for um fã do gênero, não custa dar uma espiada nesta série forte e cativante, uma das melhores atrações que os serviços de conteúdos produziram em tempos recentes. Talvez você tenha uma grande surpresa…

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