Afinal, os videogames prejudicam ou estimulam a inteligência das pessoas?
Embora muita gente culpe os videogames pela alienação e falta de trato social de alguns jovens, há argumentos contrários que defendem exatamente a ideia oposta. O Pós PhD em neurociências com formação em inteligência artificial, Python e hardwares, o IPI Intel Dr. Fabiano de Abreu Agrela, por exemplo, acredita que os jogadores assíduos demonstram mais inteligência do que pessoas que não se dedicam a esse hobby.
O neurocientista afirma que um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Amsterdam, na Holanda, e do Instituto Karolinska, na Suécia (publicado na revista Scientific Reports) aferiu que pessoas que jogam videogames podem aumentar sua inteligência em até 2,5 pontos, conseguindo melhores resultados em percentil de QI.
“Inteligência está relacionada com o raciocínio, memória de trabalho, memória de longo prazo, atenção visual e velocidade de raciocínio, entre outros”, diz o Dr. Fabiano de Abreu Agrela. “Os jogos estão associados com o aumento da capacidade destas regiões”.
ESTÍMULO
O especialista acrescenta que existe uma razão para isso. A região do córtex pré-frontal é responsável pela tomada de decisão, expressão da personalidade, moderador de comportamento social, memória de trabalho e etc. De modo específico, é o córtex orbitofrontal que responde pela faculdade de planejamento, metas e objetivos, e, pensamento lógico, utilizado na maioria dos jogos. O hipocampo é relacionado com o surgimento de novas memórias. O córtex cingulado anterior exerce influência na memória espacial e memória de contexto, como as vinculadas ao medo.
Por esses motivos, segundo o neurocientista, estímulo recorrente em regiões do cérebro desenvolvem densidade, ocasionando o aumento da massa cinzenta. “Em alguns casos, como exposição excessiva e prologada ao videogame, foi observada atrofia em algumas áreas, como no córtex pré-frontal, prejudicando a atenção e córtex visual, responsável por captar estímulos visuais, prejudicando a visão”.
COMPORTAMENTOS DE RISCO
Ainda assim, o Dr. Fabiano acrescenta que nem tudo são vantagens, e que devemos ter atenção a comportamentos de risco, nomeadamente a adição. “Outro problema associado é o vício em jogar é deixar de desenvolver outras atividades”, observa o especialista. “Isso ocorre com a liberação de dopamina, sintetizada em sua maior parte na área tegmental ventral, sendo levada a outras regiões pelo sistema mesolímbico, gerando vícios em abundância. A dopamina é o neurotransmissor da recompensa, associado a outros neurotransmissores como endorfina, serotonina e oxitocina, respondem pela felicidade e bem-estar, que, em certas configurações, se transforma em vício.”
O neurocirurgião conclui observando que é necessário buscar o equilíbrio em tudo o que fazemos. “Só dessa forma podemos ter o melhor das coisas”, destaca.
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