Anos após a conclusão da série, Arquivo X ganha uma nova temporada
Texto: Juliana Mel
Foto: Divulgação
Por essa ninguém esperava: mais de uma década após sua conclusão, uma das séries mais influentes e queridas dos anos 1990 voltou à telinha, ligeiramente repaginada e com um ritmo mais ágil, para agradar às novas gerações. Trata-se, claro, de Arquivo X, o famoso programa criado por Chris Carter e estrelado pela dupla David Duchovny (Agente Mulder) e Gillian Anderson (Agente Scully).
Para quem estava passando férias em outro planeta na época (ou era muito pequeno para se lembrar da atração), Mulder e Scully eram dois agentes do FBI que só investigavam casos inexplicáveis – particularmente, abduções alienígenas, mas, também, ataques de vampiros, lobisomens, entidades demoníacas, mutantes e tudo o que a fértil imaginação dos roteiristas pudesse conceber.
A série foi exibida durante quase uma década e teve um desfecho até que satisfatório: os intrépidos investigadores descobriram os detalhes de um plano de dominação da Terra por alienígenas mal-intencionados, que eram ajudados pelo próprio governo dos EUA. Nada havia a fazer, além de esperar que o inimigo consumasse a invasão e nos transformassem em escravos (o que aconteceria em uma data “redonda”: 12 de dezembro de 2012). E assim, com esse clima de pessimismo, Arquivo X se despediu de seus milhares de fãs em todo o mundo. Até que…
TEMPORADA DIFERENTE
Esta décima temporada (agora disponível em DVD, pela Warner) destoa das demais em vários aspectos. Em primeiro lugar, ela tem apenas seis episódios (as anteriores eram bem mais longas). Além disso, os roteiros levam em conta a passagem do tempo e nos mostram um Mulder e uma Scully mais velhos (e desatualizados, já que têm uma dificuldade notável para lidar com os novos smartphones e aplicativos usados pelas forças de segurança “pós”11 de Setembro). Mas, longe de ser um ponto contra a série, isto torna os personagens ainda mais simpáticos.
Ficamos sabendo, também, que Mulder está desempregado, enquanto Scully ganha a vida investigando doenças desconhecidas. Os dois, agora, têm uma relação apenas tangencial com o FBI, mas se veem obrigados a sair da “aposentadoria” quando surge um novo caso de abdução extraterrestre. Esta é a deixa para eles reassumirem seus distintivos e saírem de novo a campo em busca de alienígenas, monstros e aparições – e para que boa parte do elenco de apoio original (incluindo Mitch Pileggi, ainda no papel de Skinner, chefe da dupla no bureau de informações) volte à cena.
De cara, temos uma contradição: a história se passa no presente e a anunciada invasão alienígena ainda não aconteceu. Por quê? Bem, esse é um dos pontos fracos da nova temporada, que até ensaia discutir o assunto, mas o faz de modo tão superficial que continuamos no escuro até o último episódio. A outra “mancada” dessa nova leva de histórias sobre Mulder e Scully é o desfecho “aberto”, inconclusivo, que só poderá ser explicado em uma eventual décima primeira temporada. Um risco e tanto para os produtores, que, bem ou mal, tinham colocado um ponto final na mitologia da série em 2002, quando Arquivo X teve o seu proverbial “canto do cisne”.
MAIS HUMOR, MENOS SUSPENSE
Ainda assim, vale a pena assistir aos novos episódios. Talvez eles não sejam tão surpreendentes quanto os das primeiras temporadas (e talvez haja um pouco de humor “demais” nas tramas, o que, às vezes, manda o suspense pelos ares em troca de uma boa risada). Mas é de tirar o chapéu o modo como os realizadores conseguiram atualizar esse material datado, dando-lhe uma “cara” contemporânea e, por tabela, reativando o interesse do público pela franquia. A décima temporada dividiu a opinião da crítica, mas foi um sucesso arrasador junto aos espectadores (o que mais do que justifica a produção de outros episódios).
Os box ainda traz uma “batelada” de extras: há comentários em áudio, cenas excluídas, erros de gravação e uma curiosidade bem legal: uma recapitulação dos monstros mais assustadores que apareceram na série original. Os fãs não podem perder!