Saiba quais são as diferenças entre as churrasqueiras disponíveis no mercado e qual é o modelo que combina melhor com a varanda do seu apartamento
Fotos Fernando Crescenti, JP Image e Gisele Rampazzo
Foi-se o tempo em que saborear um tradicional “churrasquinho” de domingo era um privilégio único de quem mora em uma casa: a arquitetura de interiores encontrou soluções que estendem esse prazer aos proprietários de apartamentos. Na era das varandas gourmets, a combinação entre uma estrutura bem planejada com um tipo ideal de churrasqueira é a receita para não se privar desse prazer, mesmo vivendo em uma residência com metragem mais modesta.
Arquitetos do escritório que leva seus nomes, Bruno Moura e Lucas Blaia sabem como realizar esse sonho. “Tudo depende da estrutura do apartamento”, afirmam os especialistas. “Se o imóvel já contar com uma saída de exaustor, podemos trabalhar com a churrasqueira a carvão, que é a mais tradicional e aclamada pelo sabor. Mas, caso não seja possível, temos outras boas opções que se adaptam às características que encontramos nas obras”.
Estudo de campo
Mas a escolha da churrasqueira – seja esta um modelo tradicional, a gás ou ecológico – não é o primeiro tópico a ser considerado. Antes de tudo, é necessário analisar a área eleita para os futuros churrascos dominicais da família e checar se o apartamento possui shaft, duto ou chaminé para exaustão da fumaça. Alguns imóveis já dispõem de condições para a instalação desses equipamentos, de acordo com as normas do prédio.
Feito este levantamento, é hora de considerar o melhor tipo de churrasqueira para o seu imóvel. A opção mais indicada será a que corresponda melhor à demanda do local e dos proprietários. Quesitos como “funcionalidade” também devem ser levados em conta na hora de fazer a escolha.
Carvão ou gás?
A churrasqueira tradicional (ou seja, a carvão) é sempre a opção predileta das pessoas mais tradicionais. Nela, o duto de exaustão é imprescindível, já que a churrasqueira produz muita fumaça, principalmente quando a gordura da carne cai na pedra. “A fumaça é implacável: se não indicarmos um caminho para sua saída, ela sobe e impregna o apartamento”, comenta Lucas Blaia.
Na maioria dos empreendimentos novos, essa é a versão entregue pelas construtoras. O imóvel já costuma ter um braseiro embutido na bancada em pedra, que posteriormente receberá a churrasqueira, assim como um duto para saída da fumaça. Porém, nem sempre essas são as condições apresentadas aos moradores.
Se não for viável o uso de uma churrasqueira a carvão, uma das alternativas é um modelo a gás, que se destaca tanto pela eficácia como pela praticidade. Afinal, esses modelos não geram muita fumaça, razão pela qual é muito comum vê-los em apartamentos. Nesse caso, é exigida a alimentação com um ponto de gás (encanado ou por botijão). Caso opte pelo gás encanado, a tubulação de cobre (embutida na parede ou no piso) necessita de registro de segurança próprio e de fácil acesso. O condomínio também deverá autorizar a realização da obra.
Churrasqueiras ecológicas
Sua área de churrasco pode contar, ainda, com um modelo elétrico. Esse tipo de churrasqueira é ideal para apartamentos que não têm duto de fumaça, ou nos quais o espaço destinado à área de churrasco não é muito grande. Uma vantagem dos modelos elétricos é que eles não possuem combustão e geram menos fumaça. Para funcionar, elas só exigem uma trivial tomada de 220V. Mas é bom lembrar que consomem bastante energia, chegando a 90.000kw/mês.
Nos últimos tempos, as churrasqueiras ecológicas têm conquistado um número cada vez maior de adeptos. “Em apartamentos que não possuem o duto, indicamos esse modelo, pois a fumaça gerada é somente aquela queima do carvão e o cliente ainda degusta a carne como se fosse grelhada no carvão”, informa Lucas Blaia. Assim como no braseiro, o carvão fica nas laterais da churrasqueira. Para não respingar a gordura da carne no carvão e gerar uma grande quantidade de fumaça, entre o carvão é colocada uma bandeja com água debaixo da grelha.
Infraestrutura
É claro que você também precisará pensar no ambiente como um todo para que seu churrasco dominical tenha 100% de aproveitamento. Estamos falando de toda a infraestrutura que serve a churrasqueira – por exemplo, uma bancada onde você possa apoiar os utensílios utilizados na preparação das carnes, bem como um ponto de água com uma pequena pia para fazer a lavagem dos itens.
No que se refere aos revestimentos mais indicados para esse ambiente da propriedade, há algumas normas técnicas que devem ser observadas. Na área do braseiro, é imprescindível a colocação de tijolos refratários por conta do alto calor. Nas varandas integradas com a sala de estar, pode-se considerar a instalação de vidros resistentes a altas temperaturas.
Não deixe, também, de providenciar armários com gaveteiros. Assim os apetrechos de churrasco poderão ficar guardados nessa área do apartamento e estar bem ao alcance de suas mãos no momento de preparar as carnes. E se quiser adicionar uma dose de sofisticação ao projeto, a dica é investir em uma pequena adega ou frigobar.
Últimas considerações
Restam algumas considerações finais importantes, sendo uma delas o cuidado com o duto e a chaminé da churrasqueira. O duto pode variar conforme o tamanho da coifa e é executado com material resistente ao calor, como aço inox ou alvenaria. A chaminé, por sua vez, necessita de, no mínimo, 2m para proporcionar uma exaustão natural. No caso de uma exaustão forçada por um aparelho elétrico, a altura sugerida é a partir de 30cm.
Outra recomendação dos arquitetos é pensar na funcionalidade da área da churrasqueira. “Não se atentar à estrutura disponível no apartamento é um desacerto”, conclui Lucas. “Aqui no escritório trabalhamos a equação sonho dos moradores x estrutura da varanda para realizar um projeto que atenda toda expectativa que nos foi compartilhada. A varanda com churrasqueira não pode se tornar uma dor de cabeça”.