Corrida pelo 5G no País segue na contramão da conectividade

O especialista Augusto Carvalho, gerente de Portfólio de Energia da Imagem Geosistemas, acredita que é preciso realizar a instalação com planejamento

Foto Shutterstock.com (por Fit Ztudio)

Gerente de Portfólio de Energia da Imagem Geosistemas, Augusto Carvalho acredita que a corrida pela implantação do 5G no Brasil segue na contramão da conectividade. Segundo o especialista, é necessário realizar a instalação de forma planejada e empregar soluções geográficas para levar a conectividade a quem ainda não possui, o que corresponde a quase 40 milhões de brasileiros.

Em nosso País, as empresas de telecomunicações iniciaram o processo de implantação do 5G com cronograma acelerado para estados como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Natal e Belo Horizonte. A Algar Telecom já é a primeira operadora a lançar 5G em frequência vendida pelo leilão da Anatel, nas cidades de Uberlândia e Uberaba, de Minas Gerais, e Franca, de São Paulo.  

A partir daí, outras cidades pequenas também estão na corrida para conseguir a nova rede antes do prazo definido. A rapidez para implantar a tecnologia acontece devido ao seu potencial para melhorar a infraestrutura tecnológica, popularizando o acesso ao mundo digital, às redes e aos serviços públicos. Entretanto, especialistas acreditam que a instalação precisa ser feita de forma planejada, principalmente devido ao cenário atual de conectividade do país.

Uso da rede celular

As redes celulares são o meio de acesso mais usado atualmente, e este padrão apenas irá se reforçar com a implantação do 5G, que trará diferentes vantagens para os consumidores brasileiros. “O 5G permite velocidades de acesso iguais ou mesmo superiores ao Wi-Fi para acessar a internet”, diz Augusto carvalho. “Com estas velocidades, é perfeitamente possível usar a rede celular como substituto da fibra ou do ADSL para acesso residencial à Internet, através de roteadores e pontos de acesso fixos para 5G”.

Porém, embora 81% da população tenha acesso à internet, sendo que mais da metade desse número seja exclusivamente por rede celular, em termos territoriais o panorama é completamente diferente – por exemplo, com o 4G, a tecnologia atual mais recente e que já permite um acesso satisfatório à Internet, apenas 9,71% do território tem cobertura 4G, segundo a ANATEL. Logo, levar a conectividade aos brasileiros que não possuem – quase 40 milhões – será um desafio para a instalação do 5G no país.

Alcance reduzido

“O 5G, na verdade, possui um alcance bastante reduzido, e precisa de um planejamento de cobertura de rádio detalhado”, prossegue Augusto. “Nessa área, as tecnologias e sistemas de processamento geoespacial, como o Sistema ArcGIS da Imagem Geosistemas, permitem não só identificar e mapear as zonas de sombra e sem cobertura, como simular e planejar qual a melhor localização para novas torres e células. Assim, além de expandirem a cobertura da conectividade, também garantem custos menores de implantação para os governos das cidades.”

Para o especialista, os sistemas de inteligência geográfica podem auxiliar inclusive em opções sustentáveis, permitindo simular e viabilizar a alimentação das instalações de telecomunicações por meio da energia solar. Isso porque, para possibilitar a conectividade, é preciso alimentar as antenas com energia, o que se torna difícil na zona rural, por exemplo, ou locais que não são próximos de agregados populacionais. A energia solar pode entrar como uma solução por permitir a alimentação destes equipamentos com a energia do sol, sem necessidade de estender e manter uma rede elétrica.