Conforto térmico depende de uma série de fatores que devem ser observados ainda nas etapas de planejamento e edificação do imóvel
Em 1973, o arquiteto Victor Olgyay afirmou que o conforto térmico é “o ponto no qual a pessoa necessita consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente”.
Sem a sensação do conforto térmico, até o nosso desempenho pode ser afetado. Em ambientes mais quentes, é normal sentir moleza, cansaço e sonolência. O mesmo ocorre com o frio: quanto maior o desconforto térmico, menor será a produtividade da pessoa. Outros efeitos negativos dão a ansiedade, a irritação, alteração de humor e distúrbio do sono.
Planejamento
Para que as casas possam oferecer o tão almejado conforto térmico, é necessário que seus idealizadores atentem a uma série de fatores, ainda na etapa de edificação do imóvel. Entre esses fatores, podemos destacar: direção do sol, tubulações, estrutura de ventilação e simulação térmica na fase do projeto arquitetônico, entre outros quesitos.
Segundo as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a temperatura aceitável nas estações mais frias como outono e inverno, deve ficar entre 20ºC e 23ºC. No Brasil, a consideração com o conforto térmico nos empreendimentos existe desde 2005, quando entrou em vigor a norma NBR 15.220, chamada Desempenho Térmico das Edificações. O regulamento orientou o setor a desenvolver pesquisas sobre materiais adequados para cada tipo de clima predominante e formas de adaptar os projetos priorizando fatores como calor, ventilação cruzada e resistência térmica.

Conforto termoacústico
Arquiteta do Grupo A.Yoshii, Andressa Bassinelli destaca alguns aspectos essenciais de infraestrutura que precisam ser levados em conta tanto na fase de projeto como de construção de um empreendimento. A alvenaria é um desses fatores. A espessura correta das paredes externas de uma construção auxilia não somente o desempenho térmico das edificações, como um melhor isolamento acústico.
“Geralmente, uma parede de alvenaria tem 15cm de espessura acabada”, afirma a arquiteta. “Nossos empreendimentos têm paredes externas em torno de 22cm para contribuir com o conforto termoacústico.” Já no que se refere aos materiais, a especialista aponta a madeira como uma das melhores opões em termos de equilíbrio de temperatura. Com baixa condutividade térmica, ela é um dos melhores isolantes.
Já materiais como telhas cerâmicas e drywall absorvem menos a temperatura externa, contribuindo para uma temperatura ideal no interior do imóvel. O piso de madeira ou laminado tende a não absorver muito calor e, nas estações mais amenas, esfria menos, o que os torna muito indicados para revestir os ambientes dos apartamentos.
Água quente
Ligar o chuveiro ou a torneira e já sair água quentinha: essa é a infraestrutura para recirculador de água quente. O sistema permite que a água circule na tubulação antes do acionamento dos misturadores. Assim, ao ligar o chuveiro ou a torneira, a água sai imediatamente na temperatura desejada. “Além de ser muito mais confortável, não desperdiçamos água esperando esquentar”, destaca Andressa. “Todos os empreendimentos da A.Yoshii têm infraestrutura para instalação de aquecedor a gás e recirculador de água quente.”
No que se refere à simulação térmica em fase de projeto, essa metodologia permite criar, em um esforço conjunto com projetistas e fornecedores especializados, soluções que proporcionam maior domínio sobre as atividades que serão executadas na fase das obras. É possível prever e antecipar soluções na execução como, por exemplo, melhor aproveitamento da insolação, tamanho das esquadrias, espessuras dos vidros, dentre outros.

Piso térmico
Os pisos térmicos podem ser encontrados em muitos empreendimentos de alto padrão atuais. O morador selecione uma temperatura desejada (entre 5ºC e 35ºC) e ainda pode automatizar o sistema, acionando o aquecimento a distância para que o ambiente já esteja termicamente confortável no momento em que ele chegar em casa.
Outros elementos em alta são as fachadas ventiladas e o design biofílico. Certas folhagens têm potencial de purificar o ar em ambientes fechados e proporcionam frescor de um ambiente natural para as casas. Além disso, a presença de verde no interior e exterior dos empreendimentos desempenha a importante função de gerar sombra e proteger as fachadas do contato direto com o sol.
“A disposição estratégica dos ambientes é fundamental para garantir conforto térmico”, acrescenta a arquiteta. “Em cidades mais frias, como Curitiba, recomenda-se posicionar os cômodos mais importantes da casa como o quarto nas faces norte, nordeste e noroeste. Essa posição garante a incidência solar no inverno.”