A hora e a vez do ar condicionado

Em constante evolução, equipamentos estão cada vez mais presentes nos lares brasileiros

Por Redação Fotos Shutterstock.com e Divulgação

Um dia, os aparelhos de ar-condicionado já foram considerados um “luxo” no Brasil. Em um passado não muito distante, poucos lares contavam com esses equipamentos, que são particularmente úteis em países com climas equatoriais e tropicais, como o nosso. Mas essa realidade mudou radicalmente nos últimos anos. Segundo um levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a posse de ar-condicionado mais que duplicou entre os anos de 2005 e 2017.

É claro que, com o aumento da demanda por esses aparelhos, também houve um incremento no uso da energia. Outro estudo da mesma entidade sobre demanda energética revela dados interessantes. Nos próximos 12 anos, o consumo em GWh (Gigawatt-hora) deverá chegar a 37.622 – um crescimento expressivo, considerando que, em 2019, era de 23.654GWh.

INVERTER

Felizmente, hoje, contamos com tecnologias como a inverter, cujas origens remontam ao ano de 1981. Basicamente, sua principal função é evitar que os compressores dos aparelhos liguem e desliguem o tempo todo, como ocorre em modelos que não dispõem dessa tecnologia.

A potência e a rotação dos motores são controladas de acordo com a necessidade do ambiente, podendo operar com menos força, mas sem desligar. Assim, o ar-condicionado consegue entregar mais eficiência sem afetar as contas. Estima-se que aparelhos fabricados com a tecnologia Inverter possam gerar mais de 40% de economia, se comparados aos convencionais.

Os novos modelos incorporam outros recursos que os tornam mais econômicos e, por isso, duplamente bem vindos nas casas dos brasileiros. Um deles é a função timer, por meio da qual você programa o ar-condicionado para ligar ou desligar em um horário específico. Esta é uma forma de diminuir o uso de energia, pois o aparelho fica ligado apenas durante o período especificado. Se o dispositivo carregar a tecnologia Smart, será possível fazer a programação de horário a distância.

SONO TRANQUILO

Os equipamentos também evoluíram significativamente em termos de usabilidade e do conforto que proporcionam. A função Sleep, por exemplo, garante que o calor não afete a qualidade do seu sono, ao mesmo tempo que contribui para diminuir os valores registrados na conta de luz. Esse recurso visa diminuir o esforço do ar-condicionado durante o período da noite. Em geral, a temperatura aumenta gradativamente a cada hora, com o propósito de reduzir o desperdício de energia.

Já a função a wind free objetiva neutralizar quase por completo os sons e ruídos que o ar-condicionado produz, garantindo que o ambiente fique o mais silencioso possível. Essa tecnologia foi criada pela Samsung, em 2017, sob a premissa de criar o “clima perfeito”, eliminando a sensação de vento gelado.

É até possível controlar o ar condicionado por meio de comandos de voz, o que torna o uso do aparelho ainda mais simples e amigável.  Essa novidade chegou ao mercado em 2019, por meio da LG, que introduziu a linha Dual Inverter Voice.

A IMPORTÂNCIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A consciência de que é preciso empreender esforços para preservar o meio ambiente se tornou um princípio basilar das empresas, inclusive daquelas que lidam com equipamentos eletroeletrônicos. A eficiência energética dos ares-condicionados diz respeito à quantidade de energia que eles demandam para operar corretamente. Quanto menos recursos utilizados, mais eficiente eles serão.

Um aparelho é considerado eficiente quando refrigera o ambiente em um curto período e sem utilizar muita energia. Pensando nisso, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) atualizou o Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS). A meta é trazer mais rigor e precisão à métrica de eficiência energética. A nova regra classifica com o selo “A” apenas aparelhos com a tecnologia inverter. Desde o dia 1 de janeiro de 2023, as empresas têm a obrigação de produzirem ou importarem modelos com o selo.

EFEITO ESTUFA

Este parece ser apenas o início de uma era marcada por grandes inovações no que diz respeito a essa categoria de produtos. Como destaca Arnaldo Basile, presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), a eficácia e a economia continuarão a nortear a evolução desses equipamentos.

“Várias tecnologias de refrigeração vêm sendo introduzidas, com destaque para sistemas inverter, uso de gases refrigerantes que permitem operação mais eficiente, automação para ajustar a temperatura com mais precisão, materiais de melhor concepção de fabricação e operação, dentre outras, que resultam na operação final de equipamentos com maiores índices de eficiência energética e menores índices de consumo de energia”, enfatiza Basile.

Os gases refrigerantes a que Arnaldo se refere contribuem marcantemente para o efeito estufa. Em especial, os hidrofluorcarbonetos (HFCs), que promovem o aquecimento global. Buscando solucionar o problema, o Global Cooling Prize criou uma competição sustentável, com prêmio de US$ 1 milhão. A ideia era desenvolver uma tecnologia com capacidade de emitir cinco vezes menos gases estufa por toda a vida útil do aparelho. Após quase três anos, a entidade coroou dois vencedores, de 139 inscritos.

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