5G definirá “se o Brasil será colônia digital ou não”

Fotos Shutterstock.com (por Alexander Supertramp e Marko Aliaksandr)

Para Guto Ferreira, diretor de inteligência da Solomon’s Brain, o 5G é a decisão mais importante a ser tomada pelo governo brasileiro nesta década

Segundo o diretor de inteligência da Solomon’s Brain, Guto Ferreira, a decisão sobre o 5G será a mais importante que o governo brasileiro terá que tomar nesta década – afinal, ela poderá nos dar uma vantagem competitiva em inovação ou nos tornar uma colônia digital. A internet 5G já está presente em alguns países da Europa e em cidades dos EUA. No Brasil, segundo a previsão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a tecnologia deve ir a leilão no segundo semestre de 2020.  

Para o leilão, ainda há dúvidas acerca da participação da operadora Oi, que abriu pedido de recuperação judicial em 2016 com uma dívida de pelo menos R$ 65 bilhões. As operadoras Vivo, Claro e TIM já demonstraram interesse em comprar a operação de telefonia móvel da rival, que conta com 34,7 milhões de celulares em uso.

Com relação a tecnologia 5G a China está na frente do EUA

Lei Geral de Proteção de Dados

Guto observa que o atraso na implementação da Lei Geral de Proteção de Dados pode afastar novos investimentos em tecnologia no país. Sobre os rumores da chinesa Huawei estar envolvida com a inteligência de seu país, Ferreira pontua que, apesar da China estar mais avançada quando se fala sobre tecnologia, o receio é válido.

“Do ponto de vista tecnológico para o 5G, a China está na frente dos EUA. A questão é se são confiáveis do ponto de vista de segurança da informação”, afirma. Para o diretor de inteligência da Solomon’s Brain, o Brasil pode acabar se comprometendo com um grande investidor, porém, não pode se atrasar na tecnologia. “Economicamente deixaremos um dos dois maiores parceiros econômicos do Brasil chateados, mas é uma definição que não pode, de forma alguma, atrasar”, complementa.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, a China é o principal comprador de produtos brasileiros, chegando a importar mais de US$ 65 bilhões, contra US$ 29,6 bilhões dos EUA. Para Ferreira, ambos podem pressionar o Brasil com ameaças de diminuir o comércio com o país, de acordo com os números, a China pode ter vantagem competitiva no leilão das frequências 5G.  “Os dois países pressionarão o Brasil, ameaçando diminuir o comércio conosco, porém vale ressaltar que a China compra do Brasil quase o dobro em valor de produtos do que os EUA”. Sobre a polêmica da participação da Operadora Oi no leilão, Ferreira pontua que a empresa carioca deve ser incorporada pelas rivais ainda este ano, o que deve reduzir a competição entre as operadoras nacionais pela nova tecnologia.