É POSSÍVEL UMA CRIANÇA OPERAR UM HOME THEATER?

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É impossível blindar ou transformar um ambiente em uma área 100% segura para as crianças – exceto, é claro, que sejam adotadas soluções muito específicas

Fabio Tucci

Normalmente, as salas de home theater são projetadas para serem operadas por adolescentes ou adultos – que, na maioria das vezes, proíbem seus filhos ou irmãos menores de utilizarem o sistema temendo danos nos aparelhos eletrônicos.

Nesses tempos acelerados, a “geração do botão” quer ver tudo acontecer instantaneamente – e é sabido que o mau uso dos equipamentos põe em risco o investimento realizado. A solução mais comum, em uma situação como esta, é criar um segundo ambiente, mais despojado na decoração, especialmente para os incansáveis “cinéfilos mirins”. Recentemente, meu escritório de projetos foi contratado por um jovem casal cinéfilo, com dois filhos pequenos (de sete e de nove anos), que solicitou algo inusitado: projetar uma sala dedicada de home theater na qual seus filhos pudessem não só entrar –  mas, o que é melhor, usufruir de todo o sistema, sem riscos para os eletroeletrônicos.

A antiga brinquedoteca de 25m2 foi o ambiente destinado ao projeto, no qual a principal preocupação foi embutir a tela e o projetor. Para isso foi encomendada uma sanca de gesso (ao redor de toda a sala) para acomodá-los. A tela de 92’’ está “escondida” e desce somente ao ser acionada. E para o projetor, foi destinado um nicho ventilado na sanca, no qual apenas a lente fica exposta. A manutenção é feita através de um alçapão logo abaixo do gesso. Assim evita-se que os “pimpolhos” identifiquem o sofisticado projetor Full HD, que opera em altas temperaturas. E os pequenos ficam afastados da tela de projeção, nesse caso, sempre sujeita “riscos e rabiscos”.

Foi erguida uma parede falsa com dry-wall para acomodar as caixas acústicas frontais in-wall e o modelo escolhido de subwoofer ostenta uma tela de proteção rígida que impede a entrada de corpos estranhos, que podem danificar os alto-falantes – canetas ou lápis de cor, por exemplo.

O resto dos equipamentos foi posicionado em outro ambiente: um antigo bar convertido em sala técnica. No rack vertical com rodízios para manutenção ficam o receiver A/V com áudio HD, o PS3 com Blu-ray player, o Media Center de 500 GB e o decoder HD de TV por satélite, com programação protegida por senha (para que os pequenos assistam somente aos canais infantis). Os pais criaram o hábito de pré-selecionar a programação através de um monitor posicionado na sala técnica, poupando a lâmpada do projetor, que tem um alto custo.

Todo o comando é feito através de um controle remoto universal touchscreen operado por rádio-frequência, com macros pré-programadas identificadas por ícones para eventos infantis, como: “assistir a desenhos na TV a cabo / Blu-ray / Media Center” e “jogar videogame”, evitando o acesso à programação dos outros canais, bem como botões exclusivos de acesso direto – ALL ON / ALL OFF.

O controle comanda, inclusive, o sistema de automação de iluminação, responsável por criar as cenas de luz e aumentar o conforto no ambiente, programado para deixar sempre um foco de luz aceso na sala (para que as crianças não fiquem na escuridão). Todas as tomadas do ambiente foram eliminadas, permanecendo a alimentação elétrica exclusivamente no forro, longe do alcance dos “dedinhos” melados.

É impossível blindar ou transformar um ambiente em uma área 100% segura para as crianças – mas, neste projeto, a meta foi alcançada, deixando os pais tranquilos e os “pestinhas” muito felizes com seu novo “parque de diversões”.