Com muitas extras, pack reúne versões dos três últimos filmes da série Jornada nas Estrelas em Blu-ray
Texto: Eduardo Torelli
Foto: Divulgação
Na história da TV, poucas séries foram tão marcantes quanto Jornada nas Estrelas (Star Trek), originalmente lançada na metade dos anos 1960 (quando a corrida espacial estava no auge) e que, apesar de um cancelamento precoce, ao término da terceira temporada, deu origem a toda uma franquia de filmes e outras séries no decorrer das próximas décadas. As aventuras do Capitão Kirk e da intrépida tripulação da Enterprise, empenhada em descobrir novas formas de vida e outras civilizações, ainda ganharam o respeito de escritores famosos do gênero Sci-Fi, como Isaac Asimov, que elogiou o modo lúcido com o qual o programa abordava a Ciência. E ele tinha razão, já que os roteiristas de Jornada nas Estrelas foram capazes de prever os disquetes de computador e os telefones celulares, décadas antes desses dispositivos serem inventados.
Imagine, então, a responsabilidade de reinventar um título como este para as novas gerações, seguindo a controversa onda de reboots que, nos últimos anos, deram nova roupagem a sagas cinematográficas e televisivas igualmente famosas, como Star Wars, Planeta dos Macacos e congêneres. Era um risco e tanto, mas o inventivo diretor e produtor J. J. Abrams (que também é responsável pelos novos filmes de Star Wars) deu conta do recado. Os personagens clássicos da famosa série reviveram em grande estilo no telão em três longas-metragens muito legais, reunidos em um pack de Blu-ray com o selo Paramont/Universal.
CADETES DO ESPAÇO
Nesta versão contemporânea das viagens da espaçonave Enterprise, os mocinhos ainda são cadetes recém-formados da Frota Espacial. Eles, portanto, são um pouco mais imaturos do que seus congêneres na clássica série de TV. James T. Kirk (Chris Pine), por exemplo, é um rapaz rebelde que, ao assumir o comando da missão, finalmente encontra a sua grande vocação na vida. Já o vulcano Spock (Zachary Quinto) ainda não venceu a “luta” contra o lado emocional de sua psique (os vulcanos são criaturas cerebrais e que negligenciam os sentimentos, mas Spock é o produto de uma união romântica entre uma mulher humana e um nativo de Vulcano).
Obviamente os efeitos especiais são incríveis, como seria de se esperar em uma superprodução deste porte, mas o mais importante é que os roteiristas preservaram o espírito da série original, que era mais focada em conteúdo do que em explosões e correrias. Os três filmes da série, portanto, reúnem o melhor de dois mundos: adrenalina e pirotecnia visual para os espectadores que gostam de ação; e personagens bem delineados e tramas interessantes para quem dá mais importância à trama e aos diálogos. De quebra, os três longas são repletos de referências e homenagens à série dos anos 1960, o que agradará a qualquer fã hardcore de Jornada nas Estrelas.
LINHA DO TEMPO ALTERNATIVA
A aventura começa com Jornada nas Estrelas, no qual Kirk, Spock e o médico de bordo Leonard McCoy (Karl Urban) – o carismático trio que protagonizava a série de TV –, embarcam em sua tão famosa missão espacial de cinco anos em busca de novas civilizações. Além de encararem um grande vilão – o romulano Narada (Eric Bana) –, os heróis terão que aprender a superar suas diferenças e a conviver, já que têm personalidades muito diferentes. Chama atenção o tom nostálgico dos sets e do figurino, que, apesar de modernos, têm óbvia inspiração nos cenários e no guarda-roupa da série original. O filme ainda propõe um curioso “paradoxo temporal” que cria uma linha do tempo alternativa no universo ficcional da franquia (o que desagradou a alguns fãs veteranos, mas que, por outro lado, torna possível aos realizadores da nova série inventar novas narrativas e destinos para os protagonistas, sem se prenderem aos eventos da série clássica).
As coisas ficam um pouco mais sombrias no segundo filme da cinessérie, Além da Escuridão. Desta vez, os heróis são enviados a um planeta que está à beira da destruição. Na tentativa de evitar a catástrofe, a Enterprise é avistada pelos habitantes do planeta (os quais se encontram em um grau de evolução rudimentar), algo inaceitável segundo o código de ética da Frota Estelar, baseado em uma política de “não-interferência” no desenvolvimento de culturas alienígenas menos evoluídas. O Capitão Kirk perde temporariamente o comando da missão, mas volta a liderá-la quando um renegado da Frota dá início a uma série de ataques terroristas na Terra. A missão do herói é capturar o vilão, que se acha escondido dentro dos domínios do temido Império Klingon (um notório rival da Federação dos Planetas Unidos).
Já em Sem Fronteiras, o terceiro filme da série, Kirk, Spock e amigos atendem a um pedido de socorro e caem em uma cilada preparada pelo vilão Krall (outro rebelde que se opõe à Frota). Boa parte da tripulação é feita refém, mas alguns conseguem escapar e bolam um plano para frustrar os intentos de Krall. Novamente o drama e a ação são muito bem combinados e há diversos momentos que exploram a interessante dinâmica entre os personagens – notadamente a clássica divergência de pontos de vista entre Spock e McCoy, que representam, respectivamente, a razão e a emoção.
Confira o trailer: